Guaxupé, segunda-feira, 29 de abril de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

Por que isolamento, máscaras e higiene das mãos resultam em mais sobreviventes da virose do novo Coronavírus?

sábado, 12 de setembro de 2020
Por que isolamento, máscaras e higiene das mãos resultam em mais sobreviventes da virose do novo Coronavírus?

Nestes nove meses de contradições acerca da enfermidade provocada pelo Novo Corona Vírus, ou SARS-CoV-2, ou Covid-19, mais do que qualquer remédio, muito se tem insistido no isolamento social e nas quarentenas, no uso de máscaras e protetores faciais, bem como na higienização das mãos com sabão ou com álcool gel. Entretanto, tais medidas não são exclusividade dessa doença, sendo preconizadas com convicção pela medicina há mais de cem anos para os mais diversos tipos de doenças contagiosas, principalmente aquelas causadas por vírus. O grande diferencial entre esta epidemia, que ora se alastra mundo afora, com outra de comportamento semelhante, a mortífera Gripe Espanhola de 1918, fundamentalmente ocorre pelos meios de comunicação da atualidade, que alertam e propagam, em poucos instantes, todos os tipos de informação para a maioria da humanidade. Ambas se tornaram pandemias, uma denominação ampla para as epidemias que se espalham pelos diversos continentes do planeta Terra. Todavia, o nosso mundo já experimentou outros tipos de pandemias por causas bacterianas e não por vírus, como a tuberculose, transmitida pelo ar, e outras veiculadas pelas águas ou alimentos contaminados, como a febre tifoide e a cólera. A AIDS, que ocorre desde o começo dos anos 1980, por transmissão sexual, também é considerada como uma pandemia.
Se isolamento social, máscaras faciais e higienização das mãos sempre foram adotados pela medicina tanto na Gripe Espanhola como em outras viroses gripais, por que falar agora em sobreviventes aos adotantes dessas orientações?
Embora haja relatos do isolamento de vírus espiculados, por isso mesmo chamados de Corona, desde a década de 1930, sendo sete os seus tipos, o Novo Corona Vírus é a sétima e nova variedade. Por isso mesmo, denominado de SARS-CoV-2, ou Covid-19 (doença do Corona Vírus do ano de 2019) diferenciando-o de um mais próximo dele, o SARS-CoV, surgido na China em 2002, causador da Síndrome Aguda Respiratória e declarado extinto desde 2004. Pois bem, o Covid-19 apareceu de repente, intrigando e desafiando médicos, cientistas e políticos. Tem caráter altamente contagioso, sendo da família de causadores da Gripe, embora de mortalidade considerada baixa, entre 4 e 5 %. Houve um primeiro momento em que autoridades sanitárias e políticas o subestimaram, como na Itália, nos Estados Unidos da América e pelo nosso Presidente Bolsonaro, que o chamou de “gripezinha”. Entretanto, essa tal gripe se revelou velozmente transmissível e altamente mortal para aqueles classificados nos grupos de risco, dos quais os leitores estão sobejamente informados. Porém, do meu ponto de vista, considero injusto responsabilizar este ou aquele governante pelas mortes mesmo que tenham sido negligentes, melhor dizendo, incrédulos.
O aspecto catastrófico e mortal do Covid-19, desde seu surgimento, nos últimos dias do ano passado, na província chinesa de Wuham, levou este nosso mundo tecnológico e frenético a parar, como nunca se esperava para esta era planetária. Parou contra a vontade dos descrentes, dos negacionistas e dos apologistas do dinheiro e da economia. Parou Milão. Parou a fervente Nova York. Parou o resto deste nosso mundo, que uns otários ainda insistem na imbecilidade de imaginá-lo como Terra Plana, desconhecendo e negando todas as evidências da ciência e da avançada astronáutica – e de centenas de cosmonautas russos, norte-americanos, europeus, chineses e até do brasileiro e Ministro, Marcos Pontes.
Então, aqui vai minha resposta para a indagação deste artigo, de que nós que estamos vivos, sobretudos os dos grupos de risco, pela obediência à Ciência. A resposta não é minha, como autor desta publicação, nem como médico que sou. Ela vem da minha leitura de artigos de revistas e noticiários especializados, de combatentes da doença na sua linha de frente, dos cientistas.
Quem adoecer de Covid-19, agora, vai ter mais chances de sobreviver, de se curar, do que aqueles que contraíram a moléstia até pelo mês de abril deste ano. Porque a medicina e a ciência foram pouco a pouco desvendando suas causas e seu enfrentamento.
Muito se falou e muito se atribuiu aos ventiladores artificiais a salvação dos pacientes mais graves, pensando serem eles portadores de pneumonias virais ou bacterianas, como acontece nas complicações gripais. Mas não era bem por aí. Descobriu-se que tanto o vírus como o nosso próprio organismo, em reação desproporcional à virulência do Corona, provocam coagulação do sangue dentro dos vasos sanguíneos, impedindo o fluxo do sangue ou causando tromboses e embolias, até hemorragias. Revelada a tendência da coagulação, tem sido usada a heparina para evitá-la ou tratá-la.
 No caso do vírus há três remédios antivirais que passaram a mostrar eficácia contra o Covid-19: o FAVIPIRAVIR, desenvolvido pela Toyama Chemical, do Grupo Fujifilm, aplicado e divulgado pelo Centro de Biotecnologia da China; o REMDESIVIR, descoberto pela Gilead Sciences, sediada no Estado da Califórnia-U.S.A., inicialmente usado no tratamento da epidemia do Ebola vírus, na África; e o INTERFERON ALFA 2B, fabricado em Cuba em parceria com a China.
No caso da excessiva resposta imunológica do organismo humano contra o Covid, se esclareceu a ocorrência da Tempestade de Citocinas ou Tempestade Inflamatória, causando danos semelhantes. A citocina é um tipo de proteína, que funciona como uma espécie de mensageira do alerta de agressão dado pelos glóbulos brancos do sangue, especialmente pelos monócitos, estes precursores dos macrófagos (alveolares nos pulmões; histiócitos no tecido conjuntivo; micróglias no sistema nervoso; células de Kupffer, no fígado; etc). Duas drogas passaram a ser incluídas neste sentido no protocolo de tratamento: os corticoides, de amplo uso na medicina, descobertos há 80 anos e a Colchicina, também antigo, usado nos ataques de Gota, que é uma doença crônica e avançada provocada por excesso de Ácido Úrico. No Brasil, as pesquisas envolvendo a Colchicina são realizadas na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Os interessados podem usar o link:
www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.08.06.20169573v2.full.pdf.
Se, no início desta Pandemia, até se orientava as pessoas gripadas e suspeitas de Covid a permanecerem em casa, caso se considerassem com sintomas pulmonares leves, o protocolo também mudou. Só podem ficar em casa, se puderem ser monitoradas na sua saturação de oxigênio sanguíneo, através de aparelhos como os oxímetros, de dedo ou de pulso, porque se descobriu nos doentes de COVID, que sua saturação de oxigênio pode cair até para 70% que eles permanecem relativamente bem, sem falta de ar. O aceitável é que caísse até uns 90%, embora com menos de 93%, enfisematosos, asmáticos e cardíacos já se sintam cansados. A isso se chamou de FELIZ HIPÓXIA (ou Happyhipoxia). Por esta razão muitos morriam em casa, de repente, lhes faltando ventilação pulmonar mecânica.
Finalmente, tem sido desenvolvida uma técnica de se dar assistência ventilatória aos pacientes de UTIs, até mesmo de enfermarias, de bruços, posição conhecida em medicina como decúbito ventral ou prona. Isto se deve à atenuação do peso dos pulmões, encharcados de líquidos.
Como se percebe, a lida permanente com pacientes de Covid-19 foi dando à medicina oportunidades de se conhecer os fenômenos e malefícios desse vírus, técnicas de tratamento, remédios antigos como corticóides e colchicina, novos, como os antivirais, que passaram a ser produzidos da década de 1980 para cá, justamente para se fazer frente à AIDS. Infelizmente, milhares de pessoas que morreram pelo mundo, até os primeiros meses deste anos, talvez pudessem ter sido salvas nos dias de hoje diante da capacidade de aprendizagem da Ciência e das observações médicas. Aqueles que colocam o dinheiro e a prosperidade em primeiro lugar, escravos do capitalismo, despossuídos da solidariedade de governos socialistas, jamais aceitarão ou entenderão que “OS FICA EM CASA”, como somos tratados os adeptos do isolamento social, com a obediência científica do USO DE MÁSCARAS e protetores faciais, além de medidas simples de HIGIENE das mãos, alimentos e determinadas superfícies (não pneus de veículos, nem de vias públicas etc.), COLABORAMOS E EVITAMOS para que milhares de outras pessoas não fossem contaminadas, lá no começo. Com isso impedimos que se multiplicassem por duas ou três vezes os mortos no mundo. Até a chegada deste jornal a você, já terão morrido 130 mil brasileiros e Hum milhão terão perdido suas vidas cheias de sonhos em toda a Terra.

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