Guaxupé, sábado, 27 de abril de 2024
Cultura

Atriz de Guaxupé estreia temporada no Sesc Consolação

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Em mais uma parceria com o diretor Gabriel Villela, o grupo campineiro traz na dramaturgia de Alfred Jarry, uma sátira ao Brasil atual; o elenco conta com a atriz guaxupeana Ciça de Carvalho.

Ubu Rei, de Alfred Jarry, nova produção de Os Geraldos, de Campinas (SP), entra em cartaz no Teatro Anchieta - um dos espaços culturais mais tradicionais da capital paulista -, no Sesc Consolação, no dia 27 de janeiro. A nova parceria do grupo com o diretor Gabriel Villela segue em temporada até 12 de março,  sexta e sábado, às 20h00, e domingo, às 18h00. Com tradução de Bárbara e Gregório Duvivier e adaptação do grupo e do diretor, a peça - um clássico do teatro ocidental, marco de ruptura e transgressão no século XIX - revela-se mais contemporânea do que nunca, ao fazer uma sátira do Brasil atual. No elenco está a atriz Ciça de Carvalho, nascida em Guaxupé.

O espetáculo marca o segundo encontro da atriz com o grupo Os Geraldos, assim como com o diretor Gabriel Villela. A primeira parceria resultou no espetáculo Cordel do Amor sem Fim - ou A Flor do Chico, de Claudia Barral, que tem circulado por importantes circuitos teatrais brasileiros. 

O teatro popular é o território que liga o grupo ao diretor, que, com uma estética vinculada às raízes culturais do Brasil profundo, trabalha na criação de pontes de sentido entre os clássicos e o contexto do espectador. Ubu Rei faz uma sátira do poder obtido por usurpação e exercido com tirania, ao apresentar Pai e Mãe Ubu, um casal entregue à barbárie que invade a Polônia e, assassinando o rei, assume o seu trono. 

Considerado por dadaístas e surrealistas como precursor desses movimentos, assim como do teatro do absurdo e da performance, Jarry oferece o material dramático de que Villela e o grupo Os Geraldos precisam para responder, com beleza e humor ácido e inteligente, a este momento histórico de caretice, autoritarismo e vulgaridade, que exige ruptura, por meio do pensamento e da arte, como o fez historicamente essa peça. 

Responsável pela produção do projeto, o grupo campineiro Os Geraldos, que completa 15 anos em 2023, contou com nomes relevantes do cenário nacional das artes cênicas, como o diretor Gabriel Villela, o assistente de direção Ivan Andrade, os preparadores vocais Babaya Morais e Everton Gennari, dentre mais de 30 pessoas, que estão diretamente envolvidas na produção do espetáculo, com 14 atores no elenco.

Sobre o espetáculo, Villela ressalta a vinculação direta com a situação sócio-político-cultural brasileira. “Nós criamos um delírio tropical, em que fazemos uma sátira afiada do nosso país, respondendo, com violência poética, à selvageria e à estupidez destes tempos”, declara o diretor.

Atualidade no palco
Mesmo se tratando de um texto escrito no final do século XIX, o texto de Ubu Rei fala muito sobre os dias atuais. Para transpor a nova versão para a obra de Alfred Jarry (considerado o pai do teatro do absurdo), Os Geraldos e Gabriel Villela optaram por fazer uso da estética e da música para deixar ainda mais evidente o surrealismo da linguagem. A ideia é provocar no espectador uma sensação de vertigem, sair do prumo, balançar o extremismo posto em cena, fazer o espectador embarcar num delírio tropical, universal sobre os extremismos postos.

Entre as coisas que unem o grupo paulista e o diretor mineiro é o modo de usar a música para contar a história. São 18 canções (entre íntegras, versos, pedaços, melodias etc), interpretadas ao vivo pelos atores - com acompanhamento do maestro Everton Gennari, responsável pela direção musical (com Babaya Morais), ao piano. E uma inusitada homenagem à Miriam Batucada, com os artistas tocando caixa de fósforo.

São músicas do cancioneiro popular brasileiro e latino-americano - como Geraldo Vandré, Raul Seixas, Inezita Barroso, entre outros compositores. As canções são elementos da dramaturgia, servindo tanto como prólogo (protofonia musical) até para juntar cenas e atos, ou mesmo para levar as cenas para outro lugar.

Se na primeira parceria entre os artistas (Cordel do Amor sem Fim) o lirismo estava em cena, com a estética romântica que remete às cores de uma tempestade - azul, vinho… -, em Ubu Rei é o deboche que está em cena. Para a versão desse clássico do absurdo, o cenário e os figurinos trazem muito brilho, cores quentes, quase uma estética de cabaret, numa referência ao programa do Chacrinha.

O figurino traz diversas referências, com elementos do Japão, da África, porém misturado com estilos que remetem ao brega, trajes de festa envelhecidos, datados, desatualizados, com cortes desiguais, que mostram a decadência daquela sociedade posta em cena.

Sobre o grupo
Os Geraldos tem sede em Campinas (SP) desde 2008 e atua em três frentes de trabalho: Criação Artística, ao criar e manter em circulação seus espetáculos;  Projetos Formativos, ao oferecer cursos sobre a arte do ator e gestão cultural, a partir da prática do grupo e de pesquisas de mestrado e doutorado de seus integrantes; e Territórios Culturais, ao instituir espaços que possam sediar, para além das atividades do grupo, outros eventos artísticos, como ocorre em sua atual sede, o Teatro de Arte e Ofício (TAO), um dos mais importantes espaços culturais de Campinas. 

O grupo já circulou por mais de 80 municípios, de três países e de dez estados brasileiros, e foi indicado ao Prêmio Governador do Estado de Territórios Culturais (2017), além de receber mais de 40 prêmios, em festivais nacionais e internacionais.

Ciça de Carvalho
Ciça de Carvalho é atriz, filmmaker e produtora cultural nascida em Guaxupé. É bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), compôs o elenco da peça Cordel do Amor sem fim, de Claudia Barral, uma produção do Grupo Os Geraldos, sob a direção de Gabriel Villela.
E, atualmente, está no espetáculo "Ubu Rei", com direção do premiado diretor mineiro Gabriel Villela e texto de Alfred Jarry

Serviço 
Ubu Rei
Temporada: de 27 de janeiro a 12 de março de 2023 - sexta e sábado, às 20h00, e domingo, às 18h00.
Local: Teatro Anchieta – Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo)
Ingressos: Ingressos: R$40,00 (inteira), R$20,00 (Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$12,00 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes) - Os ingressos estarão disponíveis para venda em
sescsp.org.br a partir de 17/01 ou nas bilheterias do Sesc São Paulo, a partir de 18/01.
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 16 anos 
Lotação: 280 lugares
  
Sesc Consolação 
Rua Doutor Vila Nova, 245, São Paulo – SP 
Metrô Higienópolis-Mackenzie  
Informações: (11) 3234 3000 

sescsp.org.br/consolacao 
Facebook, Twitter e Instagram: /sescconsolacao 
 
Horário de Funcionamento      
Terça a sexta, das 10h às 21h30      
Sábados, domingos e feriados, das 10h00 às 18h00.    
 

 
 

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