Com a morte de Silvio Santos, ocorrida neste sábado, 17 de agosto, em decorrência de uma broncopneumonia causada pela gripe H1N1, o professor Jair Hermínio resolveu homenagear o apresentador contando detalhes de sua trajetória vivida no programa Show do Milhão.
Também chamado de "Homem Enciclopédia" por ter respondido vários tipos de perguntas, abordando os mais variados temas, no Programa Show do Milhão, do SBT, o profossor Jair está aposentado e continua morando em Guaxupé.
Até aquele programa, que foi ao ar no ano de 2002, nenhum outro concorrente havia arriscado a responder a questão final. Todos se contentaram com os R$500 mil.
Abaixo, Jair relembra a história vivida na televisão, na qual ele jamais esquecerá.
Itápolis, 2001. Residência de Maria José Camargo.
"Um dia, visitando minha ex-diretora de escola, surgiu a ideia de mandar uma revista do “Show do milhão” para o SBT. Combinamos que, se fosse sorteada, eu iria representá-la, respondendo às perguntas.
Logo, recebi um telefonema, em Guaxupé, que a carta fora sorteada e que eu deveria ir para São Paulo no dia e hora aprazados. Fui para lá, onde encontrei Maria José. Levaram-nos para um hotel no centro da cidade, onde nos hospedamos.
Na manhã seguinte, logo cedinho, foram nos buscar para ir ao estúdio. Lá chegando, encontramos com os outros que iriam participar do programa e fomos para uma ampla sala, e, dali a pouco, chega Sílvio Santos, todo sorridente, como sempre, cumprimentando a todos nós, desejando-nos boa sorte.
Aproveitei e perguntei a ele sobre um programa que ele tinha na TV TUPI, na década de 70 “Sua Majestade, o IBOPE” e que eu tomara parte como jurado, com Pedro de LARA, Elke Maravilha, Araci de Almeida... Relembramos aquela época...
Dali, após explicações sobre a gravação, fomos para o estúdio. Cada participante foi para seu lugar. Eu fui o primeiro a ser sorteado para participar. Tomei o meu lugar e logo começaram as perguntas, que não eram nada fáceis, sobre temas diversos: História, geografia, Biologia, conhecimentos gerais... A cada pergunta feita, eu me estendia, dando uma verdadeira aula de conhecimento do assunto. Não me contentava em apenas responder às perguntas feitas.
Como tenho um bom conhecimento de grego, certas questões difíceis, para mim se tornaram fáceis. Questões de esporte, de literatura, autores brasileiros, faraós, nomes de doenças, tudo eu achava imensamente fácil. Finalmente as perguntas chegaram ao fim. Sílvio Santos elogiou-me bastante, dizendo que nunca havia ido responder a perguntas, alguém que não se embaraçasse nas respostas, que eu precisava ganhar o milhão, pois ninguém se arriscava a ir para a pergunta final, que muitos achavam que havia algo, pois o prêmio não saía. Dizia que o Natal estava chegando e que ele queria entregar-me o prêmio. Foram só elogios por parte dele. Já estava me preparando, trocando de roupa, para a última pergunta, quando Sílvio disse que iria deixar para gravar no outro dia. Eu achava que deveria ser naquele dia, pois já estava naquele entusiasmo grande para prosseguir.
Na manhã seguinte, logo às 5h00, já estavam nos esperando para ir para os estúdios. Não consegui dormir um instante naquela noite que antecedeu a gravação. Muita ansiedade.
Chegamos, nos dirigimos a uma pequena sala, onde fiquei recluso, sendo acompanhado sempre por alguém, até quando precisava ir ao toalete. Chegou a hora do almoço. Voltei para aquela salinha. A dor de cabeça aumentava a cada instante, não sei se pelo cansaço por não ter dormido. Finalmente, às 14h30, nos chamam para a gravação final.
Esperava uma questão bem difícil, como aquelas do dia anterior. Mas que nada! A pergunta foi: “Quantas letras aparecem na Bandeira brasileira? Super fácil! 20 segundas para a resposta. Mil coisas nos vêm à cabeça. Pensei até na frase de Dom Pedro I “Independência ou Morte” e também a do lema da bandeira do Brasil: “Ordem e Progresso”. E quantas outras! Mentalmente, contei 16 letras: (Ordem ou Progresso) e não “e”, o que deu uma letra a mais. Se tivesse sido uma pergunta bem difícil como as do dia anterior, eu teria respondido com facilidade, sem vacilar. Mas foi muito fácil. Não poderia deixar de responder. E deu errado.
Deus sabe o que é bom para nós. Se Ele não permitiu que eu acertasse, houve uma razão plausível. Talvez fosse a perdição para mim. Deus sabe o que faz. Não permitiu que eu acertasse por algum motivo. E nunca um milhão ou a metade disse fez falta para mim. Continuei fazendo minhas viagens pelo mundo da mesma maneira. Sempre aprendendo como costuma acontecer.
Não fiquei sem chumbo, pois em seguida, Luciana Gimenez me convidou para participar do Super Pop, onde ganhei dois Gols zero.
Toda essa experiência valeu muito. Fiquei conhecendo muitos artistas e funcionários do SBT, inclusive o Lombardi e a esposa dele.
Deus sempre escreve certo por linhas tortas. Ter participado do Show do Milhão valeu e muito!"
(Jair Hermínio da Silva)