Guaxupé, domingo, 12 de maio de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Eu e as religiões

terça-feira, 2 de março de 2021
Eu e as religiões O psicólogo Rodrigo Fernando Ribeiro (Foto: Arquivo Pessoal)

A Religião, de modo direto ou indireto, acaba influenciando profundamente o psiquismo e o comportamento das pessoas.
Comigo não foi diferente...
Fui batizado pelo Monsenhor Hilário Pardini.
Após o Batismo, de meus pais fui recebendo as sementes do Evangelho. Nascemos num contexto cristão católico. Minha mãe foi minha catequista; meu pai me apresentou grandes livros de Teologia e, claro, a própria Bíblia Sagrada - Edição Pastoral e a Bíblia de Jerusalém.
Meus avós maternos e paternos também eram religiosos praticantes. Minha avó materna era Filha de Maria. Meu avô paterno era Vicentino e Ministro da Eucaristia... em todos os aniversários de membros familiares, ele louvava a Deus com seu violão.
Desde criança minha irmã e eu ouvíamos as canções do Padre Zezinho, que eram apresentadas a nós pelos nossos pais. Sentíamos genuinamente que o nosso lar era verdadeira igreja doméstica, santuário, templo, território sagrado, casa de oração.
Sempre frequentei as Santas Missas na igreja onde fui batizado: Catedral Diocesana Nossa Senhora das Dores, local onde recebi fortes influências de sacerdotes com profundo conhecimento histórico, antropológico, sociológico, filosófico, psicológico e, evidentemente, bíblico: Padre Marcelo Prado, Padre José Luiz Gonzaga do Prado, Padre Alexandre Gonçalves, Padre Reginaldo.
E a influência não parou por aí, mesmo que indireta e distante... Meu pai tem um tio Ancião da Congregação Cristã no Brasil; minha mãe tem um irmão Pastor Batista.
Na minha juventude, ganhei de presente de aniversário, de uma das minhas tias paternas, um versículo bíblico para refletir, que me colocou no Caminho a seguir: Eclesiastes 12, 1.
Na idade adulta, num de meus trabalhos, ouvi de um colega pertencente aos Testemunhas de Jeová, a citação de um trecho bíblico que me ensinou a maneira correta de fazer as orações: 1 João 5, 14.
Certa vez ouvi de um orador espírita, Divaldo Franco, uma opinião contundente a respeito da possibilidade e necessidade de se evitar encontros sociais onde o álcool estivesse presente, sugerindo, em substituição ao evento danoso e prejudicial principalmente às crianças, que os encontros fossem espirituais.
Tive também a oportunidade de conhecer um casal de Pastores líderes fundadores da Igreja Batista Nova Filadélfia de Guaxupé: Pastor Marcos e Pastora Celeste.
Sempre acompanhei de perto textos de espiritualidade profunda ditos pelo líder do budismo tibetano, Dalai Lama, bem como acompanho a estupenda profundidade teológica observada em Bento XVI, Papa, e em Clodovis Boff, teólogo, além da coragem repleta de ternura manifestada no comportamento do Papa Francisco.
Já encerrando... Formei-me psicólogo após ter passado pela faculdade de História, e pude observar que o profissional da saúde mental é um cuidador da alma humana, e que a Psicologia é filha da Religião sadia; os primeiros cuidadores das angústias da alma humana foram os religiosos.
Toda essa afirmação encontra sustentação em eminentes psicólogos do passado e do presente, dentre eles, Carl Gustav Jung, Viktor Frankl, Pierre Weil, Jean-Yves Leloup, Ezio Aceti, Mark W. Baker, Jacob Pinheiro Goldberg, Augusto Cury, Francisco Di Biase entre outros.
É proibido ao psicólogo promover proselitismo, forçar ou influenciar um paciente a seguir uma crença ou instituição religiosa. No entanto, conforme disse mais acima, é necessidade cada vez mais atual ao profissional da saúde mental favorecer a integração espiritual como proposta de tratamento e cura das doenças.
Penso que eu consegui resumir um pouquinho de tudo aquilo que vivenciei. E tudo o que vivenciei me colocou numa situação respeitosa diante das variadas formas de manifestação religiosa quando sadia, o que me impede de ficar fabricando guerras argumentativas, através de tediosa, interminável e inútil disputa e posse pela verdade absoluta. Trocar ideias, dialogar, expor relatos, tudo bem. Forçar não. Criar intrigas e fomentar guerras de oponentes, também não.
Cabe a nós seres humanos conhecermos apenas fragmentos da realidade.
Em todas as crenças sadias existem aspectos da Verdade.
Deus é uma constatação, é Mistério e, por isso, precisa ser mais contemplado do que decifrado. Quem procura decifrar Deus se desespera; já quem procura contemplá-Lo, confia.
Gente misericordiosa e gente maldosa existe em todas as crenças. Gente comprometida e gente distraída, idem.
Na observação do comportamento humano, vemos claramente a expressão palpável do significado etimológico da palavra religião, que quer dizer reverência, ou seja, uma atitude humilde de inclinação do ser humano que busca o acolhimento de Deus... Deus Pai acolhe com coração amoroso de mãe, e Espírito de bondade.
Deus é justiça, compaixão, benevolência. Esse eterno amor também está dentro de nós, no meio de nós, e nós, ainda que de modo falho, imperfeito, limitado, buscamos por toda a vida viver plenamente esse amor.
Falando em amor, observando atentamente a história ou fazendo um honesto estudo comparativo, percebemos evidentemente que Jesus Cristo é a manifestação suprema, máxima do amor de Deus aos seres humanos. De fato, ninguém amou tanto e ninguém suportou tanto sofrimento quanto Jesus de Nazaré. E Ele venceu! E Ele vive!
Por tudo isso, o ser humano tem dentro de si a semente da eternidade; todo ser humano tem esperança de plenitude. Atualmente vivo a minha crença, junto de minha família, junto de minha esposa e filha. A nossa crença não é fruto somente de tradição apostólica, mas também resultado de convicção, muito estudo e conversão. Manifestamos livremente a nossa crença enquanto cidadãos que somos. Vivemos a nossa fé e prática, e procuramos, de algum modo, dialogar com pessoas de outras crenças, quando o diálogo se faz presente, necessário e possível.

Comente, compartilhe!