O diálogo é uma modalidade privilegiada e indispensável para viver, exprimir e maturar o amor na vida matrimonial e familiar. Mas requer um longo e diligente aprendizado. Homens e mulheres, adultos e jovens têm maneiras diferentes de se comunicar, usam linguagens diferentes, regem-se por códigos distintos. O modo de perguntar, a forma de responder, o tom usado, o momento escolhido e muitos outros fatores podem condicionar a comunicação. Além disso, é sempre necessário cultivar algumas atitudes que são expressão de amor e tornam possível o diálogo autêntico.
Reservar tempo, tempo de qualidade, que permita escutar, com paciência e atenção, até que o outro tenha manifestado tudo o que precisava comunicar. Isto requer ascese de não começar a falar antes do momento apropriado. Em vez de começar a dar opiniões ou conselhos, é preciso assegurar-se de ter escutado tudo o que o outro tem necessidade de dizer. Isto implica fazer silêncio interior, para escutar sem ruídos no coração e na mente: despojar-se das pressas, colocar de lado as próprias necessidades e urgências, dar espaço. Muitas vezes um dos cônjuges não precisa de uma solução para os seus problemas, mas de ser ouvido. Tem de sentir que se apreendeu a sua mágoa, a sua desilusão, o seu medo, a sua ira, a sua esperança, o seu sonho. Todavia, é frequente ouvir essas queixas: "Não me ouve. E quando parece que ouve, na realidade está pensando em outra coisa", "Enquanto falo tenho a sensação de que está esperando que acabe logo", "Quando falo com você, tenta mudar de assunto ou me dá respostas rápidas para encerrar a conversa".
Desenvolver o hábito de dar real importância ao outro. Trata-se de dar valor à sua pessoa, reconhecer que tem direito de existir, pensar de maneira autônoma e ser feliz. É preciso nunca subestimar o que o outro diz ou reivindica, ainda que seja necessário exprimir o meu ponto de vista. A tudo isto subjaz a convicção de que todos têm algo para dar, pois têm outra experiência de vida, olham de outro ponto de vista, desenvolveram outras percepções e possuem outras capacidades e intuições. É possível reconhecer a verdade do outro, a importância das suas preocupações mais profundas e a motivação que fundamenta o que diz, inclusive as palavras agressivas. Para isso, é preciso colocar-se no lugar do outro e interpretar a profundidade do seu coração, individuar o que o apaixona, e tomar essa paixão como ponto de partida para aprofundar o diálogo.
Amplitude mental, para não se encerrar obsessivamente em umas poucas ideias, e flexibilidade para poder modificar ou completar as próprias opiniões. É possível que, do meu pensamento e do pensamento do outro, surja uma nova síntese que enriqueça a ambos. A unidade, a que temos de aspirar, não é uniformidade, mas uma "unidade na diversidade" ou uma "diversidade reconciliada". Neste estilo enriquecedor de comunhão fraterna, seres diferentes encontram-se, respeitam-se e apreciam-se, mas mantêm distintos matizes e acentos que enriquecem o bem comum. Temos de nos libertar da obrigação de sermos iguais. Também é necessário sagacidade para advertir eventuais "interferências" a tempo, a fim de que não destruam um processo de diálogo.
Ter gestos de solicitude pelo outro e demonstrações de carinho. O amor supera as piores barreiras.
Exortação Apostólica Pós-Sinodal AMORIS LAETITIA - Sobre o Amor na Família, Papa Francisco, ano 2016, números 136 a 140.
Nota-se, neste documento elaborado por Francisco, Bispo de Roma, o 266º sucessor de S. Pedro (Ministério Petrino), pertencente ao Magistério da Igreja, um profundo conhecimento psicológico.
As orientações do Papa Francisco são necessárias, precisas e contundentes.
São elucidações eficazes para fazer do lar um território sagrado.
Optei não comentar o que já ficou bastante evidente.
Leia quantas vezes você considerar necessário.
Coloque em prática.
Busque ser feliz.
Deseje a paz.