Guaxupé, quinta-feira, 25 de abril de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

TURISTAS EM ÓRBITA TERRESTRE

sexta-feira, 17 de setembro de 2021
TURISTAS EM ÓRBITA TERRESTRE Foto: SpaceAdventures/Spacenews

Quando este texto estiver sendo lido pelo diligente leitor, nas páginas digitais deste jornal, lá na imensidão do espaço sideral, a 250 quilômetros além da superfície terrestre, e dentro de uma cápsula de 4 metros de diâmetro por 8 metros de altura, dois homens e duas mulheres astronautas, já terão rodopiado por um dia ou mais em torno do nosso planeta.
Muitos indagarão qual a novidade e a importância desta informação se, desde os anos 1950, artefatos teledirigidos ou pilotados por seres humanos já rondaram a Terra, já pousaram na Lua e, remotamente controlados, já circularam em órbitas de todos os planetas do nosso Sistema Solar. CINCO deles já escaparam para a escuridão do espaço interestelar – Pioneer-10, Pioneer-11, Voyager-1, Voyager-2 e New Horizons, estando tais naves com mais de 40 anos numa viagem espacial ininterrupta, numa velocidade de até 60.000 Km/hora, nos estertores da sua energia, captadas por baterias, enquanto estavam no interior do Sistema Solar. Poucas pessoas serão capazes de imaginar a incalculável quantidade de dados telemétricos, incluindo não somente fotografias, mas breves filmes dos mais distantes ambientes planetários que as sondas captaram e enviaram para a Terra.
Ninguém deveria, antes da sua morte, e nos tempos atuais, deixar de buscar junto ao Google, que os remeterá ao You Tube, onde poderá se deparar com fantásticas imagens de planetas e seus satélites em pleno movimento. Quem sabe, ao morrermos, nossos espíritos passem por essas trilhas cósmicas e, assim, estaríamos mais conscientizados e acostumados com o movimento do Universo.
Duas naves lançadas de Cabo Canaveral, em 1977, com 16 dias de intervalo uma da outra, as Voyager-1 e Voyager-2, tiveram como finalidade estudar, respectivamente, Júpiter mais Saturno, e Urano mais Netuno. Elas cumpriram suas missões, mais do que isso,ultrapassaram as fronteiras do nosso Sol, com equipamentos mais acurados e melhor destinados que suas antecessoras, a Pioneer-10 e a Pioneer-11, lançadas alguns anos antes e das quais se esperava melhor conhecimento dos nossos planetas.  As Voyager foram monitoradas por mais de 40 anos até o fim da energia que as sustentava. A última delas, a New Horizons, cujo lançamento foi bem mais recente, em 2006, até se embrenhou na área de confusão de asteroides por onde habita Plutão, nos confins do Cinturão de Kuiper, uma região de temperaturas de menos de 200ºC, tamanha a distância do Sol e tamanha a fraqueza com que lá chega a energia solar. Para se ter uma idéia, essa região gelada estaria entre 30 e 50 UA, ou seja, Unidades Astronômicas, sendo que cada UA equivale à distância da Terra ao Sol, mensurada em 149.597.871 Km. Todavia a New Horizons faz tempo que adentrou a imensidão do espaço interestelar, estando com seus equipamentos propensos a nos mandar informações até pelos anos de 2030.
Entrementes, perguntei acima qual a novidade dessa viagem espacial de turistas pela Space-X ? Logo em seguida relatei um sem número de feitos espaciais que, realmente, minimizariam esta viagem orbital de apenas 3 dias, bem mais pertinho aqui da Terra. Pois tem novidade, sim senhor. Pela primeira vez não são astronautas profissionais que estão insinuados numa exígua bolha de metais e plásticos nas profundezas e solidão celestial. São aventureiros do espaço ou turistas siderais, seja lá como passarão a ser chamados a partir de agora. Verdade é que não foram pegando uma xepa como se pega um aviãozinho qualquer, em um aeroporto pouco qualificado.
Primeiro, vamos identificar esses norte-americanos e turistas siderais, que viajam na Missão Inspiration-4, a bordo da cápsula Crew Dragon, colocada em órbita por um foguete Falcon-9, não mais da NASA – National Aeronautics & Space Administration – mas, de sua nova parceira, que já lhe prestou serviços executando inúmeras viagens tripuladas ou de cargas até à ISS, a Estação Espacial Internacional. O protagonismo da NASA agora está dividido com a empresa particular aeroespacial Space-X. Nesta primeira viagem orbital, a Inspiration-4, o custo da viagem está sendo patrocinados pelo bilionário JaredI Saacmann, teoricamente o dono e comandante da missão. Há uma médica-assistente, Hayley Arceneaux; uma geocientista, Sian Proctor; e o engenheiro Chris Sembroski. Eles foram preparados, treinados, condicionados, examinados e revisados por meses e meses em centros próprios não mais da NASA, mas, de uma empresa particular dessa área, a Space-X, de propriedade de outro bilionário norte-americano, Elon Musk.O bilionário turista está desembolsando algo como US$100 milhões, sendo que ao todo a missão espera arrecadar o dobro desse dinheiro, tudo destinado a um hospital de caridade para crianças com câncer.
Tanta informação, tanta experiência, tanta tecnologia e ainda temos de tolerar uns retardados e obscurantistas a falarem de Terra Plana.
 

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