Guaxupé, sexta-feira, 3 de maio de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Sem ícones, a fé tende a se esvair

quarta-feira, 11 de novembro de 2020
Sem ícones, a fé tende a se esvair

Seguirei pela reflexão sobre a psicologia das religiões.
Você já aprendeu que a fé é uma potência psíquica, quando praticada.
Pois bem...
Para que a fé não desapareça, os líderes religiosos pedagogicamente criam ícones, figuras, imagens para satisfazer uma necessidade psicológica.Tais objetos representativos e simbólicos são facilitadores para o despertar da fé.
Nós, seres humanos, somos seres sensíveis.
Dificilmente algo chega ao intelecto sem antes passar pelo sensível, já dizia, com razão, Aristóteles.
No hinduísmo existe o cordão feito de contas (japamala) para facilitar a meditação.
O budismo esculpe suas estátuas representativas.
O judaísmo tem também suas representações em imagens, como a Arca da Aliança, os Querubins, a Serpente de Bronze.
O cristianismo católico apresenta aos fiéis, como lembrança de conduta em busca da santidade (Confira em Levítico 11, 44 ; Hebreus 12, 14; 1 Pedro 1, 16), imagens representativas de pessoas com marcante relevância na comunidade em que viveram, surgindo, a partir disso, as sinceras devoções. Existe também a Eucaristia, onde, pela fé, o fiel católico recebe o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Jesus Cristo. O fiel vê a hóstia e o vinho, toca, sente o sabor, o cheiro, degusta, renova a fé no silêncio da oração.
O cristianismo reformado (ou protestante), considerado histórico, usa algumas imagens semelhantes às da Igreja Romana.
Já o cristianismo denominado evangélico pentecostal e neopentecostal, usa imagens da própria comunidade, fotografias doseventos, dos cultos, utiliza vídeos, cria placas, cartazes, quadros com textos bíblicos.
O ser humano tem natural e instintiva necessidade de olhar, tocar, cheirar, degustar, ouvir, sentir, perceber, para melhor compreender. De fato é assim mesmo que acontece, com todos nós, sem exceção. É nossa necessidade psicológica.
Essa necessidade manifestada através da iconografia, da imagética, no entanto, pode gerar confusão, exageros, alienação e superstições.
A princípio, imagens servem para imaginar, venerar, admirar, contemplar, reviver, recordar, comover, assimilar. São objetos decorativos também.
Por outro lado, tem gente que idolatra, transforma a imagem num Deus, e fica conversando com quadro, gravura ou estátua, como se o objeto em si tivesse vida e pudesse responder a uma súplica. Gente que faz isso é gente muito simples, fragilizada nas suas carências e necessidades de afeto. Gente assim deve ser esclarecida com muito carinho e respeito. Gente assim está com saudade, tem necessidade de encontro e esperança de reencontro.
Mas é em espírito que o real se revela eterno. As imagens são apenas recursos temporários que nos faz recordar da presença viva do infinito.

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