Guaxupé, sábado, 27 de abril de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

A parede e a porta: Psicoterapia não é necrotério

terça-feira, 13 de junho de 2023
A parede e a porta: Psicoterapia não é necrotério Imagem: Divulgação

O passado é importante?
 
Sim, claro que é. Faz parte da nossa história.
 
Analisar o tempo vivido nos permite compreender melhor o tempo presente, e almejarmos um futuro mais esperançoso, ainda que somente pela fé.
 
O passado é sempre uma oportunidade de aprendizado.
 
Daquilo que foi ruim, temos o dever de impedir que se repita.
 
Daquilo que foi bom, podemos nos esforçar para melhorar.
 
O passado é nosso professor.
 
O problema é quando algumas pessoas se tornam prisioneiras do passado. Não saem dele. Não encontram a saída.
 
O pior é quando não querem mesmo sair do passado, mesmo quando alguém mostra o caminho do livramento, da conversão, do insight, do autoconhecimento, da solução, da salvação... Aí não dá pra ajudar mesmo, a menos que a pessoa exorcize esse espírito de teimosa obsessão.  
 
Indivíduos prisioneiros do passado se transformam em pessoas melancólicas verborrágicas assombradas por fantasmas, demônios.
 
É como se quisessem atravessar uma parede de concreto com tapas e socos.
 
Se esforçam – sim, curiosamente se esforçam – em não olhar para o lado e avistar a porta, logo aí, bem pertinho, encontrando a saída. E sair! E viver! Mas não saem. Culpam a maçaneta.
 
Fazem da vida um nada sem sentido nem propósito.
 
Alguns buscam psicoterapia querendo fazer das sessões a mesma lamúria enlameada de discursos intermináveis, tediosos e inúteis... Adoradores de vermes putrefatos e ossos ressequidos.
 
Se o profissional deixar isso acontecer, não estará ajudando seu paciente. Ao contrário. Estará piorando a situação do paciente, transformando a psicoterapia em necrotério, e seu consultório numa fabriqueta de neuroses. A essência da neurose é a repetição. O paciente não sai do lugar. Não dá passos. Não se mexe. Não vive. Não conta algo novo. Não vive algo novo. Não quer algo novo. Permanece aprisionado no labirinto da mesmice, viciado em resmunguice.
 
Repito: Psicoterapia não é necrotério.
 
Se existe a parede, existe também a porta, bem ao lado.
 
Se existe a angústia nauseante labiríntica, existe também a saída através da renovação da mente, passando para a requalificação de vida e o novo propósito de existência.
 
Mais do que querer, é preciso buscar, fazer algo para efetivamente melhorar. Caso contrário, continuará a afundar no caos da lamúria.

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