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Obedecer ou perecer

terça-feira, 28 de junho de 2022
Obedecer ou perecer Imagem: Divulgação

Eu Sou a videira, e vós sois os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.
(Jesus Cristo)
(Confira em: João 15, 5)

 

Obedecer ou perecer.
 
Para quem não gosta muito de ler, creio que não há necessidade de me estender.
 
O entendimento é intuitivo, imediato, e escreverei aqui de modo muito simples, do jeito que o povo gosta e fala: quem obedece a Deus se dá bem, quem desobedece a Deus se dá mal. Pronto. Não tem jeito de ser diferente.
 
Agora, pra quem gosta de conhecer mais profundamente os fundamentos, a essência da fé e da prática cristã, me acompanhe nas salutares reflexões subsequentes...
 
Não basta dizer “obedeça”! Não.
 
Antes de obedecer, é necessário compreender... Entender o valor sagrado da obediência. Por que obedecer? A quem obedecer? O correto entendimento produzirá espontâneo desejo de obediência. É o que se espera do cristão: comprometimento e coerência.
 
Aprofundemos a nossa reflexão:
 
“Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!”, disse o apóstolo Paulo (Filipenses 4, 4). Note que Paulo dá ênfase na palavra “alegrai-vos.” Em Deus, mesmo nas dificuldades, não desanimamos. Leia também Tiago 1, 2.
 
Para aquele que crê, as Sagradas Escrituras contém a Palavra de Deus.
 
A Palavra de Deus é uma pessoa, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
 
A segunda pessoa da Trindade Santa é o Filho.
 
Jesus é o Filho de Deus (Leia: Marcos 9, 7).
 
A Palavra de Deus é Jesus Cristo, o Senhor, o Mestre e Salvador (João 10, 30).
 
O Cristo é o Eterno encarnado no homem histórico Jesus de Nazaré.
 
Jesus Cristo: Deus humanizado, homem divinizado.
 
Às vezes encontramos a expressão Cristo Jesus.
 
Cristo (Ungido) Jesus (Salvador).
 
Cristo é um título, representa o Eterno, o enviado, o atemporal, encarnado no tempo, em Jesus de Nazaré, nascido de Maria, serva do Senhor, cheia de graça (Leia: Lucas 1, 26-55). Maria e José acolheram, protegeram, amaram e educaram o menino Jesus.
 
São muitos os mistérios da fé... O Mistério da Santíssima Trindade. Deus Trino, que é o único Deus, com três aspectos: O Criador (Pai), o Redentor (Filho), e o Amor (Espírito Santo).
 
O Pai se personificou em José. O Filho se encarnou em Jesus. O Espírito Santo se espiritualizou em Maria. Existe uma real identificação entre a Santíssima Trindade e a Sagrada Família. Uma identificação não tão bem compreendida por muita gente.
 
Para compreender, é necessário conhecer o conceito, o significado de cada expressão: personificar, encarnar, espiritualizar. José assumiu a paternidade, personificou o caráter bondoso de Deus. Deus se encarnou, assumiu a forma humana no homem Jesus, para ficar ainda mais perto de nós, sentir como nós, compreender ainda melhor cada um de nós. Maria foi tão obediente e orante, que ficou toda cheia da graça do Espírito, ficou espiritualizada pela presença diária do bom Deus.
 
E os mistérios seguem...
 
O homem Jesus revela o Mistério da Encarnação. Deus Filho se fez homem entre nós. Note como o Deus cristão é um Deus próximo, que ama profundamente, que está junto, que se comunica diretamente.
 
Jesus é verdadeiro Deus, é verdadeiro homem; é plenamente Deus, é plenamente homem. Os que assim não creem cometem heresia, erro de interpretação, e ensinam tergiversações. Coube a Igreja de Jesus realizar concílios ao longo da História, para fazer as devidas correções das mentalidades distorcidas.
 
Note que o ensino de Jesus, o ensino da Sua Igreja, que fala do Seu Reino, do Reino de Deus, para os cristãos tem total valor, tem plena fundamentação de autoridade – uma autoridade que não foi inventada, mas dada à Igreja pelo próprio Jesus.
 
A autoridade do ensino salvífico percorre a dimensão católica, isto é, está na dimensão universal, pois o desejo de Jesus é que todos conheçam a Verdade e todos se salvem (Leia: 1 Timóteo 2, 4). Todos! A autoridade do ensino de Jesus não se direciona a um pequeno grupo de “eleitos”. A mentalidade de Jesus não é tribal.
 
Por isso, o Magistério da Igreja que Ele, Jesus, fundou, na Palestina, há mais dois mil anos, na fé e na pessoa de Pedro, dando a Pedro a autoridade administrativa, o poder das chaves, dos cuidados com a comunidade, seguindo a tradição apostólica, dos primeiros cristãos e padres da Igreja, dos doutores da Igreja, dos santos e santas de Deus, precisa ser ouvido com respeitosa atenção (Confiram em: Mateus 16, 16-19; João 21, 15-17; 1 Timóteo 3, 15; Lucas 10, 16).
 
Dê uma pausa... Respire um pouco. Reflita sobre o que foi dito até aqui. Depois prossiga a leitura com confiança e serenidade.
 
...
 
Tudo foi feito por meio de Cristo.
 
Leia: Evangelho segundo João, capítulo 1, versículos de 1 a 5.
 
As Sagradas Escrituras falam de Jesus Cristo (2 Timóteo 3, 16-17; João 5, 39).
 
São Jerônimo, tradutor bíblico que viveu há aproximadamente mil e seiscentos anos, afirmou que “ignorar as Escrituras é ignorar Cristo.”
 
Jesus, o Cristo, é a chave interpretativa das Escrituras. Sem a ótica de Jesus, sem uma fé cristocêntrica, muitas passagens da Bíblia podem parecer confusas, estranhas, perigosas, absurdas, incompreensíveis. Sem Jesus, a leitura das Escrituras pode parecer um caos em algumas pesagens, e gerar muito mais revolta do que fé, muito mais desejo de distanciamento do que proximidade. Por isso é arriscado e até de certo modo perigoso simplesmente distribuir Bíblia por aí, sem propor a instrução, sem dar a correta interpretação.
 
A Verdade é Jesus.
 
Mas é verdade também que Jesus Cristo transcende o livro sagrado. Vai muito além...
 
Leia com atenção: Evangelho segundo João, capítulo 21, versículo 25.
 
Deus não está preso de capa a capa, asfixiado dentro de um livro, mesmo sendo o livro sagrado, ou melhor, o conjunto de textos sagrados/inspirados que formam o livro.
 
Deus é Espírito, sopra onde quiser. Não podemos impor limites a Deus. Deus é Deus.
 
Por isso surge a necessidade do discernimento ao longo do tempo, a necessidade de entender a orientação do Espírito que sopra, que ilumina, que orienta, que faz lembrar da mesma verdade pronunciada aos primeiros instruídos, aos santos, aos mártires.
 
Jesus deixou o seu ensinamento, um ensino que precisa ser praticado. Sem prática, a fé se esvazia. Sem prática, as tribulações nos arrastam rumo à perdição, em direção à destruição.
 
Como vimos, Jesus é o próprio Deus encarnado.
 
Por essa explicação simples já podemos entender o motivo pelo qual as Sagradas Escrituras, com a ótica de Jesus, junto do Pai, na ação do Seu Espírito, são normas de fé e conduta.
 
Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ele é a Luz que dissipa as trevas da confusão e da perturbação. Ele é a porta que nos oportuniza a correta renovação da mente.
 
Ora, sendo assim, o que Jesus ensina não pode ser relativizado, não pode ser negociado. As palavras de Jesus não podem ser falsificadas. Interpretações fora daquilo que sempre ensinou e ensina o Magistério da Igreja de Jesus, sempre são e serão interpretações perigosas.
 
O ensinamento de Jesus Cristo é verdade inegociável, quer dizer, o fiel a Cristo é fiel em qualquer circunstância. O fiel a Cristo age com coerência e comprometimento. O fiel a Cristo não busca se adequar às tentações do mundo seduzido pelo diabo. O fiel a Cristo tem temor a Deus, ou seja, nutre respeito profundo a Deus, procura não desagradar ao Senhor. O fiel a Cristo sabe que o que está em disputa é a alma e, pela conduta diária do ser humano, poderá ser salva ou poderá se deparar com a danação.
 
Jesus sempre é contundente, assertivo no seu ensinamento. Jesus dá ordens. Ele dá ordens porque tem autoridade para isso. Orienta o que fazer, e orienta com força e coragem. Dando ordens, Jesus nos pede confiança, fidelidade, obediência e gratidão como resposta. Dois exemplos de ordenanças de Jesus:
 
“Este é o meu mandamento: Amem-se uns aos outros, como eu vos tenho amado (...). O que vos mando é isto: que amem-se uns aos outros.” (João 15, 12.17). Você notou, leitor(a)? Jesus está mandando, está nos dando ordens.
 
Segundo exemplo: “Não fiquem preocupados quanto à vida de vocês (...). Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça.” (Mateus 6, 25.33). Notou? Novamente, Jesus nos dá ordens: “não fiquem preocupados”, “busquem.” São imperativos.
 
Quem assim enxerga, consegue ver que o livre arbítrio é o exercício respeitoso, responsável e consciente da liberdade, e a liberdade em Cristo jamais se confunde com libertinagem. Libertinagem é zombaria, é deboche diante de Deus. Libertinagem não é prática cristã.
 
O cristão busca obedecer a Cristo. Obediência é sinal de humildade. Humildade é sinal de inteligência, sensibilidade, sabedoria, saúde e santidade. Jesus é humilde (Mateus 11, 29), por isso, obediente (João 6, 38-39).
 
As palavras humildade e humanidade vem de húmus, que quer dizer terra fértil, área fecunda. O ser humano humilde é aquele que tem o coração fecundo, que se comove, que tem compaixão, misericórdia, boa vontade, iniciativa, que busca as realidades espirituais eternas (Colossenses 3, 2) e, por isso, renova a sua mente (Romanos 12, 2), agrada a Deus. O ser humano humilde é aquele que está aberto ao sadio e santo aprendizado, e quando aprende, manifesta genuína gratidão. Testemunha em palavras e gestos.
 
Agradar a Deus significa respeitá-Lo profundamente. Eis o princípio da sabedoria (Provérbios 1, 7).
 
O humilde obedece... Obedece porque respeita. Respeita porque crê. Crê não porque vê o Senhor, mas porque sente e percebe os efeitos da sua santa presença em Espírito e em Verdade.
 
 
Quando o cristão responde a Deus obedientemente, praticando o ensinamento de Jesus Cristo, o Senhor então o protege, mesmo em meio às tribulações. Podemos chamar isso de bênção, de graça, de livramento, mesmo não havendo pleno entendimento dos desígnios de Deus para o momento em que uma situação às vezes nos atropela. A compreensão poderá ser subsequente, vindoura.
 
Nós conhecemos no máximo o amanhã. Deus conhece toda a eternidade. Por isso é necessário resignação, contemplação, meditação e oração diária, que nos fará nutrir a arte de pacientemente observar, entender alguma coisa e assimilar, antes de apressadamente testemunhar.
 
Há quanto tempo os cristãos vem recebendo as orientações do seu Mestre, Jesus Cristo? Pelo longo tempo, diz o autor da Carta aos Hebreus, já era para cada cristão ter se tornado mestre, mestre na fé (Hebreus 5, 12; Salmo 119/118, 105). No entanto, muitos ainda se comportam como inimigos da cruz de Cristo, como relata, em lágrimas, o apóstolo Paulo (Filipenses 3, 18). E isso é uma incoerência cristã. Mesmo depois de tanto conhecer, notamos ainda muito desfalecer, pelo motivo do cristão não se comprometer.
 
Para o cristão, o ensino de Jesus é regra de fé e prática. Deveria ser normal ao cristão pensar assim, falar assim, agir assim. Praticar o ensino de Jesus porque Nele crê, nutre a fé Nele, deseja permanecer Nele. E foi assim que Ele, Jesus, orientou a fazer: praticar o seu ensinamento (Mateus 7, 24-27; Tiago 1, 22).
 
Quem pratica é feliz, apesar das angústias de viver neste mundo de muitos modos injusto.
 
Você quer ser feliz? Leia o Salmo 1. Leia o Sermão da Montanha (capítulo 5 do Evangelho segundo São Mateus) e também o capítulo 6 do mesmo Evangelho de Mateus. Note bem o que Jesus ensina e nos pede para praticar.
 
O livro de Eclesiástico ou Sirácida também nos oportuniza uma salutar reflexão (Leia: Eclesiástico 30, 22-27). Com serenidade, com paciência, vamos entendendo o que orienta outro livro sagrado, desta vez o livro de Eclesiastes, capítulo 3, versículo 1. Confira!
 
Assim poderemos repousar num sono reparador, como escreveu o salmista (Leia: Salmo 4, 9). Lembre-se que o universo é aliados dos justos (Sabedoria 16, 17).
 
Respire fundo novamente, acalme o seu coração, amenize seus pensamentos, e só depois prossiga junto à essa nossa ampliada reflexão...
 
...
 
Não raro alguns pensamentos podem nos confundir. Surge então a necessidade de fazermos algumas perguntas e, em seguida, com serenidade, irmos ao encontro das respostas, pedindo ao Espírito Santo a graça do discernimento.
 
Seremos julgados pelo nosso comportamento. Creio que você já entendeu que o ensino de Jesus é uma proposta comportamental, uma fascinante tomada de consciência, um inesquecível aperfeiçoamento pessoal e uma jornada de transformação social. O ensinamento de Jesus não é mera teoria.
 
Está na dúvida entre fazer parte ou não de lugares que desagradam a Deus? Leia: Jó 28, 28; 1Coríntios 15, 33-4; 1Pedro 5, 8; Mateus 6, 13.
 
Você ainda não sabe responder se é mesmo necessário ou não buscar a santidade como padrão de vida? Leia: Levítico 11, 44; 19, 2; João 8, 11; 1Pedro 1, 15-16; 2, 15; 3, 15-18.
 
Você deseja ver o Senhor? Leia: Hebreus 12, 14.
 
Você acredita que o mundo inteiro está convertido? Evidentemente não. Nem estará. Por isso devemos nos defender, confiando nos cuidados de Deus (1Pedro 5, 7), e fazendo uso das orações (Efésios 6, 12-18; 1 João 3, 8-9). O próprio Jesus fez uma bela oração ao Pai (João 17, 15). A iniciante comunidade cristã, logo após a elevação de Jesus ao Céu, já era uma comunidade de oração e partilha (Leia: Atos dos Apóstolos 1, 14; 2, 42).
 
Você não sabia que todo cristão tem um missão sacerdotal, e quem não se comprometer será vomitado por Deus? Pois então leia: Apocalipse 1, 6; 3, 16.
 
Depois desses esclarecimentos, você acredita que alguém esteja brincando de salvação?
 
Alguém está contando uma piada?
 
Será que o ensino de Jesus é uma bobagem? Uma invenção dos homens ou da Igreja para oprimir e dominar outros homens?
 
Não se trata de ameaça, mas de alerta, aviso, orientação, pois o que está em questão é a nossa eternidade! Queremos ou não queremos estar um dia na eternidade sempre nova e feliz na presença de Deus, de nossos entes queridos, familiares e bons amigos?
 
Repetimos: Seremos julgados pela nossa conduta (Confira em: Romanos 14, 12; 2 Coríntios 5, 10; Mateus 25, 31-46). Será tudo isso lorota?
 
Mantenhamos, todos, os olhos fixos em Jesus (Hebreus 12 ,1-2)!
 
Quando o assunto é a seriedade da bondade de Deus, não nos cabe ficar fazendo piadinhas.
 
Encerro com uma citação já feita no início deste artigo de fé:
 
“Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Filipenses 4, 4).
 
Essa alegria que nos pede Paulo, pode ser resumida numa única palavra quando estivermos sempre diante da presença do Deus vivo, de modo especial na Eucaristia: confiança.
 
Confiantes, estaremos entregando e consagrando todas as dimensões da nossa vida aos cuidados de Deus.
 
Deus nos orientará, Deus nos protegerá, Deus nos abençoará na nossa caminhada, no nosso dizer, no nosso agir, no nosso calar, no nosso pensar, no nosso repousar.
 
Confiantes e entregues a Deus, naturalmente seremos gratos.
 
Portadores da gratidão, espalharemos uma onda de paz na Terra.
 
E assim o mundo será melhor.
 
Assim seja. (Nicola Archangello)
 
 

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