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A mente de um fiel radical

segunda-feira, 10 de agosto de 2020
A mente de um fiel radical

Muitos podem pensar que a palavra “radical” é uma palavra depreciativa. Não é. Radical vem de raiz... Significa profundidade e, por isso, também significa lucidez, discernimento, coerência, comprometimento, consciência, metanóia, renovação da mente, transformação espiritual, conversão. Raro nos depararmos com uma mente assim.
Nessa nossa época, em tempos contemporâneos, a Igreja Católica Apostólica Romana contempla o esplendor da mente do grande teólogo Joseph Ratzinger, Papa Emérito Bento XVI.
Quem vai ao encontro com a biografia, as homilias e os escritos de Bento XVI a partir do que diz alguns teólogos dissidentes da sã doutrina, desiste de ir, desiste de buscar, desiste de querer conhecer, pois passa a enxergar Ratzinger como um general alemão carrasco, cruel, demoníaco. Que pena que seja assim. Que pena que alguns teólogos tenham feito isso, contribuindo para uma distorção dessas.
Muitas teologias “moderninhas” se perderam tanto que muitos leigos, alguns padres e até bispos começaram a se considerar mais sábios do que a autoridade da tradição apostólica ou do Magistério da Igreja em assuntos espirituais, uma herança bimilenar iluminada/instruída/guiada pelo Espírito Santo, conforme disse que assim seria o próprio Jesus Cristo.
Então são leigos e sacerdotes que relativizam tudo, tudo pode ser, não há mais verdade absoluta, Deus deixou de ser imutável na sua Verdade. Esse tipo de pensamento só tem gerado confusão na mente do povo, afastamento, inquietação nos corações e distanciamento da fé.
São os frutos podres de uma teologia atrapalhada formada por estudiosos psiquicamente fragmentados. Claro, quando falamos em ciência, ação social, pastoral enfim, a Igreja se atualiza, se contextualiza. Mas em termos de doutrina, a Verdade é a mesma, não muda. O Espírito Santo não pode “dizer” uma coisa aqui e outra diferente ali. Deus não se contradiz. Quem faz a confusão toda é o ser humano que se enche de soberba.
Bento XVI é brilhante. Cristão introspectivo, contemplativo, fiel fervoroso a Cristo, defensor incansável da Verdade. Querido por seu antecessor, João Paulo II, elogiado por seu sucessor, Francisco, tão bem divulgado pelo grande catequista brasileiro, Dom Henrique Soares da Costa, recém falecido em função do novo coronavírus (Covid 19). Dom Henrique foi exímio anunciador do Evangelho, eficaz professor e vívido escritor.
A Igreja também viveu recentemente a passagem para o Céu de outro Bispo, Dom Pedro Casaldáliga, um cristão que se misturava ao povo, pois esteve sempre ao lado do povo, junto do povo, nutrindo em cada um simplicidade e esperança, fundamentada na fé e na coragem, característica típica de um autêntico discípulo de Jesus Cristo.
De volta ao Papa Emérito... Só quem já teve a experiência de estar mais próximo de Joseph Ratzinger conseguiu verificar sua simplicidade, sua humildade, seu olhar de pai, seu acolhimento de avô, seu sorriso esperançoso de pastor. Joseph agora está mais perto da sua passagem para a eternidade. Já passou dos 90 anos de idade e está bastante enfermo.
Feliz daqueles que deixarem um pouco de lado as teologias revoltadas e começarem a ler Bento XVI com os olhos livres. Esses poderão contemplar uma profunda erudição de teólogo, ao lado deuma ternura sincera do pastor que sabe orientar com singeleza, fé, esperança e plena clareza.
Quem puder e não tiver medoda verdade, é salutar ler os escritos de Bento XVI, ele que foi o ducentésimo sexagésimo quinto sucessor do Apóstolo Pedro, ele que soube levar com coragem e humildade suficiente o ministério petrino. Ele que foi fiel a Tradição Apostólica, as Sagradas Escrituras e ao Magistério da Igreja. Um homem que não abriu mão da doutrina, pois a moral da Igreja se fundamenta na ética de Deus, e os mandamentos de Deus, sobretudo o mandamento novo pronunciado por Jesus Cristo, é imutável, não pode ceder aos ventos de doutrina, não se inclina às modas passageiras e permissivas de um mundo corrompido. Vale à pena conhecer mais o grande Papa teólogo.
 
Sugestões de leitura: Caritas in Veritate, Jesus de Nazaré (3 Volumes: A Infância; Do batismo no Jordão a transfiguração; Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição); O Sal da Terra; Deus e o Mundo entre outros.
Ânimo! Boa leitura. (Nicola Archangello)
 
 

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