Guaxupé, quarta-feira, 1 de maio de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

O olhar que você dedica

segunda-feira, 8 de novembro de 2021
O olhar que você dedica Imagem: Divulgação

Estamos olhando mais para onde?
As coisas e as pessoas tem o valor que projetamos nelas.
O que é importante para você?
Quem é importante para você?
Valores materiais não são absorvidos pelo espírito.
Por isso tanta gente infeliz, apesar de tantos bens materiais.
O que nutre a alma é o Espírito, e o motivo disso é muito simples: a nossa alma é de natureza espiritual. Você não dá arroz e feijão pra alma. A alma se alimenta e se fortalece de oração e meditação.
Tem muita gente e cada vez mais gente olhando para um monte de coisas por aí, aspectos externos de uma realidade superficial, bonitinha, brilhante, mas de muitos modos ilusória, e na maioria das vezes efêmera.
Cada indivíduo tem se dedicado horas, horas e mais horas durante o dia inteiro a olhar para uma tela qualquer.
Se você fizesse parte de uma pesquisa filmada, uma câmera registrando seu comportamento ao longo do dia, você certamente ficaria aborrecido com a sua dedicação patética e obsessiva em ficar olhando para o celular praticamente sem parar.
O celular parece ter se tornado uma extensão da sua mão. Parte inseparável não só da sua vida, mas do seu corpo! Você não se desgruda mais dele.
Acorda e, a primeira coisa que faz é olhar para o celular. Vai ao banheiro, leva o celular. Fica ali, sentado, facilitando a inflamação dos vasos hemorroidários pelo tempo excessivo em olhar para o celular.
Despois sai, se arruma, e logo quer tirar foto, quer postar foto, quer fazer vídeo, quer postar vídeo, quer ver o que ou outro postou, quer ensinar alguém, dar aula, lição de moral, mostrar como é feliz, os lugares que visitou, quer estampar sorriso na cara e por aí vai.
Você está, no celular, o tempo todo querendo dizer pra todo mundo: “Olhem para mim!”, “Olhem para mim!”, “Olhem para mim!”. Pronto: está revelada a nossa carência, estão manifestados os nossos vazios e, uma vez mais, nós erroneamente pretendendo preencher esses vazios com um “caminhão” cheio de ilusão.
E a vida continua, claro. Com o celular, né! Então você vai até a cozinha, e leva o celular - evidentemente. Toma café da manhã, olhando pro celular.
Volta pro banheiro, e ali estará novamente seu “companheiro”, o celular.
Vai trabalhar... no trajeto, quer olhar para onde? Pra paisagem? Não. Pros passarinhos? Não. Quer olhar pro celular. Alguma dúvida?
Almoço: celular em cima da mesa.
Sai do trabalho, e continua olhando pro celular.
Chega em casa, vai logo largando as coisas pela sala, senta no sofá e vai ver o que o celular tem a te mostrar.
No jantar: celular.
Antes de dormir, óbvio, mais uma olhadinha no celular.
Ao longo do dia, quantas vezes você usou o celular realmente e tão somente para o que ele pode nos ajudar? Um telefonema, uma rápida pesquisa, uma mensagem necessária e de fato imprescindível, um pagamento etc. Poucas vezes né. Na maioria das vezes o celular é usado para ver um amontoado de asneiras e futilidades.
Você põe a mão, toca no celular, mas não percebe, “não se toca” de quem está precisando do seu toque – as pessoas que você ama e que te amam!
 
- Mãe, brinca comigo? – pede a criança.
- Agora não posso, tô vendo uma coisa aqui.
- Pai, brinca comigo?
- Agora não. Depois.
Crianças tristes...
Família distante, distante do afeto.
 
Aquela pessoa que você diz que ama: Prestou atenção no seu marido, na sua esposa, nos seus filhos, no dócil animalzinho de estimação? Se você ainda tem pai, mãe, avô, avó, tem o hábito de olhar nos olhos deles? Você os ouve com carinho e atenção? Com que roupa seus entes queridos foram trabalhar hoje? Foram de tênis, sapato ou chinelo? Você notou? Ou se manteve distraído com o... celular? Se despediu com afeto? Abraçou? Beijou? Abençoou? Ou nem isso fez?
Abençoada tecnologia que nos facilita a vida e a comunicação. Abençoado o indivíduo que usa o celular com sabedoria!
Mas o que dizer da vida vazia de quem tem feito tudo errado?

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