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Agropecuária

Cooxupé encerra 2023 com metas alcançadas e enaltece compromisso do produtor

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
Cooxupé encerra 2023 com metas alcançadas e enaltece compromisso do produtor Foto: Divulgação

Carlos Augusto Rodrigues de Melo e Osvaldo Bachião Filho apresentam panorama sobre este ano e o que os cooperados podem esperar para 2024

Os desafios sempre existiram e fazem parte do dia a dia de qualquer pessoa. E, certamente, isto não é diferente na rotina da Cooxupé e das famílias cooperadas. Nesse sentido, 2023 foi um ano marcado por volatilidade nas cotações do café, atenção assídua do produtor em relação à participação no mercado. Além dos efeitos de intempéries climáticas, dentre outros fatores. Por outro lado, o período também teve muitos assuntos positivos que, no final, fazem total diferença nos resultados da cooperativa. Sobretudo, com destaque especial para o comprometimento do cooperado em honrar os seus compromissos com a Cooxupé. Dessa forma, a diretoria executiva celebra mais um ano com importantes metas alcançadas.

Como, por exemplo, a de recebimento, enaltecendo o papel e a consciência das famílias cooperadas como proprietárias da cooperativa. Assim como a responsabilidade e eficiência de todos os colaboradores e conselheiros que, diariamente, trabalham para a evolução e, sobretudo, inovação da cooperativa. 

De antemão, o Hub do Café traz uma entrevista especial com o presidente e vice-presidente da Cooxupé sobre o balanço deste ano, desafios e perspectivas. Acompanhe a seguir.

1. Quais foram os principais desafios ocorridos em 
2023?

Carlos Augusto Rodrigues de Melo: Falando sobre a cooperativa, o primeiro semestre foi marcado por momentos mais complicados no sentido de o produtor não querer participar do mercado. Resultando, assim, em um período com resultados aquém do que desejávamos.
Porém, de agosto para cá, o cenário foi mais positivo. Com novos negócios e mais participação do produtor, nos permitindo chegar ao final do ano satisfeitos. A princípio, teremos um resultado um pouco acima em relação ao de 2022. Com importantes metas cumpridas e superadas como a de recebimento.
Sobre os embarques não devemos alcançar o que estimamos. Mas, mesmo assim, os resultados são satisfatórios. Já em relação ao cooperado, mesmo diante das intempéries climáticas e dificuldades, foi um ano positivo.
Nesse sentido, havia um compromisso muito forte do produtor com a cooperativa e ele se comprometeu e honrou. Foi 
fantástico! Por outro lado, há ainda a questão da produtividade que caiu, mas se encontra em fase de recuperação.
Esperávamos uma boa recuperação em 2024, mas estamos percebendo que haverá sim. Entretanto, não no nível que imaginamos. Em questão da logística, que no ano anterior foi algo bem complicado, este ano foi melhor. Mesmo havendo alguns transtornos por ordem de contêineres. 

Osvaldo Bachião Filho: O problema da produção começou com a seca em 2020. Depois, tivemos geada e granizo também no último ciclo. Então, tivemos vários cooperados que enfrentaram geada com as lavouras recuperando e aí vieram os episódios de granizo que atingiram percentual de suas produções. No entanto, o produtor é resiliente e conseguiu cumprir com os compromissos dele.
Acima de tudo, a cooperativa é um pouco do que é o cooperado. Sendo assim, se a produção não está acontecendo, aqui na Cooxupé os números ficam aquém da nossa capacidade operacional. Mas, mesmo assim, recebemos mais cafés do que esperávamos, destacando o volume entregue pelos nossos cooperados, que também foi maior.
Principalmente, vale lembrar que, no começo de 2022, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços dos produtos agrícolas dispararam e quase todas as distribuidoras de insumos passaram a estocar diante de uma falta desses itens.
Já de 2022 para 2023, o preço internacional desses produtos veio caindo e, por sorte, a cooperativa tinha um estoque muito pequeno. Então, conseguimos recuperar uma margem ao longo do ano.
Dessa forma, o resultado operacional, tanto no café quanto no insumo, agora no final do ano, fica positivo, pois é ele que faz a diferença. Sobre os cooperados, mais uma vez, a esperança dele está renovada devido ao clima de 2022 para cá estar melhor. Ou seja, a preocupação é o calor excessivo ocorrido em novembro e que não sabemos quais serão os efeitos fisiológicos no pé de café, que é uma planta perene. De forma geral, avaliamos que estamos no melhor momento depois da geada de 2021.

2. E em relação às conquistas e perspectivas, como avaliam?

Carlos Augusto: O café nunca deixa de ser desafiador e há muitos desafios pela frente. Ainda assim, estamos trabalhando muito, pois há uma demanda do cooperado por inovação. E, quando falamos em inovação, englobamos todos os sentidos, principalmente na área de tecnologia em biológicos.
Antecipadamente, há também grandes desafios em atendermos a demanda mundial dos nossos clientes em relação à agenda ESG, crédito de carbono e agricultura regenerativa. Ademais, estamos ainda trabalhando na diversificação da cooperativa em relação a grãos, mas destacamos sempre que o nosso foco é o café.
Portanto, são importantes desafios que temos pela frente para atendermos a necessidade do produtor. Isso porque a nossa razão é o cooperado! 

Osvaldo: Do ponto de vista que faz bem ao produtor, as ferramentas que o mercado oferece (mercado futuro, fixação de preços) sempre permitem aos nossos cooperados terem uma média melhor de preço em relação ao produtor que não é associado.
Ou seja, este cenário foi comprometido nesses últimos ciclos com problemas climáticos, o que levou o produtor a ficar muito reticente ao trabalhar com o mercado futuro. Isso é preocupante, porque o produtor, quando não vende no momento que o mercado quer comprar, ele precisa vender no momento em que precisa de dinheiro. Aí não dá para escolher muito o preço.
Isso, sem dúvidas, prejudicou o nosso cooperado ao deixar de participar do mercado futuro e optar mais pelo físico, quando não há muita oportunidade de escolher o preço. A questão de diversificação de outras culturas, conforme pontuado pelo presidente, significa que a cooperativa está olhando cada vez mais para o nosso cooperado. E, ainda, estamos sempre atentos a possibilidades que trazem valor agregado e rentabilidade dentro de suas propriedades.

3. Quais motivos vocês atribuem este comprometimento e fidelidade do cooperado? O que influencia neste comportamento?

Osvaldo: Em primeiro lugar, esse comprometimento do produtor em honrar os compromissos está ligado à cultura dele. Afinal, ele sabe que precisa zelar por isso. É o que dará continuidade na atividade dele. Então, isso é cultural e cuidar do nome é algo que gera grande valor.

Carlos Augusto: À medida que levamos conhecimento ao cooperado, resulta em uma confiabilidade maior dele na cooperativa, fazendo com que se sinta dono da Cooxupé. Do mesmo modo, esse sentimento de pertencimento que o produtor tem na cooperativa faz com que ele aumente o comprometimento. Foi o que aconteceu e isso veio ao encontro à filosofia do cooperativismo.
Em outras palavras, o movimento cooperativista não está presente apenas no sucesso, mas nas dificuldades. E, quanto mais estivermos juntos – produtor e cooperativa –, as soluções vêm, gerando resultados positivos. Em suma, a busca pelo conhecimento deve ser constante. 

4. Quais são os resultados de recebimento de café em 2023?

Osvaldo: Antes de mais nada, nosso recebimento total é de 6,3 milhões de sacas de café arábica, das quais 5,2 foram entregues pelas nossas famílias cooperadas. Nossa meta global foi atendida e destacamos, especialmente, a participação do cooperado que entregou um volume maior, superando nossas expectativas.
Em relação aos insumos, pois, também devemos ter meta cumprida e isto significa que o pacote tecnológico do nosso cooperado está sendo mantido. Então, no que depender do produtor e se o clima ajudar, devemos retomar os níveis de produtividade que tínhamos até 2020.  

5. Quais são as avaliações em relação às exportações de commodity e à produção de cafés especiais?

Carlos Augusto: Sobre o café commodity, há uma novidade neste sentido de queestamos buscando novos mercados, entre eles o asiático. Por outro lado, também estamos acompanhando o crescimento do café conilon nas exportações brasileiras. Isso é novidade para o Brasil e é importante que os produtores de ambas as espécies estejam atentos ao fato do Brasil estar aproveitando uma oportunidade de mercado mundial.

Osvaldo: Sobre os cafés especiais, agora, o principal ponto dessa linha é que a qualidade dos cafés produzidos pelos nossos cooperados tem melhorado nos últimos anos. Muito em função do bom clima na época de colheita. E o produtor vem entendendo, cada vez mais, esse incentivo que a Cooxupé tem feito por meio da SMC Specialty Coffes. Mostrando para ele, portanto, que qualidade na xícara significa dinheiro no bolso.
Analogamente, é a qualidade do café brasileiro sendo reconhecida pelo mundo. Basta olharmos todos os programas e concursos de cafés do Brasil e veremos que a participação dos cooperados da Cooxupé cresceu muito. Especialmente nas edições nacionais.
Em síntese, acreditamos que isso se deve muito ao Especialíssimo, que trouxe oportunidade para nós da cooperativa levarmos aos produtores essa mensagem de qualidade de café.

6. E sobre os investimentos, qual o balanço?

Carlos Augusto: Antes de tudo, os efeitos do primeiro semestre 2023 e as incertezas refletiram em nossos investimentos. E, como seguimos com uma administração totalmente planejada e estratégica, investimos de acordo com os resultados que vamos conquistando.
Para 2024, primordialmente, estamos com perspectiva mais positiva em relação a este ano. Não esperamos uma safra grande, entretanto deverá ser melhor comparada com a que tivemos.
Além disso, chegamos ao final do ano com o resultado acima do esperado. O produtor está mais capitalizado e com muito café para vender. Todavia, a questão de demanda de café internacional também mostra uma tendência de ser mais positiva. Face a isso, nossos investimentos estão em fase de pré-orçamento e de estudos junto às áreas responsáveis. Sendo assim, devemos ter um nível maior que 2023.

7. O Protocolo Gerações foi lançado para toda comunidade mundial de café este ano. Qual avaliação a Cooxupé faz sobre a adesão dos cooperados e os resultados já colhidos diante da agenda ESG?

Carlos Augusto: De antemão, o Gerações é um programa robusto e a adesão por parte dos cooperados está ocorrendo de forma natural e gradual até que chegue à consolidação. Em 2023, pois, já exportamos cafés chancelados por este protocolo. Entretanto, é preciso destacar que este programa é de inclusão do produtor, e não de exclusão.
Dessa forma, avaliamos como muito positivo o número de lotes de cafés que serão contemplados pelo Gerações. Este protocolo vem para ficar, pois procuramos colocar dentro dele as demandas mundiais que entendemos como fundamentais e que certamente crescerão.
Vale lembrar, ainda, que este protocolo tem requisitos que congregam todas as realidades de nossos cooperados, de modo que todos eles participem do programa.  

Osvaldo: Sobretudo, o consumidor quer um café 
sustentável e de rastreabilidade. E, então, precisamos entregar um produto que corresponda a essas necessidades. Estamos prontos para suportar e atender este mercado. 

8. O que mais pode ser destacado em relação à safra do próximo ano e as expectativas da cooperativa?

Osvaldo: A expectativa é melhor, acima de tudo. Isto é, em 2023 tivemos a esperança que fosse melhor que 2022 e isso se concretizou. Agora, acreditamos que 2024 será uma continuação de melhoras.
Lembrando sempre, no entanto, que estamos falando de uma cultura perene, que demora pelo menos dois anos para completar um ciclo. Como o ciclo que se iniciou em 2022 se completará na safra 2024, temos convicção de que será bem melhor, contudo.

9. Qual a mensagem da diretoria da Cooxupé às famílias cooperadas? 

Carlos Augusto: Estamos encarando e recebendo 2024 com muito otimismo. Como resultado, este próximo ano representará um marco nesta cooperativa: o da inovação. Temos trabalhado demais nessa questão e de uma forma bastante consistente. É bastante trabalhoso, pois não podemos errar.
Nesse sentido, todas as equipes da cooperativa estão imbuídas em busca desta inovação que faça sentido à cooperativa e ao cooperado. Estamos buscando parcerias, pois entendemos que sozinhos não avançamos.
Assim, vamos inovar na questão de diversificação de culturas, como é o caso de grãos. Claro que isso não será a curto prazo. E se isso representa um marco é que dois anos atrás não havia este tipo de conversa na cooperativa. Hoje, sentimos cada vez mais nossas equipes envolvidas com este assunto.
Portanto, acreditamos no potencial e na capacitação dos nossos colaboradores, que são muito competentes, e conseguiremos alcançar nossos objetivos. Pelo tamanho que é, a obrigação da cooperativa é ser vanguarda. Sempre com muita humildade e cautela, mas seguimos com o nosso trabalho e temos a percepção que seremos sempre diferentes.
Já em relação ao nível de participação do cooperado no mercado de café, este cenário melhorou muito. Ou seja, o produtor sabe vender café e precisa seguir dessa forma: não olhando para trás, focado sempre no presente e no futuro. Por fim, teremos bons anos vindo pela frente e que tenhamos um 2024 com menos intempéries climáticas.

Osvaldo: Em primeiro lugar, é preciso que as famílias cooperadas estejam atentas ao cumprimento da legislação trabalhista vigente. A pena é alta e ainda há a possibilidade de tirar o produtor do mercado. Do mesmo modo, a Cooxupé terá um programa de orientação sobre este tema, que iniciará no próximo ano, principalmente nos Dias de Conhecimento.
Sobre outras oportunidades, sobretudo, é importante que o produtor participe do mercado no momento em que haja oportunidade de preço. Dessa forma, o cooperado conhece o custo de produção dele e sabe que a produtividade está começando a retomar, mesmo que ainda não esteja em níveis desejados.
Entretanto, já sentimos melhoras. Reforçamos, mais uma vez, a necessidade do produtor participar do mercado diante de momentos favoráveis. Dessa forma, é preciso levar esta informação em consideração, pois nas últimas décadas isso fez muita diferença na vida das nossas famílias.
Ademais, pedimos a Deus muita saúde para que tenhamos um ano com bastante disposição para trabalharmos e enfrentarmos as adversidades que existem. E tudo isso faz parte da nossa atividade e da nossa vida. Em suma, que tenhamos perseverança e consigamos terminar 2024 melhor do que 2023. (Com Hub do Café)

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