Guaxupé, quinta-feira, 2 de maio de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Colunista do Jornal da Região entrevista professora do curso de enfermagem do Senac de Guaxupé, Elisângela Maria Ferreira

terça-feira, 16 de agosto de 2022
Colunista do Jornal da Região entrevista professora do curso de enfermagem do Senac de Guaxupé, Elisângela Maria Ferreira Elisângela Maria Ferreira, enfermeira e professora do Senac Unidade Guaxupé (Foto: Acervo Pessoal)

Nosso Colunista Rodrigo Fernando Ribeiro dessa vez conversou com uma dedicada e afetuosa profissional da saúde, a Enfermeira e Professora do Curso de Enfermagem do Senac Unidade Guaxupé-MG, Elisângela Maria Ferreira (Coren – MG 618858), natural da cidade de Guaranésia-MG.

Elisângela partilhou aspectos comoventes de sua vida, traços perseverantes de sua personalidade sensível e inteligente, trechos da sua força e coragem pela busca da realização de um sonho.

Os profissionais da Enfermagem podem oportunizar acolhimento, esclarecimentos, conforto e alívio às pessoas que passam especialmente por situações de medo, angústia e apreensão.

Confira, na íntegra, essa bela e comovente história de uma mulher vitoriosa, com um olhar que sorri, uma presença que serena, acalma, que leva conforto, confiança e alívio. Numa palavra: credibilidade.
  
Rodrigo: Elisângela, algumas pessoas já elaboram, ainda na infância, a ideia do que gostariam de trabalhar na idade adulta. Esse foi o seu caso, ou a sua escolha pela Enfermagem foi se compondo posteriormente? Cada ação humana é determinada por uma grande soma de motivos. Quais foram os principais motivos que determinaram a sua escolha pela Enfermagem?
Elisângela: Minha escolha pela enfermagem foi se compondo posteriormente.
Desde criança eu brincava com meus colegas de fazer compressas quentes e curativos em machucados fictícios.
Porém, eu desconhecia a profissão de Enfermagem. No meu ambiente familiar não havia nenhum profissional da saúde. Minha mãe era trabalhadora rural e meu pai era motorista.
Não tive muito incentivo familiar para os estudos, já que eu fui a primeira a terminar o Ensino Médio de minha família.
Sempre quis estudar e, desde criança, eu sempre dizia que cursaria o Ensino Superior. Algumas pessoas do meu convívio não acreditava que isso poderia ser possível.
Como na época eu não tinha condições de cursar o Ensino Superior, ingressei no Curso Técnico em Enfermagem. Algumas pessoas diziam que eu não tinha perfil, pois eu era muito medrosa quando criança...
Foi onde ocorreu a grande virada de chave da minha vida! Comecei a trabalhar no Hospital de Guaxupé, onde estive por onze anos, oito na UTI e três na Hemodiálise.
Conheci muitas pessoas, fiz muita amizade, fui muito feliz lá. Meus pais sentiram muito orgulho de ter uma filha que trabalhava no Hospital.
Em 2016 ingressei no Curso Superior de Enfermagem na UNIFEG. Nessa época tive muito apoio de minha família, e desde então tinha dois objetivos em mente: me tornar funcionária pública e dar aulas para o Curso Técnico em Enfermagem no SENAC – objetivos que alcancei após minha graduação em 2020.
Hoje sou pós-graduada em Nefrologia pela UNYLEYA, curso pós-graduação em urgência e emergência no IF Sul de Minas, e pretendo cursar Mestrado em TIC.
 
Rodrigo: De seus pais ou de sua Família, quais os valores que melhor aprendeu, assimilou e vem testemunhando em palavras e gestos no seu dia a dia de Enfermeira?
Elisângela:
Apesar de meus pais serem leigos na área da educação escolar, eles me ensinaram valores que influenciam muito em minhas atitudes diárias como profissional de saúde. Me ensinaram a sempre me colocar no lugar do outro, e isso sempre me faz refletir e pensar antes de falar ou julgar algo.
  
Rodrigo: Na sua opinião, quais são as maiores alegrias e as mais incômodas dificuldades de ser Enfermeira?
Elisângela:
Minha maior alegria como enfermeira é quando meu trabalho é reconhecido, quando alguém sente gratidão por eu estar ali, quando a pessoa necessita.
Minha maior tristeza é quando sou desrespeitada, quando alguém grita ou até inferioriza nossa formação. Nós enfermeiros temos a consciência que a pessoa está ali em seu pior momento e, enquanto enfermeiros, estamos ali fazendo nosso melhor.
  
Rodrigo: Como você se sente lecionando, sabendo da responsabilidade em formar novos profissionais tão necessários para a manutenção da nossa saúde física?
Elisângela: Eu sou muito grata pela forma que fui acolhida na Escola SENAC em Guaxupé, e foi através do meu trabalho na Escola que nós nos encontramos.
Me sinto feliz em dar aulas e compartilhar o conhecimento que adquiri ao longo dos anos. Sinto uma enorme responsabilidade, pois sei que os profissionais que estou formando hoje serão os profissionais do futuro, que cuidarão de mim e de meus familiares.
 
Rodrigo: Você acredita em Deus? Se sim, que lugar Deus ocupa na sua vida?
Elisângela: Eu confio em Deus. Foi Ele quem me ajudou, e me sustentou em muitos momentos difíceis de minha vida, e é Ele que sempre está do meu lado.
  
Rodrigo: O Médico Cardiologista Dr. Roque Marcos Savioli, no livro Milagres que a Medicina não contou, relata vários casos que verdadeiramente não encontram nenhuma explicação natural para a instantânea recuperação da saúde de alguns pacientes. A explicação é sobrenatural. Você, Elisângela, na sua profissão, já leu algo que também relate um fenômeno assim, ou você mesma já se deparou com algum Milagre?
Elisângela: Eu acredito sim em milagres, a vida é um milagre! Em oito anos que trabalhei na UTI, pude observar que os pacientes que tem fé se recuperam melhor do estado crítico. E na Hemodiálise observei que quando o paciente tem fé ele passa com mais leveza... até o transplante sai mais rápido.
  
Rodrigo: Elisângela, minha esposa e eu a conhecemos na Maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Guaxupé, ocasião do nascimento de minha segunda filha. Foi um privilégio poder ver seu modo de trabalhar. Minha esposa e eu ficamos encantados e comovidos com a sua presença sutil, respeitosa, delicada, dedicada, com o seu olhar sorridente, com seu tom de voz sereno, nos passando força e coragem. Deixe então, aos leitores e leitoras deste Jornal, sua mensagem final de que é possível sim passar bem por um momento não tão confortável de nossas vidas, quando regado com carinho e ternura.
Elisângela: Enquanto profissional da área da saúde, levo sempre comigo a seguinte frase, que me foi dita pela Enfermeira RT da Hemodiálise em uma reunião de equipe, e que nunca me esqueci:
“Lembre-se: você está cuidando do amor da vida de alguém... Nunca se esqueça disso”.

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