Guaxupé, sábado, 4 de maio de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Dependência química

terça-feira, 4 de outubro de 2022
Dependência química Imagem: Divulgação

A dependência química envolve aspectos genéticos, biológicos, familiares, psicológicos (mentais, emocionais, comportamentais), educacionais, sociais, espirituais.
 
E tem mais... A princípio, antes de ficarmos criticando o comportamento de uma pessoa dependente química, precisamos olhar para nós mesmos. Olhe para você. Observe você, preste atenção nas suas palavras, na sua conduta.
 
Existem pessoas dependentes da cafeína, que é o nosso cafezinho de todo dia. Caso não bebam, ficam irritadas, com dores de cabeça.
 
Existem pessoas que ainda fumam nos dias de hoje, apesar de todos os esclarecimentos da Medicina. Cigarro é droga também.
 
Tem gente que não almoça sem antes tomar um gole de cachaça. Álcool é droga.
 
Existem pessoas viciadas em trabalhar. Já outras viciadas em dormir... sentem uma preguiça que parece não ter fim.
 
Tem gente viciada em colecionar coisas. Gente viciada em libertinagem.
 
Gente viciada em comer... Come, come, come, come sem parar.
 
Gente viciada em chocolate. Gente viciada em refrigerante.
 
Gente viciada em farinha de trigo. Não pode ver um pastel ou uma coxinha que enlouquece.
 
Gente viciada em fofocar, o tempo todo, o dia inteiro. Não controla a língua.
 
Muita gente é viciada em reclamar, resmungar. Nada está bom. Tudo irrita.
 
No Brasil, país com o maior número de farmácias e drogarias do planeta, nos deparamos com os hipocondríacos de plantão. Ficam atentos às novas doenças que surgem por aí, a fim de que sejam contaminados também. Gente que ama ficar doente. Gente viciada em remédios.
 
E por aí vai... são muitos os vícios.
 
Por tudo isso não faz muito sentido ficar apontando o dedinho acusador.
 
Não foi em vão o que disse Jesus de Nazaré: antes de apontar o cisco no olho do teu irmão, arranque a trave que está em seu próprio olho.
 
Então, passamos a compreender que cada ação humana é determinada por uma grande soma de motivos.
 
Quais seriam os principais motivos que acabaram conduzindo um indivíduo ao uso de substâncias químicas perigosas?
 
Algo muito comum é a frustração, a decepção.
 
Mas note que somente o indivíduo civilizado e emocionalmente maduro é capaz de lidar com as frustrações. Quem não é capaz, faz manha, faz birra.
 
A dificuldade em lidar com as frustrações começa na infância, quando há uma falha na educação familiar. Por isso, para acertar na educação de uma criança, preparando-a para a cidadania, o nosso sim deve ser sim, e o nosso não deve ser não. Educação com respeito, responsabilidade e disciplina.
 
Aqui, a Psicologia, a Psicanálise, podem ajudar muito na recuperação de um dependente químico, na medida em que oportunizam autoconfrontação, autoconhecimento, saber dialogar e conquistar – por esforço – o autocontrole.
 
Na dependência química, precisamos corrigir alguns pensamentos equivocados, distorcidos, falsos. Aqui se faz necessária a intervenção de outra abordagem também muito eficaz das ciências psíquicas, que é a Terapia Cognitivo-Comportamental. Mente renovada gera comportamento aperfeiçoado.
 
A importante presença da Psiquiatria com seus medicamentos é uma necessária aliada no tratamento.
 
As ajudas científicas estão aí. É essencial compreender que a curiosidade para o mal pode ser mortal. Foi sabendo da existência desse mal que Jesus nos deixou sua oração, concluindo-a dizendo “livrai-nos do mal”.
 
No entanto, é inútil pedir ajuda a Deus e logo em seguida atrapalhar Deus ajudar. O sujeito pede ajuda a Deus, mas em seguida vai ao bar encontrar os ilustres “amigos” beberrões, maconheiros e craqueiros. Acabará bebendo, fumando, cheirando, inalando. É tolice pretender se recuperar sem se afastar de pessoas e lugares que corrompem os bons costumes.
 
A saúde do corpo e da alma acontece quando cada um faz a sua parte. A decisão é individual. É dizer não com convicção. É suportar a crise de abstinência com coragem, e seguir dizendo não. Afaste-se do mal. Afaste-se!
 
A intenção, claro, é que todos, usuários e familiares, busquem informações, conhecimentos e sabedoria, da ciência e da religião sadia.
 
Tenham esperança nos avanços da ciência, tenha fé nas orientações espirituais eternas.
 
A fé é uma força psíquica quando praticada. Pratique!
 
Lembre-se também de orar. A oração, que é uma necessidade intuitiva de todos nós, uma busca de sentido, um impulso de reconciliação, um sincero desejo de plenitude e gratidão, conta atualmente com comprovação científica.
 
A ciência atesta: de fato, como dizem os religiosos, muitas coisas podem ser modificadas, transformadas, renovadas, restauradas pelo poder da oração.
 
Assim seja.
 
 

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