Guaxupé, sábado, 27 de abril de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Tolerância tem limites

sábado, 14 de janeiro de 2023
Tolerância tem limites Imagens: Divulgação

Primeiramente informo que, além do alerta explicativo que deixei aqui neste artigo, também incluí, logo após o Texto, uma Reflexão Complementar, bem como um Anexo, que é a publicação do Conselho Federal de Psicologia, de 09 de janeiro de 2023, repudiando os ataques criminosos em Brasília. Faça, portanto, a leitura de todo o material. Somente lendo todo esse material, você, leitor, poderá compreender amplamente o que tem manchado, mais uma vez, a nossa história. Lendo todo o material, você não correrá o risco de se aborrecer com meias verdades, nem se irritar desnecessariamente com trechos fragmentados, nem confundir aqui o meu papel de comunicador. Enquanto comunicador, meu intuito é tão somente estudar, observar, conviver, vivenciar, esclarecer, manifestar um ponto de vista – um ponto de vista que poderá não ser o seu. É neste papel que estou aqui, nesse jornal: um comunicador. Não sou partidário, muito menos sectário.
 
A união das nossas diferenças é o que nos fez progredir e nos faz evoluir mentalmente. É assim que o ser humano avança na sua história, é assim que renova a sua visão de mundo, é assim que requalifica e aprimora a sua existência.
 
Porém, essa constatação é absolutamente inútil e inválida ao fanático.
 
O fanático demonstra que, de fato, o progresso técnico e científico não é acompanhado pela evolução moral e ética.
 
Por um lado, o ser humano aprimora técnicas cirúrgicas, aperfeiçoa sua maneira de se comunicar, facilita o transporte, o deslocamento, recicla lixo, amplia suas informações e seus conhecimentos, cria foguetes que, após serem lançados no espaço, retornam à Terra e pousam perfeitamente em plataformas no Mar e por aí vai... Muitos seguem progredindo, avançando, se esforçando, colaborando, se comprometendo, evoluindo na mentalidade e na tecnologia.
 
Por outro lado, tem gente que ainda sai por aí jogando lixo no chão, cuspindo, arrotando, escarrando, quebrando vidraças, depredando ícones, xingando, roubando, provocando, rivalizando, guerreando, matando.
 
Enquanto alguns querem promover a paz, outros insistem em fabricar guerras.
 
Fanático não pode mudar de ideia. Fanático não quer mudar de assunto. Grave bem isso, porque sempre será assim.
 
Qualquer fanático é assim, seja na política (sendo bolsonarista ou petista), na religião (sendo católico tradicional, carismático ou protestante histórico, evangélico pentecostal ou neopentecostal, judeu ou muçulmano), no esporte (sendo corintiano ou flamenguista), seja onde for ou onde o fanático estiver, até mesmo se for um artista ou cientista.
 
Você entendeu o que eu expliquei? Generalização não. Individualização sim, quando o assunto é o fanático.
 
Não podemos generalizar instituições, organizações, clubes, grupos nem situações. A análise aqui é especificamente voltada ao indivíduo fanático infiltrado.
 
Dando ênfase: Não podemos dizer que são fanáticos todos, exatamente todos, precisamente todos os bolsonaristas, ou os petistas, ou os religiosos, ou os esportistas, ou os cientistas, ou os artistas. Seria absurdo e leviano fazer uma afirmação dessas. O que estamos denunciando aqui é a conduta de um fanático quando presente nesses lugares, partidos, grupos, clubes, comunidades, instituições e situações, manchando sempre a imagem delas, danificando sempre a credibilidade delas.
 
O fanático é invariavelmente e inevitavelmente o mesmo em qualquer lugar ou contexto.
 
Então, gente boa e gente ruim existe em todo lugar. Onde o fanático estiver, será facilmente identificado, e seu padrão neurótico de comportamento será invariável e incurável.
 
É absolutamente impossível dialogar com o fanático.
 
O fanatismo é uma praga.
 
A mente do fanático é obtusa.
 
O fanático não pensa.
 
O fanatismo é um câncer de metástase na alma.
 
Não há possiblidade de recuperação de um fanático.
 
Nem mesmo eletroconvulsoterapia é capaz de reverter a mente de uma pessoa fanática.
 
Assim como nos condutopatas, o fanático também é um sujeito sem nenhuma possibilidade de recuperação.
 
É triste e assustador isso? Sim, mas é a realidade. É melhor encarar isso e aprender a se defender disso, do que ignorar, florear, disfarçar, fazer de conta que não existe.
 
Existe sim! A realidade é dura, mas é essa mesmo. O rei está nu.
 
Não há nenhuma psicoterapia, nenhuma psiquiatria, nenhuma medicação, nenhuma oração, nenhuma sessão de exorcismo que consiga modificar a situação mental de um fanático nem de um condutopata. As pessoas precisam saber disso, pois é somente sabendo disso que poderão agir corretamente, se defendendo habilmente, sem nenhuma falsa expectativa de mudança ou melhora, sem nenhum romantismo boboca e inútil, sem nenhuma fantasia mirabolante.
 
Só é recuperável, mesmo cometendo erros circunstanciais e comportamentos antissociais, mesmo surtando por alguma motivação externa ou intrapsíquica, quem não é fanático nem condutopata.
 
Quem não é fanático nem condutopata, quando se acalma, melhora. Quando não se acalma por conta própria, mas humildemente procura ajuda de apoio familiar e tratamento especializado, melhorará. Gente normal melhora. Somente os monstros continuarão com suas perversidades escandalosas.
 
O condutopata jamais se arrependerá francamente, jamais sentirá culpa, arrependimento ou remorso, jamais pedirá perdão, jamais terá compaixão. É irrecuperável.
 
O fanático jamais se desvinculará do seu pensamento, jamais abandonará a sua crendice, jamais se afastará do seu idealismo, seja ele religioso, político, artístico, esportivo, científico etc. É irrecuperável.
 
Entenda isso de uma vez por todas! Proteja-se e proteja a sua família desse tipo de gente. Afaste-se dessa convivência caso a identifique próxima de você. Se não for possível se afastar, por algum motivo, mantenha apenas a “política da boa vizinhança”, e se mantenha alerta, sempre vigilante.
 
Estou me referindo a você leitor enquanto pessoal normal, saudável, humano, recuperável quando erra. Porque se um fanático ou um condutopata estiver lendo isso aqui, não irá concordar com nada, e criará subterfúgios ou escapadelas argumentativas fajutas a fim de se justificar.
 
Perante os comportamentos exacerbadamente insanos e essencialmente antissociais, a única medida capaz de frear tais atitudes monstruosas é a punição e o cerceamento por intermédio da lei.
 
 
REFLEXÃO COMPLEMENTAR
 
Sobre as autoridades...
Cito três aspectos de conduta diante das autoridades – aspectos pertencentes às orientações contidas nas Sagradas Escrituras:
 
1. “Todos devem sujeitar-se às autoridade governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por Ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se opondo contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser por aqueles que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas, se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal. Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência.” (Romanos 13, 1-5) 

2. “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.” (1 Timóteo 2, 1-2) 

3. "Felizes os que promovem a paz, pois serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5, 9) 
 
Note que muitos dos fanáticos envolvidos no ataque a Brasília se consideram cristãos. Pelo menos assim eles se autoafirmam. Mas, compare as atitudes de violência deles com as citações bíblicas acima. Há uma total disparidade! Leia novamente as citações bíblicas acima com mais atenção, e poderá verificar que os agressores podem ser qualquer coisa, menos cristãos. As atitudes deles foram, em essência, em palavras e gestos, atitudes anticristãs, diabólicas. Que está gargalhando e aplaudindo frente à tanta insanidade é Satã. A guerra é a vitória de Satã.
 
Paulo recomenda respeitar e orar pelas autoridades, pois elas são estabelecidas por Deus. Não foi o que os agressores “cristãos” fizeram. O que fizeram foi desrespeitar e desacreditar no poder da oração.
 
Jesus recomenda promover a paz. Não foi o que os agressores “cristãos” fizeram. O ataque desrespeitoso e violento incitou a guerra.
 
Perceba como é muito perigoso quando um líder fomenta a discórdia. Vários profissionais da personalidade humana, dentre eles os psicólogos Jacob Pinheiro Goldberg, Christian Dunker e Marta Suplicy, e os psiquiatras Guido Palomba e Ana Beatriz Barbosa Silva já se pronunciaram publicamente a respeito da personalidade, do temperamento e dos traços de caráter tanto do ex-Presidente, quanto do atual Presidente da República. Enquanto um menospreza a morte alheia, zombando da dolorosa, agonizante e desesperadora falta de ar, o outro entra em súbito choro, comovido, no instante em que se lembra da dor da fome; enquanto um tem atitude tribal, o outro pensa no coletivo; enquanto um vomita palavrões, o outro incentiva o diálogo; enquanto um quer excluir, o outro quer conviver, mesmo perante as críticas e acusações sofridas, e apesar das diferenças vividas; enquanto um quer colocar armas nas mãos das pessoas, o outro quer acrescentar livros; enquanto um tende a sempre usar o nome de Deus em vão, o outro procura ter mais cautela diante do sagrado.
 
Apesar de tudo isso, o que opinar sobre as acusações de desvios de dinheiro público daqui e de lá, deste e daquele partido, de um e de outro chefe do Poder Executivo? O que dizer?
 
Enfim, são observações de especialistas da Psicanálise, Psicologia e Psiquiatria. Não são especialistas em Política e Economia. Não são deuses, por isso podem também cometer alguns erros nas suas observações. Mas são especialistas. Fizeram isso a vida toda. E tendo eles feito isso toda a vida, será que a tendência desses profissionais da psique humana é acertar ou errar mais?
 
Claro, ninguém é ingênuo. Psicólogos e psiquiatras não são politicamente ingênuos.
 
Ninguém está afirmando que um Presidente é diabólico, e o outro é angelical. Não. Em ambos, podemos encontrar virtudes e falhas administrativas, boa e má vontade – evidentemente.
 
Mas quando se observa com clareza o deboche intrínseco de um lado, enquanto sinal de insensibilidade, e a comoção espontânea de outro, enquanto sinal de compaixão, fica facilitada a intuição perceptiva, bem como o discernimento optativo sobre qual caminho percorrer, e percorrer com cautela, pois, em qualquer partido político, time de futebol, ciência, arte ou religião, coexistirão lobos e cordeiros, trevas e luz, joio e trigo.
 
Lembre-se de uma preciosíssima orientação de Jesus de Nazaré, sempre válida para cultivarmos bem as nossas relações interpessoais: somos luz do mundo e sal da terra.
 
As pessoas do bem fazem assim mesmo: dão sabor à vida, preservam a vida, iluminam a vida!
 
Eis o cultivo da ética do saber cuidar que salva a vida.
 

ANEXO
 
Psicologia brasileira condena ataques aos Poderes da República
O Sistema Conselhos de Psicologia – composto pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e os 24 Conselhos Regionais de todo o País – manifesta absoluto repúdio aos ataques criminosos promovidos contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal – sedes dos três Poderes de nossa República e pilares da democracia brasileira.

Atenta a seu compromisso ético e político de defesa do Estado Democrático de Direito, a Psicologia brasileira condena os atos terroristas de violência e depredação do patrimônio público e cultural ocorridos na capital do País e que representam verdadeiro ataque à soberania popular expressa nas urnas e aos princípios que norteiam o regime democrático.

Ancorado no código de ética que orienta a profissão, o Sistema Conselhos de Psicologia se une às demais instituições democráticas na defesa da ordem jurídica e pelo respeito às diretrizes da Constituição Cidadã de 1988, reafirmando que a democracia se coloca como a real possibilidade de promoção da saúde mental, permitindo e incentivando que todas e todos possam ter espaço para suas vozes, suas ações e para a organização coletiva.

Em nossa sociedade, relações democráticas se apresentam como possibilidade social de pleno exercício da condição de sujeito ativo. A história brasileira nos mostra que atos que atentem contra essas garantias devem receber a justa responsabilização, assegurando verdade e justiça e para que nunca mais aconteçam.

O Sistema Conselhos de Psicologia reafirma os princípios fundamentais que estruturam o Código de Ética da Profissão de respeito e promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, com uma atuação pautada pela responsabilidade social e analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural brasileira.

Por fim, a Psicologia brasileira presta apoio aos movimentos sociais que chamam hoje à mobilização popular atos em defesa da democracia em todos os estados do País.
 
FONTE: https://site.cfp.org.br/psicologia-brasileira-condena-ataques-aos-poderes-da-republica/

 

Confira as Fotos

Comente, compartilhe!