Guaxupé, sábado, 27 de abril de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Condutopata

sexta-feira, 14 de abril de 2023
Condutopata Imagem: Divulgação

ALERTA – Serviço de utilidade pública.
 
Cidadãos, autoridades civis, religiosas, militares e jurídicas, entendam que não há possibilidade de recuperação para o condutopata. E se já entenderam, por que condutopatas continuam sendo soltos do cárcere?
 
No Brasil acontece algo frequente, irresponsável e cômico ao mesmo tempo, ao lermos notícias do tipo “procura-se criminosos com extensa ficha criminal”. Puxa vida, se a ficha criminal é extensa, significa que os crimes foram recorrentes. Se os crimes foram recorrentes, significa que os criminosos foram soltos da prisão. Se foram soltos e repetiram seus crimes, por que então não ficaram presos?
 
“Extensa ficha criminal” ...  Isso é piada? É pra rir ou se decepcionar com o país? Basta ter um pinguinho de cérebro para compreender que o crime não pode ser extenso!
 
Não há nada capaz de reverter a mente e o comportamento antissocial covarde, canalha e criminoso de um condutopata.
 
Não há psicoterapia, nem medicações, nem proposta de inclusão ou socialização, nem exorcismos, nem eletroconvulsoterapia, nada, nenhum tratamento é capaz de impedir que um condutopata cometa seus crimes.
 
Em nosso país, temos dois profissionais que já prestaram seus esclarecimentos nesse sentido na mídia: Dr. Jacob Pinheiro Goldberg, que é advogado criminalista, assistente social e psicólogo, e o Dr. Guido Palomba, psiquiatra forense.
 
Um condutopata não possui personalidade compassiva nem empática para conviver em sociedade. Jamais se arrependerá de seus crimes.
 
Se for preso e, posteriormente solto – infelizmente, voltará a cometer sua covardia, seus crimes, cedo ou tarde, de um modo ou de outro.
 
Mesmo sabendo que a vigilância nem sempre impede todos os atos criminosos, ela precisa estar aguçada, precisa ser mantida, reforçada, na medida em que investiga, inibe, desencoraja e desarma possíveis monstruosidades.
 
É dever de todos os cidadãos de bem cuidar da vida, proteger a vida, salvar vidas, especialmente a vida das crianças, que são todas inocentes e indefesas.
 
E é exatamente na infância que toda a ação da ternura precisa ser cultivada pelos bons adultos. Ternura cura todas as angústias da alma.
 
Uma criança desejada, bem amada, mesmo com algumas tendências antissociais de origem genética ou psíquica, poderá ficar contida na sua maldade se receber amor suficiente e eficaz.
 
E a criança desejada, bem amada, sem nenhuma tendência antissocial, será uma eficaz promotora da paz.
 
A melhor terapia que existe é a Afetoterapia. Mas, enfatizo, ela funciona especialmente e quase que exclusivamente na infância. Na idade adulta vai ficando cada vez mais difícil obter bons resultados.
 
Afetoterapia é dar atenção... Dar atenção a um ser humano é tão eficaz, santo e salutar quanto a água e o sol para a planta.
 
Significa dar carinho, acalentar, abraçar, brincar junto, sorrir, dançar, ouvir o que a criança tem a dizer sem interromper, orientar, acalmar, dar importância e significado à existência dessa criança.
 
Objeto tem preço. Ser humano tem dignidade. Uma criança não pode ser menos interessante que uma tela de celular ou computador. A história de vida de uma criança não pode ser menos valorizada do que as histórias de ficção. Ajudar a criança a fazer o dever não pode ser menos importante do que postar qualquer porcaria inútil nas redes sociais. Ver o desenho que a criança fez com carinho não pode ter menos valor do que lavar a louça.
 
A família não pode correr o risco de negligenciar amor.
 
Ao se sentir amada, amparada, bem educada, a criança e o jovem não encontrarão motivos para agir com violência.
 
Porque quando se trata de um jovem ou adulto já corrompidos pelo mal, pela desgraça, pela perversidade e toda espécie de escândalo, o único modo de conter é encarcerar.
 
A educação infantil, seja ela familiar, escolar ou religiosa, precisa ser uma educação voltada para a civilidade. O “sim” precisa ser “sim”, e o “não” precisa ser “não”.
 
Os primeiros e principais educadores são os pais, e não os padres e professores.
 
Pai e mãe educam. Padres e pastores evangelizam. Professores dão aula.
 
Vivemos em sociedade para fazer o que precisa ser feito, numa convivência ética, responsável, humana, com limites, com regras, normas, oportunizando sentimento de pertencimento e espaço para que as pessoas possam se expressar respeitosamente, se reconhecer importantes enquanto imagem e semelhança de Deus, afinal, todos desejamos sair do anonimato. Todos temos o desejo de plenitude. Mas a sociedade não é perfeita porque está feita por seres humanos, e nós somos falhos e incompletos, sabemos. Nesse sentido, a formação de pessoas civilizadas é um processo diário. O aperfeiçoamento pessoal e a melhoria das relações interpessoais ocorrem passo a passo, dia a dia, pouco a pouco. Não pode parar. Somente assim ocorrerá renovação da mente e evolução comportamental.
 
Quem é excluído ou quem se sente rejeitado, reprovado, não tem o direito de externar sua frustração ou ira contra inocentes e indefesos. Não. O que precisa, pode e deve fazer é buscar ajuda, e ajudas não faltam. A exceção, claro, é o condutopata. Creio que você, leitor, já está discernindo bem. O condutopata jamais procurará ajuda. Ele somente deixará de fazer suas monstruosidades se for pego e contido.
 
Por isso, repito, não se pode deixar de educar bem uma criança, com firmeza e ternura, com disciplina e exemplo.
 
A criança mal educada se tornará um pequeno ditador, um tirano mirim, onde os valores serão invertidos, e a criança ditará as ordens. Os pais perderão a autoridade, e a criança se tornará autoritária. Criança assim crescerá psicologicamente imatura, birrenta, violenta, incapaz de lidar com frustrações e, nas frustrações que o jovem e o adulto tiver ao longo da vida, deixará crescer dentro de si sentimentos de auto-vitimização, e reagirá com vingança e destruição, como se todo mundo fosse culpado.
 
Mais uma vez, a medida a ser tomada é a prevenção, antes da necessária contenção, em alguns casos.
 
É na infância que começamos a edificar pessoas melhores para formarem um mundo melhor.
 
Com mais ovelhas, os lobos serão melhor identificados.
 
Com mais luz, as trevas se dissiparão.
 
O bem tem sim mais direito que o mal.

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