Guaxupé, quinta-feira, 25 de abril de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Fome espiritual

sexta-feira, 15 de outubro de 2021
Fome espiritual Imagem: Divulgação

A alma humana é imaterial.
Nossa alma é de natureza espiritual.
Sendo espiritual, ela é eterna, imortal.
Ela só se sente saciada, preenchida, serena, grata, feliz, pacificada, quando nutrida de Deus. Deus é Espírito. Deus é Eterno. Deus é imortal.
O ser humano tem fome e sede de Deus. Quer a presença amorosa de Deus. Deseja o transcendente que o acolhe, orienta e protege. Isso é um dado antropológico e psicológico, além de religioso.
Quem não suporta falar de Deus, quem pretende negar a Deus, que tem ódio ou aversão até da proposta de religiosidade sadia ou espiritualidade vital, é porque passou por uma experiência profundamente decepcionante, traumática, ou foi vítima de maus tratos e abusos de algum malfeitor. Essas experiências ruins geralmente acontecem no contexto das famílias fanáticas, com a mente obtusa, na ausência de diálogo e compreensão, e também em meio às instituições religiosas, que já foram duramente criticadas até por Jesus de Nazaré.
Aprenda a discernir: espiritualidade é uma necessidade humana, é algo intrínseco, inseparável a cada um de nós. Já as instituições religiosas, que lidam com essa espiritualidade, tanto podem ajudar o ser humano, quanto podem atrapalhar, imbecilizar e escravizar o ser humano. A espiritualidade é algo inseparável do ser humano. A espiritualidade não é exclusividade nem propriedade privada de nenhuma instituição.
Voltemos à reflexão primordial...
Temos a alma, e temos também a nossa dimensão física, nosso corpo.
Nosso corpo é material, de natureza finita.
Por isso estamos de passagem por aqui, pela terra, nessa dimensão de vida transitória. O corpo terreno não é eterno.
Para que o nosso corpo fique com boa saúde, ele precisa receber bons alimentos, ser hidratado, higienizado, precisa se movimentar, precisa descansar.
Já a nossa alma se fortalece na oração, na meditação, na expressão de sentimentos, na convivência com nossos semelhantes e no contato com a natureza.
Eu disse alguma novidade até aqui? Não, nenhuma.
Por que então muitos de nós estamos distraídos dos cuidados com o corpo e a alma?
Repetindo e enfatizando, pense bem: essencialmente somos seres eternos, seres espirituais, passando por uma experiência material, finita, aqui neste planeta. Estamos nos distraindo da nossa essência espiritual e até dos cuidados básicos com o nosso corpo, porque estamos muito mais preocupados com uma aparência mentirosa do que com a essência verdadeira. Parece que todo mundo quer apenas aparecer, ostentar ilusão e, desse modo, está esquecendo de simplesmente ser e viver com serenidade, suavidade e simplicidade.
Cuidar do corpo não significa ficar “bombado”, se entupir de drogas e sair por aí sem camisa exibindo músculos artificiais, que todo mundo sabe que só ficaram daquele jeito porque o sujeito usou anabolizantes. Por trás desse exibicionismo tosco está uma grande fragilidade de alma, um espírito desnutrido.
Cuidar da alma não significa subir no altar e fazer teatrinho patético, saltitando no calcanhar, piscando os olhos, fazendo caretas, rodopiando, correndo de um lado para o outro, esgoelando de tanto gritar. Essa teatralização toda é totalmente desnecessária para uma espiritualidade santa, sadia e amadurecida.
Cuidamos do corpo e da alma através de atitudes simples, humildes e discretas. Discretas!
O que isso tem a ver com Psicologia?
Tudo! Você acha que a Psicologia lida com o quê? Com o corpo ou com a alma?
Ora, a Psicologia lida com os dois. Com o corpo e com a alma.
Corpo-alma estão unidos.
Apesar de a Psicologia se especializar nos cuidados com a alma, não dá pra cuidar somente dela e ignorar a existência do corpo.
Nosso corpo é sagrado.
Nossa alma é sagrada.
O nosso inconsciente, nossos impulsos, instintos, nossos automatismos se manifestam no corpo – o inconsciente se faz visível nas expressões e atitudes corporais. Boa parte do nosso comportamento também é resultado do nosso pensamento, da nossa tomada de consciência. O que ocorre na mente se reflete no corpo e vice-versa.
O que estamos fazendo com esses nossos territórios sagrados?
Até quando serão tão mal compreendidos e maltratados?

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