Guaxupé, quinta-feira, 28 de março de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Iniquidade... a misteriosa escolha pela maldade

sexta-feira, 24 de junho de 2022
Iniquidade... a misteriosa escolha pela maldade Imagens: Divulgação

Iniquidade é a escolha pela maldade.
 
Há na iniquidade algo que nos deixa perplexos.
 
Como pode o indivíduo seguir optando pelas trevas, mesmo quando é impactado pela luz?
 
O apóstolo Paulo ficava incomodado com isso. Chegava a chorar (Filipenses 3, 18).
 
Vou apresentar três exemplos comuns, que nem são religiosos, mas que nos mostram bem como o espírito da teimosia domina a mente e as atitudes de muita gente insossa.
 
Alimentação: A Nutrição e a Medicina sabem que refrescos artificiais, na maioria das vezes, ainda são tóxicos. Algumas bebidas já começam a ser produzidas sem grandes prejuízos ao organismo humano. Mas, repito, na maioria, ingredientes prejudiciais ainda predominam. O que significa tóxico? Significa veneno. Falando de modo simples, são substâncias que sujam o sangue e, quando acumuladas, danificam o organismo, porque contém uma grande quantidade de sal, açúcar, conservantes, corantes, acidulantes, substâncias cancerígenas, causando danos nos dentes, no fígado, nos rins etc. Os refrescos artificiais fazem parte das festividades, é verdade, a publicidade é bem feita, bonita, a praticidade é sedutora, afinal, basta abrir a tampinha ou rasgar o saquinho, servir e pronto.
 
As bebidas artificiais (refrigerantes, sucos de caixinha, de saquinho ou garrafinha) estão em praticamente todas as culturas do mundo. Claro que um copinho de refrigerante ou suco artificial numa festinha, numa confraternização, não vai matar ninguém. Todos nós bebemos. Eventualmente não faz tanto mal assim.
 
Onde está o perigo, então? O perigo está no consumo diário. O problema é quando os pais tem a consciência de ser uma bebida tóxica, e mesmo assim compram para ser consumida diariamente, levando tais produtos constantemente pra dentro de casa, colocando-os para dentro do copo e até das mamadeiras das crianças! E depois, com a maior expressão “sem vergonha”, “cara de pau”, ainda dizem que amam seus filhos! Como assim amam? Sujando o sangue deles? Será que isso é amar mesmo? Quem ama cuida, não é?
 
Nosso organismo precisa de água boa, de suco de frutas naturais, sucos até feitos com alguns legumes. Hoje em dia todos já sabem das excelentes combinações: laranja com cenoura, maçã com couve, hortelã com abacaxi, limão com goiaba, uva com água de coco (coco natural), melancia com morango, entre tantas outras combinações e variações possíveis, saudáveis, com orientação da Nutrição e da Medicina, claro, porque nem todos podem ingerir tudo.
 
A fruta é mais cara do que sucos artificiais e refrigerantes. É verdade.
 
Por outro lado, o mais caro de tudo isso é a doença. Ficar doente certamente custa muito mais caro. Sabemos dos preços dos tratamentos e das medicações.
 
Quem não parar pra se conscientizar e cuidar da saúde, um dia será praticamente obrigado a parar pra tratar a doença.
 
Antigamente o profeta bíblico Oséias chegou a dizer que o povo perecia por falta de conhecimento. Nos dias hoje, o povo perece não tanto por falta de conhecimento, pois o conhecimento é amplamente divulgado. Hoje, o povo perece mais por teimosia e arrogância, comodismo, desejo de praticidade.
 
Gente imprudente costuma afirmar coisas do tipo “Ah, deixa a criança ser criança, deixa a criança ser feliz! O filho é meu! Não se intrometa.”
 
Aqui existem dois erros de raciocínio. Primeiro, não tem cabimento atribuir aos produtos artificias a fonte da felicidade!
 
Será mesmo que se retirarmos o que é prejudicial para as crianças, elas ficarão tristonhas, melancólicas, desenvolverão depressão? Absurdo.
 
O segundo equívoco: Todos sabem que o consumo diário daquilo que é prejudicial pode fazer com que a criança vá ficando preguiçosa, sedentária e poderá ter diabetes, obesidade, hipertensão.
 
Sabemos também que a obesidade é uma pandemia, doenças do coração matam milhões de pessoas, e o diabetes causa muito sofrimento.
 
A tecnologia facilitou a vida, mas também nos acomodou. Tudo ao alcance de um clique ou de um comando muscular, de um pequeno toque ou de um comando de voz. Não queremos sair do sofá. Nos esquecemos que o corpo foi projetado para se mexer. Precisamos nos exercitar, nos mover, para preservar boa saúde física, mental e espiritual.
 
Então perguntamos: Onde está a felicidade? Como poderá uma criança ser feliz com doenças? Doenças que poderiam ser evitadas, se não fosse a irresponsabilidade dos pais. Como foi dito, tem pai e mãe que coloca somente refresco artificial na mamadeira da criança! De manhã, suco artificial. No almoço, refrigerante. No lanchinho, suco artificial. No jantar, refrigerante de novo. Final de semana, refrigerante outra vez. Como poderão ficar saudáveis os rins dessa criança? O fígado? O estômago? O intestino? O pâncreas? O cérebro? O coração? Os dentes? Os ossos? O sangue? Pra que fazer isso com as crianças?
 
Condução de veículos automotores. Aqui outro exemplo de iniquidade. A cadeirinha para crianças existe para preservar a vida da criança! Simples assim. E tem pai e mãe que não usa cadeirinha. Deixa a criança solta ou, pior ainda, coloca a criança no banco da frente. É uma afronta constante às leis, às normas, à moral, à ética. Pai e mãe que age assim já começa a ensinar os pequeninos a se tornarem transgressores. Compreende? A criança aprende por imitação.
 
Gente imprudente assim seguirá seguindo suas próprias cabeças, mesmo com as devidas punições da lei, mesmo com o surgimento das doenças. Gente assim estufa o peito, empina o nariz e segue possuída pelo espírito da desobediência. E segue debochando, zombando, escarnecendo.
 
Uso de drogas: O sujeito começa a usar drogas. Nenhuma droga sai correndo atrás de ninguém. É o indivíduo quem a procura, vai atrás. A exceção aqui são aqueles tristes casos em que crianças são viciadas por gente criminosa. Em outros casos, é opção mesmo. Escolha errada. Escolha do jovem que, mesmo sendo conscientizado, vai a busca do uso de drogas. Usa tanto que quase morre de overdose. Causa uma imensa tristeza e dor nos familiares. Passa por internação e desintoxicação. Atravessa a crise de abstinência. Melhora, estabiliza. Recebe alta. Depois, tem uma numerosa quantidade de propostas de ajudas subsequentes: psicoterapia, psiquiatria, grupos de apoio, igrejas. No entanto, quando o sujeito prefere voltar a usar drogas, abre mão de todas as ajudas, e volta a se sujar, frequentando o mesmo lugar de costume – o lugar da perdição.
 
O que está por trás disso tudo, de toda essa desobediência?
 
O que faz com que certas pessoas insistam em sempre desobedecer as leis, se as leis foram estabelecidas não para nos atrapalhar, mas para nos ajudar, facilitar a nossa vida?
 
Três aspectos: Quando a pessoa age assim, ganha olhares; são olhares de reprovação, mas ganha olhares, se sente o centro das atenções, se sente percebida pelos outros, e isso massageia o seu ego. Outra coisa, quem age assim está tentando mostrar poder, mas é um poder às avessas, pois, no fundo, é um anti-poder, já que na realidade não tem poder nenhum. O terceiro aspecto se relaciona aos dois anteriores, ou seja, quem age sempre por insistente desobediência está o tempo todo fazendo propaganda do próprio fracasso, mesmo acreditando que está conquistando sucesso; está se aprisionando na própria tolice, embora acredite que esteja se libertando.
 
Note que apresentei três exemplos apenas, mais comuns no dia a dia.
 
Poderíamos pensar em outros mais, muito mais exemplos de conduta inadequada, antissocial.
 
Repito: é um mistério a pessoa ser impactada pela presença da luz, e mesmo assim continuar fazendo opção pelas trevas.
 
Deus sempre teve razão. Não era para Adão e Eva comerem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus, sendo onisciente, sabia que, ao experimentar, a espécie humana ignoraria o bem e seria seduzida a praticar o mal. De lá pra cá vem sendo assim.
 
Por isso o livre arbítrio é um presente precioso e perigoso. Precioso quando santificado. Perigoso quando o ser humano confunde liberdade com libertinagem.
 
O que não nos faz perder a esperança é saber que nem todos escolhem a iniquidade.
 
Se existe muita gente optando pela maldade, tem muita gente escolhendo a justiça e a bondade.
 
 
 

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