Momento histórico da cafeicultura no Brasil
domingo, 13 de setembro de 2020
Fernando Barbosa é cafeicultor em São Pedro da União (Foto: Arquivo pessoal)
Estamos em um momento da cultura do café, onde o tema principal está no “stress hídrico” das lavouras. Muito se tem falado nas redes sociais, com análises técnicas competentes e opiniões relevantes que tratam do tema com bastante seriedade.
Em toda a minha história como cafeicultor, não me lembro de um ano em que tivéssemos tão pouca chuva no período da safra, em um cenário de manejo adequado das lavouras para um café de qualidade.
Contudo, o mesmo fator que se apresentava como facilitador para a safra de 2020, apresenta-se agora como um problema para a safra de 2021/22, mesmo para as lavouras descansadas, isso porque a incidência dos chumbinhos e queimaduras nos botões estão se apresentando cada vez mais frequentes.
É normal em nossa região que haja um período chuvoso no mês de junho e julho, e depois em agosto, sendo neste último mês menor que no primeiro período. Só que neste ano tivemos um padrão de chuvas diferente, ou seja, uma ausência de chuva, o que se apresentou como um agente facilitador para que houvesse o amadurecimento das varas nos cafés, mas que não está vingando a florada.
Em um momento histórico que vivemos, onde primeiro foi o desafio da colheita da safra de 2020 em meio à pandemia imposta pelo Covid-19, e agora vem o cenário de seca, comprometendo a safra de 2021. A lição que nos fica é como nos organizar, por meio de estratégias que nos sejam reais, no sentido de adequar à nossa realidade, para que possamos seguir com o negócio da cafeicultura firme, como vários produtos das commodities estão atravessando o mesmo período de seca na região.
Parece estranho falar em crise e dificuldades em um momento de preços bons que nos encontramos. Mas a sabedoria dos antigos está em se preparar para os dias magros ainda nos dias de fartura, pois é onde se tem o que guardar e pensar com mais calma.
E é dentro deste cenário que peço união aos amigos cafeicultores, para termos uma voz única e para que possamos buscar por soluções e projetos para as pequenas propriedades, como a integração da lavoura de café com pecuária, nutrição com compostagem, ou mesmo outras tecnologias que possam nos ajudar a superar este período de seca.
Podemos e devemos comemorar as vitórias de 2020, mas precisamos estar atentos aos novos desafios que já se apresentam para o próximo ano. (Fernando Barbosa)
