Guaxupé, sexta-feira, 26 de abril de 2024
Lenine Martins Faria e Rodrigo Fernando Ribeiro
Lenine Martins Faria e Rodrigo Fernando Ribeiro EducaMente Lenine é pedagoga e Rodrigo é psicólogo (CRP-04/26033). Rodrigo atua em Guaxupé e Guaranésia, Lenine em Guaranésia.

Compaixão

quarta-feira, 28 de outubro de 2020
Compaixão

Com a palavra, a pedagoga Lenine Martins Faria
Compaixão é um sentimento nobre e valoroso no qual aprecio muito nas pessoas.  Caracteriza-se pelo fato de compreender o estado emocional de outra pessoa, entender, compadecer, bem como sentir o desejo de ajudar, arrumando meios para amenizar o sofrimento alheio.
Compaixão é ver o outro com um olhar mais humano, não digo piedoso apenas, mas olhar de dentro com afeto, reconhecendo suas dores, seus sacrifícios e preocupações, estendendo a mão, com gentilezas, sem trocas ou cobranças, apenas com amor num sentido de querer bem, querer ver bem.
É um sentimento que nos faz evoluir, crescer, ser melhores... Deveria ser um hábito de todo aquele que busca um mundo melhor, mais humano, mais igual, com menos sofrimento. Digo que deveria ser um hábito, quando nesta geração percebo este sentimento cada vez mais distante; vejo crianças e jovens rodeados de tudo, crescendo num mundo superficial e egoísta.
Aquela compaixão dos tempos de Cristo está ficando esquecida, não usual. Uma esperança é a empatia que vem ganhando espaço, se tornando um gosto para muitos e se assemelha à compaixão.  A empatia nos ajuda a olhar com o olhar do outro, sentir o que a pessoa precisa numa postura de consideração. Já a compaixão, meu amigo, minha amiga, ah, ela nos move, ela faz mais!
É a própria ação de mudar a realidade daquele que sofre, trazendo o alívio e proporcionando felicidade.
 
Com a palavra, o psicólogo Rodrigo Fernando Ribeiro
Coração compassivo é aquele que se desdobra, acolhe, se entrega, auxilia, orienta.
Gente que se comove também se convence que, verdadeiramente, Jesus Cristo foi preciso ao afirmar que existe maior felicidade em oferecer do que em receber.
Quem doa deixa feliz aquele que recebe, e fica feliz com a felicidade do outro.
Note que a partilha é fonte de felicidade e justiça coletiva! Daí surgem o alívio, a gratidão e a paz.
Muito triste vermos gente desfilando de carro importado que vale uma fortuna, e na esquina uma criança faminta pedindo comida, ao lado de um cachorrinho também implorando o mesmo. Seres vivos famintos valendo menos nesta sociedade, do que um amontoado de lata, tecido e plástico. Isso não pode estar certo.
Curioso notarmos que todos sabem da realidade da morte, e todos ouvem da religião que a vida, com as características da espiritualidade, continuará. O cristianismo denomina essa continuidade da vida de Ressurreição. E Jesus Cristo, no capítulo 25 do Evangelho de São Mateus, ao mencionar o Céu, afirma que quem chegará nesta dimensão de Paraíso, de eternidade sempre nova e feliz em Deus, serão aqueles que tiveram conduta misericordiosa, coração compassivo, que foram pessoas capazes de realizar a caridade, aqueles que não agiram com indiferença diante de alguém em sofrimento.
No mundo de hoje, nem sempre é possível colocar desconhecidos dentro da nossa casa, e também não é todo mundo que tem o genuíno desejo de estar junto dos mais pobres e famintos. Mas muitos entre nós têm essa missão, essa vontade de ajudar diretamente, de estar junto. São pessoas e instituições de caridade. Então, quem não quer ajudar diretamente uma pessoa ou uma família em sofrimento, por algum receio, pode ajudar pessoas e instituições que ajudam. Colaborar indiretamente é uma possível forma de amenizar sofrimento dos mais vulneráveis da sociedade.
Compaixão, caridade, misericórdia... Atos e palavras de amor ao próximo.
O que a Psicologia acrescenta aqui é um discernimento de cautela. Quer dizer: é bom e até salutar diferenciarmos “bobão” de bondade, justiça de generosidade. Explico: Fazer o bem é bom, é necessário, é substancial. No entanto, ser generoso demais poderá deixar um sujeito mal acostumado, ou colaborar para mantê-lo nos seus maus costumes, ou seja, o gesto bom pode produzir um mal. Generosidade demais também pode alimentar o egoísmo de uma pessoa egoísta. O generoso demais é um “bobão”. Já quem é justo faz bondade sem ser bobo. Age como certa vez ensinou Madre Teresa de Calcutá: às vezes é preciso dar primeiro o peixe pra depois ensinar a pescar, pois a pessoa pode estar tão fraca que mal conseguesegurar a vara; depois da pessoa fortalecida, alimentada, nutrida, é necessário sim ensiná-la a pescar. Isso é humanidade de base. Isso é bondade, isso é justiça social.
Precisamos cuidar especialmente das crianças. Seres inocentes, frágeis, que não entendem por que não tem comida, por que não tem água, por que não tem cobertor, por que não tem carinho, por que não tem brinquedo, por que não podem brincar.

Comente, compartilhe!