Guaxupé, domingo, 28 de abril de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, 1822-2022

quinta-feira, 4 de agosto de 2022
O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, 1822-2022 Imagem: Divulgação

A História corre com no Tempo e os vamos perdendo de vista. Na minha infância e dos meus primeiros estudos, em 1951 e 1954, vivi num meio familiar que teve papel ativo na emancipação política e administrativa do município de Monte Belo, sul de Minas, que se separara de Muzambinho em 1938. Portanto, sentia tais fatos ainda quentes nas conversas dos adultos, em suas casas e nos lugares públicos da cidade. Mas, o que desejo enfatizar é que, na referida época, outros acontecimentos da História brasileira também ainda estavam mornos aos nossos sentidos: a Extinção da Escravidão pela Lei Áurea e a Proclamação da República por um Golpe Civil-Militar. Ainda havia vivos vestígios de ambos os acontecimentos históricos, de pessoas que os vivenciaram. Nunca é demais correlacioná-los, porque este foi consequência daquele. A República nasceu de ideais republicanos, mas somente foi obtida com a adesão dos inconformados daquele Brasil rural, ou seja, dos poderosos donos de escravos que os perderam com a promulgação da Lei nº 3353, de 13 de Maio de 1888, pela Princesa Imperial Regente, Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaéla Rafaela Gonzaga de Bourbon e Bragança, filha do Imperador D. Pedro II e mulher do Conde D’Eu.

Também, ainda conservo o calor de uma comemoração, que tive o atrevimento de realizar na noite de um dia útil, sob riscos de ausências e de vaias da Oposição local, num palanque armado em plena Avenida Dr. Américo Luz, que contou com a presença de autoridades civis, do Comandante local da PMMG e de um Tenente do Exército brasileiro, no meu primeiro mandato de Prefeito de Muzambinho: foi em 21 de Abril de 1992, exatamente na marca do Bicentenário da Inconfidência Mineira, isto é, dos 200 anos do seu desfecho, a data do enforcamento de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Para aqueles que, levianamente, tentam desqualificar Tiradentes e a Inconfidência Mineira, protesto, dizendo-lhes que visitem os museus de Ouro Preto e de Minas, principalmente, que leiam os 7 volumes do julgamento dos inconfidentes, contidos nos Autos da Devassa, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em outros livros, e até em: biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html?id=265680&view.

Em 7 de Setembro de 2022, que está por vir, festejamos os 200 anos da Independência do Brasil. As escolas sempre nos ensinaram que nosso país foi descoberto em 22 de Abril de 1.500 pelo português Pedro Álvares Cabral, embora estudos apontem que o espanhol Vicente Yañez Pinzón teria aportado em janeiro desse mesmo ano na localidade pernambucana de Cabo de Santo Agostinho. Verdadeiramente, a Descoberta da América aconteceu em 1492 quando o genovês Cristóvão Colombo, a serviço do Reino da Espanha, desembarcou no arquipélago caribenho de Bahamas e, depois, na ilha batizada de Hispaniola, hoje compartilhada por Haiti e República Dominicana. Em outra expedição, Colombo chegou em terras continentais, na costa da Venezuela. Tudo isso aconteceu no cenário das grandes navegações e das grandes descobertas, sendo as águas marítimas dominadas por lusos e espanhóis. Esse domínio já tinha acarretado a assinatura do nosso tão conhecido Tratado de Tordesilhas, em 1494, então ignorado por franceses e holandeses.

O Brasil já ultrapassou 500 anos de História, que não é muito diferente da grande maioria dos países das 3 Américas. Certamente que a grande diferença fica por conta das duas grandes nações da América do Norte – Estados Unidos e Canadá – cujas colonizações fugiram dos padrões do próprio México, dela integrante, e de toda origem hispânica da América Central e América do Sul, menos o lado lusitano do Brasil. A despeito das descobertas de Colombo, holandeses, franceses e britânicos se apossaram de muitos territórios do Novo Mundo, tipo Guianas, Jamaica e numerosas ilhas, ou arquipélagos inteiros, principalmente no Mar do Caribe, tipo as Antilhas. De modo geral, os países do continente americano forjaram sua independência a partir do século XVIII, principalmente no século XIX.

Eis que neste final de semana clarins e tambores soarão em memória aos duzentos anos da Independência do Brasil. Farão pulsar mais forte os corações de todos os brasileiros. Não somente os dos bolsonaristas, que tentam se apoderar sozinhos dos nossos símbolos nacionais. De todos nós. Farão trepidar até o coração do proclamador da nossa Independência – do nosso Imperador Pedro I, que, mais tarde abdicaria ao trono voltando para Portugal, onde se tornaria o Rei Pedro IV, aliando-se aos liberais para combater o absolutismo de seu irmão Miguel, que lá reinava. Fato é que o coração de D. Pedro é conservado num sarcófago com formol na cidade do Porto, tendo sido emprestado ao Brasil para as comemorações deste 7 de Setembro. Trepidará com os sons das bandas militares e com os simbólicos tiros de canhão, mas, claro, não pulsará.

Ano passado, o do 199º aniversário, a data transformou-se num movimento conspiratório por parte dos bolsonaristas, que se concentraram em maior número na Esplanada de Brasília e na Avenida Paulista. Este ano, por mais que ainda tentem romper a nossa Democracia, estarão se deparando com os partidos políticos em clima de eleições. Nossas principais instituições estão alertas na defesa no nosso processo eleitoral. Um abaixo-assinado com umas 700.000 assinaturas, articulado por estudantes e professores da Faculdade de Direito da USP, do Largo de São Francisco, firmado por juristas, empresários, religiosos e banqueiros de todo o País, desfazendo qualquer insinuação de que sejam eles “comunistas”, defendem a nossa Democracia e convalidam a lisura do nosso sistema eleitoral, sendo claro sinal que não apoiarão aventureiros e golpistas, que teimam em achacar todos aqueles que não rezem pela sua cartilha extremista.

                        Viva o 7 de Setembro! Viva o Brasil democrático! Fora a conspiração.       

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