Guaxupé, terça-feira, 21 de maio de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Sem “palestrinha”

sexta-feira, 18 de junho de 2021
Sem “palestrinha”

Não raro, e de muitos modos, muitas das relações interpessoais são prejudicadas, tornando-se tediosas, porque quem fala, especialmente quem gosta de falar muito, em vez de, num primeiro momento, fazer silêncio, ouvir e perguntar, vai logo atropelando o relato do outro, interrompendo o discurso do outro, e começa a fazer “palestrinha”, com o já tão conhecido sermão do salto alto. Não é nada bom isso...
Evidentemente devemos interromper a voz e a ação do algoz, do condutopata, do criminoso, do covarde, do malfeitor, do canalha. Mas isso é exceção.
Nas relações comuns e normais, aquelas rotineiras, diárias, familiares, laborais, sociais, precisamos nos controlar sim, para não perdermos a oportunidade de colaborarmos para o surgimento de um bom diálogo mutuamente compreensivo, respeitoso, sereno e compassivo.
Então, em vez de apressadamente dizermos, por exemplo, “você deve orar e meditar”, precisamos, depois de muito e silenciosamente ouvir, aprender a perguntar: “Você considera importante fazer orações e meditação?” Se a pessoa dizer que sim, que considera importante, a gente então sutilmente faz outra pergunta: “E você tem orado e meditado com frequência?” Desse modo, após a pessoa falar e a gente aprender a perguntar, o diálogo será verdadeiramente enriquecedor e inesquecível, genuinamente edificante para ambos!
Chega de “palestrinha”!
“Ah, você deveria comer mais verduras e frutas”.
Não diga isso apressadamente, sem antes saber se o sujeito já come verduras e frutas! Senão sua “dica” terá sido em vão, inútil, tediosa, antipática. Então pergunte: “Você tem se alimentado bem de verduras e frutas?”
“Ih, você deve beber muita água durante o dia!”
Não diga isso! Você ainda não tem certeza, não sabe nada sobre a hidratação ou falta de hidratação da pessoa. E se ela já bebe uns dois litros de água por dia? Vai ter que beber três, quatro litros, só porque você deu a “dica”? Coitada, não sairá do banheiro de tanto que precisará urinar.
É isso... Já basta de tanta “tagarelice” nas relações interpessoais do dia a dia. Vamos continuar falando sim, mas não demais. Falar sem exagerar.
Precisamos mais de escuta, fazer mais silêncio, mais perguntas pertinentes, e menos “palestrinhas.”
Nas relações interpessoais comuns, quem está diante de você não é seu aluno nem seu público-alvo, mas alguém com a mesma necessidade sua – a necessidade de ser ouvido e valorizado. Deixe o outro falar e, depois, reivindique também a sua necessidade de ser ouvido pelo outro.
 
 


 
 

Comente, compartilhe!