Guaxupé, sexta-feira, 3 de maio de 2024
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Reforma do Terreiro de Umbanda em Guaxupé visa ampliar apoio espiritual, emocional e material

segunda-feira, 11 de julho de 2022
Reforma do Terreiro de Umbanda em Guaxupé visa ampliar apoio espiritual, emocional e material Mãe de santo Camila durante gira de atendimento (Foto: Divulgação)

Fundado há 53 anos, em maio de 1969, o Terreiro de Umbanda Estrela Guia Mãe Yemanjá e Vovó Maria Conga foi o primeiro espaço umbandista de Guaxupé a ter estatuto e registro em cartório. Os fundadores são de três famílias. Com o sobrenome Ferreira, Marcos Antônio, Horacildo, Conceição Tavares e José da Silva foram pioneiros, juntamente com José Roberto dos Santos e Leonor da Silva.
A atual mãe de santo e coordenadora do terreiro, Camila Ferreira, fala dos desafios enfrentados em mais de cinquenta anos de atuação. O terreiro e seus umbandistas nunca foram alvo de denúncias, perseguições, agressões ou danos patrimoniais. Sempre houve respeito com a vizinhança em relação a horários e as giras de atendimento. “A discriminação ocorria e ocorre até hoje, devido ao desconhecimento do que é a umbanda, do que é uma gira. É uma desconfiança velada”, informa Camila.
Em 2019, quando Belo Horizonte oficializou como patrimônio imaterial da cidade o Encontro com Iemanjá e a Festa dos Pretos Velhos, essa conquista favoreceu todo o estado mineiro em que a umbanda é cultuada. “Todo movimento que quebra paradigmas e coloca a sociedade sobre quem somos e o que fazemos contribui muito. De forma pessoal, foi um dos incentivos para que eu e meu pai (Marcos Antônio Ferreira) voltássemos às atividades espirituais, já que o atual Estrela Guia é um terreiro chefiado por Iemanjá e Preto Velho. O patrimônio imaterial na capital mineira teve uma grande representatividade para nós.”
No âmbito municipal, a comenda Dr. Juquita, concedida ao Estrela Guia em 30 de junho deste ano, teve repercussão local e regional. “Eu desconheço uma cidade na região que tenha feito um movimento assim”, avalia Camila. “É um incentivo para outros terreiros e outras cidades, para dar visibilidade maior aos cultos umbandistas que seguem princípios.”
Uma conquista leva à outra. Agora, integrantes do Estrela Guia vão pleitear direitos na Câmara dos Vereadores e na prefeitura para, juntos, fazer com que a cultura umbandista e afro tenha visibilidade ainda maior, com direitos e deveres. “Nós temos muito a oferecer à sociedade, não só no nível espiritual, mas também social.”
Para a comemoração de Cosme e Damião, em setembro, a manifestação poderá ocorrer em local público, para abranger o maior número possível de pessoas. Este projeto foi idealizado por Marcos Antônio Ferreira, que faleceu no dia da entrega da Comenda Dr. Juquita.
Para o mês da consciência negra, em novembro, a intenção é valorizar a cultura afro, apresentar suas linguagens, sua dança e identidade cultural. A próxima procissão de Ogum, em abril, deverá ser maior do que foi em edições anteriores.

 
Crescer para servir mais
Atualmente, o corpo mediúnico do Estrela Guia é formado por 14 membros de 11 famílias. A mãe de santo Camila Ferreira atua em parceria com dois ogãs, os médiuns de atendimento e os médiuns que auxiliam entidades e pessoas que vão passar por consulta. As chefes espirituais do terreiro são as pretas velhas Maria Conga e Maria Baiana.
Com essa formação, o Estrela Guia realiza trabalhos sociais, como a campanha do agasalho, coleta e distribuição de roupas e calçados, em qualquer época do ano. Para pessoas e famílias que pedem auxilio no terreiro são oferecidas cestas básicas e outros auxílios, de acordo com a necessidade dos assistidos.
O Natal é uma celebração cristã. No sincretismo religioso, Jesus é representado por Oxalá, o orixá da paz. Além de uma salva espiritual em 25 de dezembro, o Estrela Guia apadrinha crianças por meio de cartas com pedidos. Também oferece itens para a ceia natalina, roupas e presentes para quem precisa.
Independente de vínculo com a umbanda, toda pessoa que precisar de auxílio espiritual, emocional e material pode procurar o Estrela Guia. Para participar de uma gira não precisa ser umbandista. Em paralelo, são realizadas leituras de tarô com horário marcado.
A atual reforma e ampliação do terreiro possibilitará expandir trabalhos espirituais e sociais à comunidade. Camila Ferreira adianta que tem vários a serem desenvolvidos. “Vem muita coisa boa por aí.”
Em Guaxupé, o Terreiro de Umbanda Estrela Guia Mãe Yemaná e Vovó Maria Conga fica na Rua Raposo Tavares, 408, no Recreio dos Bandeirantes. É
aberto à comunidade nas sextas-feiras, às 19h, quando ocorre um grupo de estudo, com temas relacionados à umbanda, teosofia e filosofia. Aos sábados, a partir das 19h30, acontece a gira de atendimento. Para mais informações, ligue para (35) 99150-6916.
(Silvio Reis)

 

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