No apagar das luzes

Recentemente, participei de um edital para a atribuição de aulas de História em Minas Gerais.

Como de costume, logo pela manhã, fiz minhas preces, finalizei a documentação e saí com alegria no coração e gratidão ao Criador do Universo pela possibilidade de voltar à escola onde estudei boa parte da minha vida.

Ao chegar, reencontrei colegas professores, conheci novas pessoas e aguardei o início da atribuição.

No horário marcado, os trabalhos começaram.

Estávamos apenas eu e outra professora.

Ao conferirem os dados, notaram que o nome dela não constava na listagem oficial.

Imediatamente, fui informado de que as aulas seriam destinadas a mim.

Iniciou-se então a conferência da minha documentação.

Enquanto isso, percebi que um professor que não estava presente havia ligado para um colega na sala dos professores — era o final do intervalo.

O professor que atendeu perguntou à diretora se ainda haveria tempo de ele participar.

A resposta foi clara: enquanto a ata não fosse assinada, a participação seria permitida.

Poucos minutos depois, quando finalizaram a conferência dos meus documentos, ele chegou — no apagar das luzes.

Aquilo que parecia certo tornou-se incerto.

Seus documentos foram aceitos, e, por estar mais bem classificado do que eu, as aulas foram atribuídas a ele.

Foi um momento desafiador.

O que parecia garantido escapou das minhas mãos.

Dentro de mim, surgiu um conflito entre o ego e a alma.

O ego gritou que eu havia sido injustiçado.

Mas a alma, com a sabedoria que venho cultivando, me lembrou do valor da fé, da gratidão e do aprendizado.

Pela fé, entendi que tudo estava certo.

Nada acontece por acaso.

Tudo vem de Deus.

Mesmo quando não compreendemos os motivos, há sempre um propósito maior.

Por isso, agradeci.

Sim, agradeci por não ter ficado com aquelas aulas.

Confiei que, de algum modo, aquilo era o melhor para mim.

E dessa experiência, ficaram duas lições valiosas: Nunca cante vitória antes da hora.

Nunca perca a esperança.

Porque, no apagar das luzes, tudo pode acontecer.

(Reginaldo de Souza Professor de Filosofia)