Guaxupé, domingo, 28 de abril de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

O ser humano entende Deus?

sexta-feira, 15 de julho de 2022
O ser humano entende Deus? Imagem: Divulgação

O que Deus estabeleceu?
 
“Deus estabeleceu na Torá isso, isso e mais aquilo outro”, dizem os judeus.
 
“Deus estabeleceu na Bíblia Sagrada, especialmente no Novo Testamento, isso, isso e mais aquilo outro”, dizem os cristãos.
 
“Deus estabeleceu no Corão Sagrado isso, isso e mais aquilo outro” dizem os islâmicos.
 
Ora... Deus está confuso?
 
Será Deus um ser portador de esquizofrenia?
 
Como pode Deus dizer uma coisa para os judeus, outra coisa para os cristãos, e uma terceira coisa para os islâmicos?
 
Judeus dizem que o maior profeta é Moisés.
 
Cristãos dizem que é Jesus Cristo, o Senhor.
 
Islâmicos dizem que é Maomé, o último e grande profeta.
 
Para os judeus, Deus é Javé.
 
Para cristãos, Jesus é Deus.
 
Para os islâmicos, Deus é Alá.
 
Judeus afirmam categoricamente que o Judaísmo é a Religião de Deus.
 
Cristãos afirmam categoricamente que o Cristianismo é a Religião de Deus. Jesus é a revelação máxima do amor de Deus aos homens.
 
Islâmicos afirmam categoricamente que a Religião Islâmica é a Religião de Deus.
 
Ah, mas tem gente que diz assim: Não, não há confusão. Deus é um só e a religião de Deus é uma só. Uma só é a religião de Deus, mas ela passa por atualizações. Começou com o judaísmo. Passou pelo cristianismo. E a última atualização é o islamismo. Claro que quem faz tal afirmação só pode ser islâmico. Uma afirmação que não vale para judeus nem cristãos. Para judeus, a religião deles é a certa, nem cristianismo nem islamismo. E para os cristãos, Jesus é o Cristo, é o Filho de Deus, é o próprio Deus, pronto e ponto final. Jesus é o princípio e o fim, o alfa e o ômega. Nenhum profeta antes (judaísmo) nem depois (islamismo) de Jesus, é maior do que Ele próprio, porque Ele, Jesus, como já foi dito, é o próprio Deus encarnado. A criatura não pode superar o Criador.
 
Que bagunça é essa?
 
Qual é a religião de Deus?
 
Que Deus confuso é esse?
 
Será mesmo que Deus é confuso?
 
Claro que não... O que acontece então?
 
Acontece que o ser humano não entende plenamente Deus.
 
E para agregar novas interpretações e até discórdias e confusões, o que é comum nas relações interpessoais, surgem outras espiritualidades históricas, ainda presentes e importantes, como o budismo, o hinduísmo, além dos kardecistas com uma espécie de releitura elaborada por Alan Kardec e seus seguidores, pretendendo esclarecer tudo. Lenha na fogueira.
 
 
O ser humano interpreta Deus conforme sua limitação de ser humano, inserido nas limitações de espaço, tempo, cultura, povo.
 
Ser humano é falho, imperfeito.
 
Confuso é o ser humano, que entende muito pouco de si, e menos ainda de Deus!
 
Ser humano é um ser em conflito consigo mesmo, com os outros e com Deus.
 
Ser humano é ambíguo, contraditório, complexo.
 
Cabe ao ser humano conhecer apenas fragmentos da verdade.
 
O ser humano conhece a verdade de maneira tão fragmentada, que acaba manifestando ódio em nome do amor. 
 
Isso mesmo: não tão raro, manifesta ódio em nome do amor.
 
Fabrica guerras em nome de Deus!
 
Eis a loucura do ser humano, que pensa ter a posse privada de uma verdade absoluta.
 
Daí projeta no Céu a ideia de um Deus tribal, vingativo, ciumento, guerreiro, todo pronto e poderoso para aniquilar as tribos e dos deuses rivais.
 
Com isso os fiéis seguidores fanáticos acabam se esquecendo do dogma único e necessário para que ocorra justiça, paz e felicidade para todos.
 
Se há um dogma em comum, esse dogma é o amor.
 
As religiões concordam que o amor é a essência do caráter de Deus.
 
Nesse sentido, foi feliz e sábio Francisco, Bispo de Roma, Papa da Igreja Católica, ao afirmar que devemos incentivar uma cultura do encontro, criar pontes e não muros, aprender a dialogar, e nos unir sem, no entanto, nos uniformizarmos. Assim respeitamos nossas diferenças, afinal, somos diferentes mesmo, mas somos irmãos e irmãs. Deus não se repte nunca. Não há dois seres humanos exatamente iguais no universo. Até entre os gêmeos idênticos, a alma de um não é a mesma alma do outro. Sendo diferentes, somos livres para acreditarmos em coisas diferentes, e de maneiras diversas.
 
Devemos ser tolerantes? Aí depende... A cautela se faz necessária, pois também há limites na tolerância. Não se deve tolerar manifestações de ódio, pois vai contra o amor atribuído a Deus, e contra o amor que também intuitivamente está dentro de nós, afinal, além de sermos morada de Deus, fomos feitos à imagem e semelhança Dele.
 

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