Faleceu, aos 89 anos de idade, nesta madrugada do dia 05 de março de 2024, terça-feira, o Padre José Luiz Gonzaga do Prado.
Padre Zé Luiz se dedicou à Igreja de Jesus de muitas maneiras.
Padre Zé Luiz falava e traduzia textos originais da época de Jesus, o aramaico e o hebraico. O padre era também conhecedor de outras línguas, dentre elas o grego, o latim, espanhol, inglês e alemão.
Sobre as Sagradas Escrituras, foi também conhecedor profundo de exegese e hermenêutica.
Ele foi um dos oficiais tradutores bíblicos. Quando pegamos, por exemplo, a Bíblia Sagrada Edição Pastoral, lá está o nome do Padre Zé Luiz, como um dos tradutores. Dos textos originais, ele traduziu Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, 1 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, 1 e 2 Macabeus e Profetas.
Padre Zé Luiz ajudou a traduzir também os Evangelhos de Marcos e Mateus.
Apesar de ser muito estudioso, gostava de viver junto das pessoas simples e iletradas. Ele as considerava sua maior escola.
Eu tive o privilégio de poder ter estudado pessoalmente com ele, durante três anos consecutivos, quando o padre residiu em Guaxupé.
Zé Luiz foi grande amigo do também saudoso Padre Olavo, da Igreja São José Operário, e primo do Padre Marcelo Prado, que também pertenceu à Diocese de Guaxupé, chegando a se tornar pároco da Catedral Diocesana Nossa Senhora das Dores.
Foi professor de muitos seminaristas e leigos.
Meus pais fizeram curso bíblico com ele e, na dedicatória, o padre registrou assim:
_"Que o Espírito Santo guie seus passos no dia a dia."_
Simples, direto, convicto e contundente.
Padre Zé Luiz deixou algumas opiniões polêmicas a respeito da interpretação equivocada da Bíblia, alguns exageros cometidos, e até fez algumas críticas sobre a Renovação Carismática Católica. Mas as coisas iam pouco a pouco sendo esclarecidas com paciência e humildade.
Dos vários ensinamentos que eu tive do padre Zé Luiz, o que mais me causou impacto não foram reflexões teológicas nem debates acadêmicos, e sim o fato de que nós, seres humanos, precisamos nos reconciliar com nós mesmos.
De acordo com o Padre José Luiz, significa pedir perdão a si próprio, reconciliar-se com a própria história, não cometer pecado contra a consciência de quem somos, fazer um corajoso exame diário de autoconhecimento, afinal, somos imagem e semelhança de Deus.
Deus nos habita e está no meio de nós. Porém, infelizmente, muitos dos nossos pensamentos, atos e palavras deflagram nossos erros, nossos pecados, nossa zombaria.
A respeito da multiplicidade crescente de denominações cristãs, Padre Zé Luiz não manifestava preocupação, pois se tratava de um fenômeno inevitável. Para ele, o mais importante era o que cada igreja estava verdadeiramente oferecendo à comunidade, no intuito de colocar em prática o ensinamento misericordioso de Jesus de Nazaré.
Padre Zé Luiz tinha grande admiração pelo teólogo Joseph Ratzinger, que se tornou posteriormente o Papa Bento XVI.
Padre José Luiz estudou em Roma e afirmou que, às vezes, se encontrava com Ratzinger por lá. Eles se encontravam numa cafeteria, onde então conversavam. Disse que Ratzinger era uma pessoa muito humilde e tímida. E profundamente estudioso. Um teólogo brilhante.
Padre Zé Luiz já é membro da eternidade em Deus! Mais um sacerdote compondo a Igreja Triunfante.