Guaxupé, segunda-feira, 29 de abril de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

Buracos negros e o Prêmio Nobel de Física de 2020

sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Buracos negros e o Prêmio Nobel de Física de 2020 Foto: Divulgação

Há momentos em que pretendemos desenvolver um assunto, mas ele se revela tão interessante e múltiplo, que ficamos em dúvida qual seria o eixo principal. Eis aqui um deles. Fala-se tanto e anualmente em Prêmio Nobel sem que as pessoas possam dar conta do valor da homenagem, dos homenageados e dos feitos produzidos pelos galardoados. Pois bem, o Nobel da Física deste ano foi dividido, cabendo uma metade ao cientista britânico, Roger Penrose, pelas suas demonstrações da existência de buracos negros, usando métodos matemáticos, a partir da Teoria Geral da Relatividade desenvolvida por Albert Einstein e, segundo a qual, a presença de massa no espaço curva o espaço-tempo. Segundo matéria produzida pelo G1, da Rede Globo, Einstein não acreditou neles, porém Penrose mostrou, matematicamente, que buracos negros podem se formar e os descreveu em detalhes – incluindo o fato de que no seu centro eles escondem a Singularidade, um ponto de elevada e infinita densidade. A outra metade do prêmio coube à dupla Andrea Ghez, norte-americana, e Reinhard Genzel, alemão. Estes demonstraram a existência de buracos negros não pelo colapso de uma estrela, mas, “mostraram os movimentos de estrelas ao redor do centro da nossa Galaxia – a Via Láctea – e calcularam que ali deveria haver um corpo muito massivo num espaço muito pequeno”, ou seja, um buraco negro. A citada matéria trás o depoimento do astrônomo e professor Thiago Gonçalves, do Observatório Valongo, da UFRJ: “Se não tiver nada empurrando a matéria para fora, essa matéria vai se concentrar cada vez mais e a Singularidade é esse ponto de densidade infinita no centro do buraco negro. No caso, no centro da Via Láctea, a única explicação viável era a presença de um buraco negro. Não tinha nenhum outro objeto razoável que pudesse explicar o resultado que eles obtinham com o movimento desse objeto misterioso. A gente não via o objeto, mas, via o movimento das estrelas em redor”.
Afinal de contas, o que são os buracos negros? Trago aqui texto do graduado em Física, Rafael Helerbrock, no Brasil Escola, brasilescola.uol.com.br, “o maior portal de educação do Brasil”, com a seguinte definição: “São regiões do espaço com campos gravitacionais tão intensos que nem mesmo a luz consegue escapar de dentro deles. A intensa gravidade comprime a matéria até que não haja mais espaço entre os átomos. Corpos celestes dessa natureza podem surgir em decorrência da morte de estrelas supermassivas. A comunidade científica acredita que eles apresentem dimensões muito variadas: os menores deles podem apresentar até mesmo o tamanho de um único átomo. Os maiores, por sua vez, podem ter raio de poucos quilômetros e milhões de vezes a massa do Sol. Algumas observações astronômicas já forneceram fortes evidências de que o centro de todas grandes galáxias é ocupado por um buraco negro supermassivo. No centro da nossa galáxia, a Via Láctea, há um desses, e o seu nome é Sagittarius A. Os buracos negros não sugam tudo que está a sua volta, no entanto, o seu campo gravitacional pode prender estrelas e planetas longínquos em órbitas espirais. Para que algo de fato seja sugado para o interior de um buraco negro, sem qualquer chance de fuga, é necessário que se estabeleça uma distância mínima ao seu centro, chamada de horizonte de eventos. [...] A primeira imagem de um buraco negro foi revelada no dia 10 de abril de 2019, pela Comissão Europeia. A descoberta foi feita pelo telescópio EventHorizon, um projeto que interligou oito telescópios e teve a colaboração de 200 pesquisadores”.
Como surgiu o Prêmio Nobel? Pronunciemos Nóbel, porque é o sobrenome do sueco Alfred Bernhard, ao contrário de Eiffel, oxítono na língua francêsa (Eiffél).  Continuando com Nobel, um rico químico e industrial, inventor da dinamite, que morreu em 1896, aos 63 anos, deixando em testamento a fortuna de 30 milhões de coroas suecas legadas para um fundo (Nobelstiftelsen) cuja renda deveria ser distribuída, anualmente, aos que proporcionassem benefícios à humanidade. Isto vem sendo feito desde 1901, com pequenas interrupções devidas às duas grandes guerras mundiais. Conforme o desejo de Nobel, tal renda do fundo deveria ser dividida em partes iguais, todos os anos, a quem tenha se destacado nas áreas da Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Paz mundial. Sei lá se Alfred Nobel teria consentido, mas, a partir de 1969, passou a ser outorgado o Prêmio Nobel de Economia. A administração do Fundo e a concessão da premiação está a cargo da Real Academia Sueca de Ciências (Física e Química), do Real Instituto Médico-Cirúrgico Carolina (Fisiologia e Medicina), pela Academia Sueca (Literatura) e pelas Comissões Nobel do Parlamento da Noruega (Paz e Economia).
Diante da minha coleção da Grande Enciclopédia Delta Larousse, edição de 1973, Librairie Larousse, Paris e Editora Delta, Rio de Janeiro, onde costumo sorver e me deleitar, bem mais que nas atualidades da internet, tiro uma conclusão inevitável com Nobel. Toda a coleção passa de oito mil páginas. Alfred Nobel tem nela dez linhas dedicadas a sua biografia, além de sua fotografia em preto e branco. No entanto, até a citada época do volume em questão, colunas com cronologia, áreas de premiação e nome dos homenageados preenchem quase que por completo as páginas 4822/23, numa prova inconteste da grande dimensão, do altruísmo e da sobrevivência do nome de Alfred Bernhard Nobel. Há maneiras diferentes para que nos tornemos imortais. Certamente que não será com a intenção de carregar fortunas depois da morte, mas, bem destinando-as.
 
 

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