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Em Guaxupé, Juca Mulato e Santa Ceia devem ser restaurados antes do tombamento histórico

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021
Em Guaxupé, Juca Mulato e Santa Ceia devem ser restaurados antes do tombamento histórico Painel Juca Mulato na casa da fazenda Bom Jardim (Foto: Marcos David)

O artista plástico Menotti Del Picchia será destaque nas comemorações culturais do centenário da Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 2022

Com a aproximação do centenário da Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 2022, o escritor, artista plástico, escultor e dramaturgo Menotti Del Picchia será destaque nas comemorações culturais do país. Guaxupé possui um acervo exclusivo para fazer um tributo especial ao autor de Juca Mulato e mais de 40 livros publicados.
Paulo Menotti visitou o município mineiro por cerca de 20 anos e pintou dois painéis na casa da fazenda Bom Jardim. Uma das filhas do escritor, Sulamita Célia Del Pichia, casou-se com o engenheiro guaxupeano Luiz Antônio Leite Ribeiro. Foi uma história de amor quase literária. Sula estava num cinema de São Paulo quando viu um mural de fotos dos formandos do Mackenzie. Mesmo sem conhecer Luiz, sabia que se casariam. Tempos depois, os dois se conheceram casualmente numa praia de São Vicente, SP. Namoraram, casaram-se, tiveram três filhos.
Guaxupé tornou-se o lugar de descanso da família e de Menotti. O que o artista produziu na casa da fazenda não foi catalogado, com exceção do painel Juca Mulato, que ocupa em uma das paredes da sala. A obra, concluída em 1966, apresenta hoje rachaduras que podem comprometer o valor do patrimônio cultural. A parede do painel A Santa Ceia, com quatro apóstolos, apresenta fissuras.
Em uma recente reportagem com a neta do escritor e moradora na fazenda, Thaís Ribeiro Marinho autorizou a divulgação das rachaduras nos painéis ao Museu Histórico e Geográfico de Guaxupé. O historiador Marcos David visitou a propriedade rural e elaborou uma proposta de restauração e tombamento histórico, que será apresentada em janeiro ao Conselho Municipal de Patrimônio Histórico.
“Foi um deslumbramento descobrir que existe uma pintura mural de um poema tão famoso do Menotti. Quanto às impressões técnicas, acredito que o imóvel constitui um bem cultural importante para a história da cidade, pois a existência dessas duas pinturas e a escassez de outros exemplares tornam esse bem ainda mais valioso para o município”, declarou o historiador.
Questionado sobre a necessidade de contratar especialistas de fora, Marcos David avaliou que “todo processo de restauração deverá passar, primeiramente, por uma análise minuciosa de especialistas em pintura mural/parietal. Não tenho conhecimento que Guaxupé possui esse tipo de profissional. É possível a restauração e necessária, mas só os especialistas quem darão as diretrizes para esse trabalho.”
Thaís tem consciência da importância dessas pinturas, em função da relevância histórica e artística. “Ela solicitou que fosse analisada a possibilidade de realizar a ficha de inventário e, futuramente, o tombamento, para proteção legal.” “É um processo minucioso e técnico. “Se for aprovado, as visitações públicas na fazenda serão realizadas conforme a disponibilidade da proprietária e com agendamento prévio”, acrescenta Marcos.

Acervos documentais
Em 1992, Os Correios lançaram três selos comemorativos de centenário do nascimento: Paulo Menotti Del Picchia, Graciliano Ramos e Assis Chateaubriand. Guaxupé foi escolhida para o lançamento oficial do selo Menotti, em 30 de novembro. Nessa época, o vice-prefeito Luiz Antônio Leite Ribeiro Filho, neto de Menotti, já tinha vencido a eleição para prefeito na gestão 1993-1996.
A 12 km de Guaxupé, num município com cerca de 20 mil habitantes, Guaranésia iniciou homenagens a Menotti Del Picchia a partir de 1926. Seis anos depois do lançamento do livro de poesia Máscaras, o texto poético foi adaptado para teatro no 1º Festival de Arte da Cidade de Guaranésia.
A segunda montagem da mesma peça, em 1996, recebeu autorização escrita à mão de Sulamita Del Picchia Ribeiro. Dirigida por Alberto Emiliano, o Teatro Experimental de Guaranésia, TEG, manteve a peça em cartaz por dois anos, em cidades mineiras e paulistas. Ganhou prêmios em festivais.
Em 2001, foi criado em Guaranésia o Grupo de Teatro e Dança Máscaras, em homenagem ao livro de Menotti. A primeira peça encenada foi de outro livro do autor, O Amor de Dulcinéia. Em 2015, o Grupo realizou a terceira montagem de Máscaras. Conquistou prêmios no festival de Conselheiro Lafaiete.
No sudoeste mineiro, a Casa de Cultura de Pouso Alegre leva o nome de Menotti Del Picchia, que estudou no Ginásio Diocesano da cidade a partir de 1906. Em Minas, ele lançou e dirigiu a primeira publicação, entre jornais e revistas, dos seus 96 anos de vida. Menotti morreu em 1988. (Silvio Reis)

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