Guaxupé, sexta-feira, 3 de maio de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

O Impacto da Voz

quinta-feira, 24 de setembro de 2020
O Impacto da Voz

A dublagem brasileira já foi considerada uma das melhores do mundo. Foi rica em interpretações. Foi precisa ao entrar na alma de cada personagem. Foi uma dublagem generosa com o ator e com a atriz de Hollywood.
Hoje já nem tanto, infelizmente. Mas boa parte dos grandes dubladores ainda vive, e os filmes por eles dublados ainda estão por aí, encantando.
Quando lemos legendas, perdemos grande parte das imagens, prejudicando a mensagem. Não dá pra ler e observar detalhes das expressões dos personagens e dos cenários ao mesmo tempo. Além disso, a maioria das legendas é feita num modo de tradução “seca”, muito literal, sem vida, sem muita graça. Daí a grande importância de uma estupenda dublagem, feita por exímios atores e atrizes.
Claro que muita gente com inglês fluente, de fala e audição frequentes, também gosta de assistir ao filme sem legenda e sem dublagem. Não abre mão das vozes originais dos personagens. Quer ouvir o ator original falando, e não o dublador.
Na verdade uma forma de arte não exclui a outra. Cada um assiste ao filme como deseja, como prefere, ou como consiga e possa assistir.
Mas estou falando aqui da dublagem, da capacidade de empatia e simpatia de grandes atores brasileiros.
A excelente dublagem brasileira encantou não somente brasileiros, mas também grandes estúdios de Cinema de Hollywood.
Orlando Drummond, que fez várias vozes, dentre elas a do Scooby-Doo e do Alf, o ETeimoso, chegou a ser convidado para trabalhar nos Estúdios Disney. Mas não quis deixar o Brasil. Por aqui ficou, nos dando muitos momentos de alegria.
Vou citar algumas outras vozes que fizeram e ainda fazem parte do nosso imaginário cinematográfico, afetivo e familiar. Citarei apenas algumas das vozes que se tornaram as mais conhecidas feitas por alguns dos grandes atores e atrizes. Apenas algumas vozes, pelo menos as mais conhecidas, pois cada ator, cada atriz, fizeram muitíssimo mais. Acompanhe você alguns momentos... Será fácil recordar, não os nomes dos dubladores que talvez você nunca tenha ouvido falar, mas as vozes deles:
Mário Jorge Andrade, que fez a voz de Gorpo, do He-Man, a voz de Eddie Murphy (Um Tira da Pesada e Dr. Dolittle), a voz do Burrinho do Shrek.
Isaac Bardavid, com a voz do Esqueleto (He-Man) e do Wolverine.
Mário Monjardim, com a voz do Salsicha (Scooby-Doo) e do hilário Gene Wilder (do filme Cegos, Surdos e Loucos).
Darcy Pedrosa, com as vozes para Jack Nicholson (Coringa, no Filme Batman, de 1989), Gene Hackman (Lex Luthor, em Superman – O Filme, de 1978), Antonhy Hopkins (no Filme O Silêncio dos Inocentes, de 1991).
Quantas e quantas vezes nós já ouvimos a famosa frase: “Versão brasileira, Herbert Richers”, na voz de Márcio Seixas!
Maria Helena Pader, nas vozes de Glenn Close (101 Dálmatas) e Anjelica Huston (A Família Addams, de 1991).
Mônica Rossi, nas vozes de Demi Moore (Ghost, do outro lado da vida) e Cameron Diaz (O Máskara).
Mariângela Cantú na voz de Sigourney Weaver (Alien – O 8º Passageiro, de 1979).
E por aí vai...
Interessante você assistir a algumas entrevistas com esses grandes artistas brasileiros (atores e atrizes no ramo da dublagem), pra conhecer a trajetória de cada um.
São vozes que marcaram e continuam deixando registros de afeto em quem as ouve.
Imagens são importantes. Vozes também.
Explicando um pouquinho mais: Dentro da barriga, o bebê não vê a sua mãe. Mas a ouve. Ouve também as outras vozes que se aproximam da barriga, a voz do papai, da vovó, do vovô.
Não é à toa que quando fechamos os olhos, conseguimos identificar aspectos ou caraterísticas mais detalhadas da voz de alguém.
Sabemos também do contexto judaico-cristão, revelando a importância das vozes. É dito que pessoas de fé ouviam as vozes do Alto. Por exemplo, no episódio da Transfiguração de Jesus, os apóstolos Pedro, Tiago e João ouviram a voz de Deus dizendo: “Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha afeição; ouvi-o.” (Mateus 17, 5).
Note que o som é uma força criativa com potencial de transformação!
E para você? Quais são as vozes que te fazem parar, apreciar, se comover e seguir prestando atenção?
Você tem consciência da própria voz? Já se ouviu em gravação de áudio?
Você tem consciência do impacto que sua voz causa em alguém, despertando boa lembrança ou gerando satisfação de presença?

 

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