Guaxupé, quinta-feira, 2 de maio de 2024
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A dura realidade que estão enfrentando as entidades filantrópicas em Guaxupé

quinta-feira, 29 de outubro de 2020
A dura realidade que estão enfrentando as entidades filantrópicas em Guaxupé

Como já foi amplamente divulgado pela imprensa local, representantes da administração municipal encaminharam à Câmara Municipal o projeto de lei referente ao orçamento da Prefeitura para o exercício de 2021

Como se sabe, serão os vereadores, os legítimos representantes do povo, quem vão decidir os valores a serem destinados a cada uma das rubricas. Diante de tamanha responsabilidade, gostaria de lembrar os nobres membros do Poder Legislativo local de que, para montar uma equipe destinada ao acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, de acordo com o que determina o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, é preciso selecionar profissionais qualificados e contratar com valores compatíveis com o mercado. Vai precisar de coordenador, assistente social, psicólogo, educador/cuidador e auxiliar de educador/cuidador para um grupo máximo de vinte crianças e adolescentes. Nas inspeções anuais, o Conselho Nacional do Ministério Público executa uma fiscalização detalhada desse serviço. Para as contratações, principalmente de cuidadores, há de se levar em conta a faixa etária de zero a dezoito anos, as condições de saúde e outras necessidades especiais de cada criança e adolescente e cuidar durante 24 horas por dia, todos os dias do mês. Não fica barato mesmo.
Outro fator importante a se considerar é que o nível de produtividade exigido em uma empresa não se aplica neste caso, onde você precisa de muitas pessoas para cuidar de um número relativamente pequeno de acolhidos. São vidas frágeis, carregadas de perdas, com um futuro a ser construído.
Ano após ano as entidades locais vêm se debatendo para fechar as contas, consequência da dotação insuficiente de recursos públicos. Mas, o que fazer quando não há escolhas? Uma entidade como a Casa da Criança, por exemplo, movida pelo amor há mais de meio século, vem resistindo a todo tipo de adversidade. Possivelmente todas elas são deficitárias e dependem da ajuda da população e, às vezes, do dinheiro do bolso do dirigente para honrar seus compromissos.
A proposta para o orçamento de 2021 do município, como se pretende distribuir, repete basicamente o mesmo tratamento de anos anteriores para a área social. Os valores se situam muito aquém do necessário. Espera-se que o Executivo e o Legislativo se sensibilizem, voltem sua atenção para essa área extremamente importante e revejam os números sob outro ponto de vista, se necessário ouvindo os interessados. 
Vicente Silvério Marques (Voluntário da Casa da Criança)

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