Sudoeste de Minas conquista Chancela de Cafés de Origem e se prepara para atender às exigências da União Europeia

19 Jun, 2025 - 16:20
Sudoeste de Minas conquista Chancela de Cafés de Origem e se prepara para atender às exigências da União Europeia

Recentemente, foi apresentado um plano de ação para a região Sudoeste de Minas, elaborado por consultores especializados, com o objetivo de atender às novas exigências do mercado de café, que enfrenta desafios significativos devido às normas da União Europeia.

O Brasil, embora não seja o único produtor de cafés arábica e canéfora, foi classificado como "risco padrão" pela Comissão Europeia, ao lado de países como Argentina, Colômbia e Peru.

Essa classificação coloca o Brasil em desvantagem competitiva em relação a concorrentes com categorias de menor risco, como Vietnã e Costa Rica.

A governança da marca "Território Sudoeste de Minas" apresentou um planejamento estratégico reconhecido pelo Sebrae como um modelo de sucesso.

Fernando Barbosa, líder na região, destacou que esse modelo se baseia nas experiências adquiridas ao longo de sua trajetória no setor, incluindo cursos de capacitação e gestão no cooperativismo.

Essa abordagem visa fortalecer a cafeicultura local, valorizando tanto os produtores quanto as propriedades e a produção da região.

O Sudoeste de Minas é composto por 21 municípios — Arceburgo, Alpinópolis, Alterosa, Bom Jesus da Penha, Botelhos, Cabo Verde, Carmo do Rio Claro, Conceição de Aparecida, Fortaleza de Minas, Guaranésia, Guaxupé, Itamogi, Jacuí, Juruaia, Monte Belo, Monte Santo de Minas, Muzambinho, Nova Resende, Passos, São Pedro da União e São Sebastião do Paraíso — e responde por 10% da produção cafeeira de todo o estado de Minas Gerais.

Segundo dados da Emater-MG, a região é responsável por colher, em média, 2,6 milhões de sacas de 60 kg anualmente, distribuídas em quase 12 mil propriedades.

Em 2022, a associação solicitou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o reconhecimento da Marca Coletiva Sudoeste de Minas e deu entrada no pedido de Indicação Geográfica, na modalidade Indicação de Procedência (IP).

Os cafés da região são cultivados em áreas montanhosas, entre 700 a 1.250 metros de altitude, e desde então, a Associação dos Cafeicultores Sudoeste de Minas tem se destacado pela governança e conquistas em tão pouco tempo.

O café de origem se apresenta como uma nova categoria de cafés, que inclui os cafés especiais e agrega, além da qualidade, história, saber-fazer e atributos do ambiente.

Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, enfatiza a importância desse conceito para o desenvolvimento da cafeicultura.

A região está unida em um projeto junto ao Instituto BRASIS Cafés de Origem, uma iniciativa que visa promover e valorizar os cafés especiais brasileiros com Indicação Geográfica (IG).

O movimento busca revelar a riqueza e diversidade dos cafés produzidos em diferentes regiões do Brasil, conectando produtores, consumidores e o mercado.

O Instituto BRASIS foi lançado recentemente e conta com o apoio do Sebrae.

Ele funciona como uma plataforma digital que reúne informações sobre as características únicas de cada café com IG, como procedência, aroma, cultura, terroir e qualidade.

Além disso, a plataforma permite a rastreabilidade dos produtos e destaca as preocupações sociais e ambientais dos produtores, conforme comenta Jean Faleiros, presidente do instituto.

Apesar dos desafios atuais, a governança da região está comprometida em seguir rigorosos critérios estabelecidos no caderno de especificação técnica, garantindo processos de rastreabilidade controlada.

Para selar seus cafés, as propriedades devem possuir certificações válidas ou seguir selos de verificação, alinhados com a plataforma global do café.

A região já conta com cinco armazéns credenciados e homologados pelo controle de rastreabilidade, em colaboração com a plataforma digital Agtrace, um projeto da ABDI, ICNA e Sebrae, que proporciona total transparência desde a propriedade até o consumidor.

Adicionalmente, a região foi uma das pioneiras a assinar o termo de filiação para o processo de rastreabilidade, demonstrando seu engajamento e esforços para obter o reconhecimento geográfico de indicação de procedência pelo INPI.

Esse reconhecimento assegura aos consumidores e exportadores segurança e transparência.

Diversas cooperativas e armazéns estão ativos na região, e Suzana Santos Passos, presidente da associação e guardiã da marca coletiva, assumiu a liderança interina, ressaltando a rica história e tradição da região.

Atualmente, o Brasil possui 16 regiões reconhecidas que formam o Instituto Brasil Cafés de Origem, responsável pela qualidade dos cafés arábica e canéfora.

Recentemente, duas novas regiões, Torrinha e Vulcânica, foram incorporadas à plataforma, fortalecendo ainda mais a capacidade de exportação dos cafés brasileiros.

O Sudoeste de Minas deu um passo significativo ao implementar o protocolo de certificação em suas propriedades e avançar com o selo de rastreabilidade "Certifica Minas Café", em parceria com o governo do estado e o Sebrae.

Essa iniciativa faz parte do plano de ação ALI_IG Sudoeste de Minas, que visa reforçar a qualidade e o reconhecimento dos cafés da região.

Rogério Erns, consultor, elogiou o trabalho da governança, que, em menos de um ano e meio após o reconhecimento geográfico, alcançou avanços significativos.

A consultora de ESG, Claudia Leite, da Hillo Consultoria, também contribui com orientações à governança da região, que iniciou sua busca pelo reconhecimento em 17 de julho de 2021, culminando com a certificação pelo INPI em 2023.

Isso demonstra a credibilidade da governança para atender às demandas locais.

Os novos membros da governança de agentes difusores incluem: Sergio Castejon (planejamento estratégico), Mauro Benedetti (negócios e mercado de café), Fernanda Baesso (administrativo), Cristina Santos (controle e conselho regulador), Eduardo (capacitação educacional e inovação), Junior Rezende (comunicação), Agda (promoção dos cafés), Francisco Landi (conselho eleitoral de novos associados), Danilo Elias (agente difusor de novos associados) e Geraldo Rodrigues (certificação e rastreabilidade).

A assembleia para aprovação ocorrerá no dia 17 de junho de 2025.

O organograma da governança inclui assembleia geral, conselho regulador, conselho fiscal e conselho técnico consultivo, seguido por secretarias administrativa, de agentes difusores, e de comunicação e marketing.

O plano estrutural da região conta com o apoio do Sebrae, Senar e Emater, que atendem 320 produtores por meio de boas práticas agrícolas e 520 produtores na região.

A atuação do sebrae também inclui trabalhos estruturantes como InovaSudoeste, Conecta Sudoeste, Adere no Montanhas do Sudoeste e a Agência de Desenvolvimento Econômico.

(Com Conecta Sudoeste)