Guaxupé, domingo, 28 de abril de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

Continuam soando as trombetas dos profetas do clima

quinta-feira, 4 de novembro de 2021
Continuam soando as trombetas dos  profetas do clima Foto: Divulgação

“Paradoxalmente, o progresso humano vem nos confrontando com os riscos da nossa sobrevivência terráquea. O aumento da população terrestre e, por conseguinte, a busca pela satisfação das necessidades da mesma, através da oferta de alimentos, energia, meios de transporte, moradias, atendimento à saúde e do conforto em geral, tem provocado desequilíbrios na harmonia ambiental. Se a Revolução Industrial significou uma etapa transformadora nos nossos modos de produção e de consumo, hoje também é apontada como o começo de uma Era poluidora da atmosfera devido à utilização de energia fóssil – carvão e petróleo – responsável pela emissão de gases de efeito estufa – GEE – que estão relacionados com o aquecimento planetário. [...] Concomitantemente à ida do homem à Lua e ao envio de artefatos teleguiados aos planetas vizinhos, surge uma consciência cósmica nos diferentes segmentos populacionais que, aliando-se aos meios científicos, fortalece a preocupação com a nossa morada espacial, a Terra, maltratada pelo progresso humano e pelos interesses econômicos. Desse comprometimento entre cientistas, governantes e militantes ambientalistas aconteceu em 1972, em Estocolmo, a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, com a presença de 113 países e 250 ONGs – Organizações Não-Governamentais. Vinte anos depois, em 1992, entremeados por reuniões isoladas dessas e de novas organizações, além das instituições governamentais, ocorreu a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que ficou conhecida por Rio-92 ou Eco-92, contando com a presença de 180 Chefes de Estado ou de Governoe mais de 9.000 jornalistas.
Entre esses dois grandes encontros ecológicos, brotaram documentos, entidades e outras reuniões com nomes diversificados no âmbito da própria ONU – Organização das Nações Unidas – tais como o livro ‘Nosso Futuro Comum’, oficialmente o Relatório Bruntland, produzido na aludida I Conferência de Estocolmo. A Agenda 21 foi um documento assinado por 179 países durante a Rio-92, estabelecendo metas de desenvolvimento sustentável, um conceito novo para a época, no qual os signatários se comprometiam conciliar métodos de proteção ambiental, com justiça social e eficiência econômica”.
Os caros leitores poderão perceber que todo este trecho introdutório acima foi aberto com aspas e, também, assim foi fechado. Com ele comecei meu artigo publicado neste jornal impresso em 4-DEZ-2015, que está incluído no meu acervo digital dos colunistas. Foi assim queabri o artigo “Alerta dos Profetas do Clima”, que tratou da COP 21, realizada em 2015 em Paris. A motivação para o título veio de outro artigo que publiquei em Dezembro de 2009, durante a COP-15, de Copenhagen, assim escrito: “Ninguém poderá desconhecer ou negar o papel transcendental para a sobrevivência da humanidade desses verdadeiros profetas do clima, os cientistas que participam das conferências climáticas”. Meu intuito nesse modo repetitivo é o de não somente demonstrar a minha permanente preocupação com as questões planetárias, mas, permitir um acompanhamento de um tema crucial que afeta a humanidade. Afinal de contas, sempre insisti que a consciência ambiental tem minúsculo tempo de existência, porquanto, sob a forma de Reunião Internacional, apenas veio a acontecer em 1972, na acima citada Conferência de Estocolmo. Isto é muito pouco frente aos 10 mil anos das pegadas do homem primitivo; ou aos 65 milhões de anos em que existiram os dinossauros.
Agora, cientistas e governantes mundiais se reúnem em Glasgow, principal cidade da Escócia, cuja capital é Edimburgo, na ilha da Grã-Bretanha, parte do Reino Unido. O motivo do encontro mundial é a COP-26. É oportuno entender que COP é uma abreviatura de Conferência das Partes, e Partes são Países. A COP é um tratado internacional resultante da ECO-92, ou Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro, conforme descrição no parágrafo inicial. Melhor ficar nisso do que entender sua verdadeira nomenclatura: Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática – tendo a sigla inglesa UNFCCC. Nestas questões climáticas é o órgão supremo e de caráter deliberativo dentro da ONU, reunindo-se anualmente. Os principais gases do efeito estufa – GEE – são o CO2, dióxido de carbono, o CH4, metano; o CFC, clorofluorcarbono, dos sprays; e outros em menor quantidade.
Sabemos que toda fonte de energia que dá vida ao nosso planeta provém do Sol. Parte dela se dissipa pelo nosso solo e parte é refletida de volta para a atmosfera, onde os tais gases funcionam como uma estufa, retendo parte desse calor e mantendo um determinado aquecimento no planeta. Se não fosse isso, a Terra se tornaria muito quente durante o dia e gelada à noite, como costuma acontecer com a Lua e outros planetas do Sistema Solar. Assim sendo, a vida terrestre se tornaria cada vez mais comprometida e inviável na sua diversidade. As geleiras polares e das montanhas se derreteriam, como já vem acontecendo, causando enchentes e, mormente, aumento do nível das águas oceânicas, engolindo ilhas hoje habitadas e invadindo cidades litorâneas.
Isso acontece desde a Revolução Industrial. Tais GEE causam aumentodessa camada protetora da Terra, tornando-a mais densa. É resultado do aumento do CO2 que vem da queima do carvão mineral, petróleo e seus derivados, bem como pelo desmatamento incontrolável e incêndios florestais. As plantas que tinham a capacidade de captarem CO2 e eliminarem O2, oxigênio, através do processo de fotossíntese estão sendo cortadas. Além do mais, o aumento populacional tem aumentado a demanda por carnes, sobretudo do gado bovino, cujo sistema digestório produz elevada quantidade de gás metano. O CH4 também é produzidonos lixões existentes e não tratados.
Objetivando controlar as emissões de GEE, um dos maiores riscos para a manutenção da vida animal e vegetal no planeta Terra, é que, desde a Rio-92, houve a iniciativa de serem promovidas reuniões anuais da Conferência das Partes – COP. A meta em perseguição é deter o aquecimento planetário em menos de 2º C até o ano de 2.100. Mais do que isso seria uma catástrofe mundial, pois, com o aumento de 0,7º C, desde a Revolução Industrial, temos visto pela televisão, rádio e redes sociais todos os tipos de mudanças e reações violentas da Natureza.
No histórico das COPS, a luta da Ciência tem sido essa. A COP-1 aconteceu em Berlim, em 1995, quando os participantes ainda confusosno objetivo de combate aos gases do Efeito Estufa – GEE – elaboraram o Mandato de Berlim dando um prazo de 2 anos para os devidos estudos. A 2ª em Genéve, Suiça, decidiu que os países não deveriam procurar soluções uniformes, tendo cada um a liberdade de se adequar à sua realidade na diminuição das emissões de GEE. Já a COP-3 ganhou destaque por ter produzido um dos mais importantes e conhecidos documentos climáticos internacionais, o Protocolo de Kyoto, de 1997, nome dessa cidade japonesa que o sediou. Foram estabelecidas as primeiras metas para emissões de GEE, com validade até 2012, arrolando os países signatários e que ratificaram o Tratado. Ficaram de fora os dois maiores poluidores, China e Estados Unidos da América – EUA – que apenas eram signatários. As reuniões avançaram mundo afora: Buenos Aires (1998); Bonn (1999); La Haya (2000); em 2001, dois encontros para dirimir questões de áreas agrícolas e florestas renováveis, como sumidouros de CO2 – gás carbônico – repetindo-se Bonn (COP-6) e Marrakesh (COP-7); seguiram-se na anualidade as COPs de 8 a 10 em Nova Delhi (2002), Milão (2003) e Buenos Aires (2004). COP-11, Montreal (2005), Nairobi / Kênia (2006), Bali / Indonésia (2007), Poznan / Polônia (2008), continuando por Copenhagen, Cancún, Durban / África do Sul, Doha / Qatar, Varsóvia, Lima (2014), chegando à COP-21, Paris (2015). Nesta encontrou-se momento consensual e animador, formalizado no Acordo de Paris, que veio a suceder o Protocolo de Kyoto. As pessoas precisam estar atentas em momentos como estes de Glasgow, enviando suas energias positivas, suas orações e suas rezas para que os governantes pensem no futuro do planeta e se escorem na inteligência dos cientistas. Isto para a salvação dos nossos descendentes.
 

Comente, compartilhe!