Guaxupé, sábado, 27 de abril de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

NATAL, CRISTIANISMO E UNIVERSO

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
NATAL, CRISTIANISMO E UNIVERSO Imagem: Uirapuru Rádio FM/Reprodução

Por mais que envelheçamos, constatamos que a vida é constituída de ciclos. Para ficar bem claro, recorrendo ao meu novo xodó, o Dicionário Prático Sacconi, da Editora Matrix, saído da impressora neste ano de 2022, “ciclo é uma série de fenômenos ou acontecimentos que se sucedem e completam numa determinada ordem ou sequência”, exemplificando o ciclo das estações do ano.

A propósito, tento me sustentar num assunto que parte de um ponto e se perde em outras realidades e, até, divagações. Então, o ponto de partida deveria conter o pensamento filosófico do francês René Déscartes (1596/1650), principal figura do Racionalismo, ou Cartesianismo, no qual o pensamento racional é o instrumento para o conhecimento verdadeiro. O matemático e filósofo disseca o nosso cérebro como que quisesse chegar aos meandros da nossa mente, construindo a frase magistral: “Penso, logo existo”, no latim “Cogito, ergo sum”. A explicação: se eu duvido de tudo, o meu pensamento existe, se eu penso, eu existo.

Esta época natalina é um ciclo do cristianismo que está inserido no calendário humano, mormente no Ocidente e nas religiões nele fundadas. Por muitas vezes li que elementos dos cultos pagãos foram aproveitados pelo Império Romano quando da adoção do Cristianismo, por volta dos anos 300 d.C. a 400 d.C., quer dizer entre os séculos IV e V depois de Cristo. Constantino I se converteu ao Cristianismo em 312 d.C., decretando no ano seguinte a liberdade religiosa no Império Romano. Ao final do mesmo século, o Imperador Teodósio tornou o Cristianismo religião oficial dos romanos. Os elementos vindos do paganismo, a fim de que o povo melhor assimilasse a nova religião, adotada pelo Império, foram meras adaptações de simbolismos. Na verdade, a fé também foi uma maneira de se buscar a unidade do Império, paradoxalmente, por aqueles que tanto tempo perseguiram os cristãos, sacrificando-os de maneira cruel nas arenas romanas para que isso desestimulasse a outros.

Então, retrocedamos aos ciclos. Certamente que muitos dos leitores devem ter ouvido e visto pelos meios de comunicação que o Verão começou, oficialmente, em torno das 18 horas deste 21 de dezembro. A data significa o Solstício de Verão para nós que habitamos o Hemisfério Sul e Solstício de Inverno para quem vive no Hemisfério Norte. Para nós o dia mais longo do ano. Para eles a noite mais comprida do ano, uma noite gelada de inverno. Como estamos falando de Império Romano, por conseguinte de Europa, deve ser esclarecido que esses Solstícios eram tão conhecidos na antiguidade, que a eles está relacionado o conjunto megalítico de Stonehenge, na Grã-Bretanha, objeto de muitos documentários televisivos e especulações. Calcula-se que o mesmo tenha sido erguido entre 2.000 e 3.000 anos antes de Cristo (a.C.), com pedras de 20 a 30 mil toneladas. Sabe-se, em resumo, que no dia de Solstício de Verão daquele hemisfério, geométrica e matematicamente, os raios do Sol passavam entre determinadas pedras do megalito de Stonehenge, indo iluminar uma outra pedra a muitos metros de distância. Também, as civilizações chinesa, maia e inca tinham conhecimento ou construções ligadas às referidas ocasiões, verdadeiros relógios do tempo que, para muitos, seriam obras extraterrestres.

Então, na cultura europeia antiga, inclusive nórdica, o Solstício de Inverno, aquela noite quase que interminável de escuridão e gelo, era comemorada com fogueiras, luzes e comidas. As casas eram adornadas com guirlandas e ramos conhecidos por “evergreen”, os “sempre verde”. Essa seria a explicação para os adornos natalinos, pois, o Natal de Jesus, comemorado em 25 de dezembro, em termos de data, quase que veio a se confundir com a festa pagã do Solstício de Inverno, de 21 de dezembro.

Tanto os solstícios como as estações do ano têm a ver com o Movimento de Translação da Terra, ou seja na volta que nosso planeta realiza em redor do Sol, numa trajetória elíptica com duração de 365 dias e 6 horas. Para efeito de ajuste ao nosso calendário, a cada 4 anos essas 6 horas a mais são transformadas no 29º dia de fevereiro, sendo esses anos chamados de bissextos. Quanto à inclinação da Terra em torno do seu eixo imaginário, ao recebimento de mais ou menos energia, sob a forma de luminosidade, durante sua órbita em torno da nossa estrela – o Sol – a proximidade ou maior distância dele, tem outras terminologias existentes além do Solstício: Equinócio, Periélio e Afélio. Parece muita complicação, mas nos nossos tempos de ginasiano no Colégio Estadual de Muzambinho, antes dos satélites artificiais e das viagens espaciais, tudo isso era muitíssimo bem ensinado pela professora de Geografia, Alice Cerávolo Paoliello. Aliás, houve retrocesso numa parcela da população terráquea, essa mesma que se recusa a tomar vacinas ou insiste na Terra Plana. Naquele tempo, eram rudimentares as provas dos planetas arredondados, mas as pessoas davam crédito. Na atualidade, não somente astronautas, mas turistas espaciais, são testemunhas oculares da esfericidade da Terra, mas negacionistas teimam em rejeitar a ideia – os mesmos que também rejeitam urnas eletrônicas no Brasil ou urnas que captam votos em cédulas impressas como nos Estados Unidos da América.

A cada Natal, ou Ciclo Cristão, tenho procurado dar enfoques diferentes sobre a data magna da cristandade. Porém, sempre tento passar uma consciência cósmica de que viajamos pelos confins do Universo, numa de suas bilhões de galáxias – a Via Láctea, dentro da qual encontra-se o nosso Sistema Solar. Galáxias são grandiosidades, formadas por bilhões de estrelas. Pois pensemos o Universo, que é formado por bilhões de galáxias. Mais e mais avançam a Ciência e o conhecimento humano. Se o italiano Galileu Galilei (1564-1642) melhor observou o céu, inventando uma luneta, atualmente há diversos telescópios espaciais que vasculham o Universo a partir de satélites artificiais, sendo o Hubble o mais famoso. Do espaço, sem as interferências da atmosfera esses telescópios têm capacidade multiplicada.

Entretanto, neste momento, interessa-nos o Ciclo Natalino Cristão. O aniversariante é Jesus Cristo, sendo o nosso calendário contado a partir do seu nascimento. Parece que os cristãos estão deixando de venerá-LO e louvá-LO com o fervor de outras épocas. Muitas das comemorações atuais estão mais para as Festas do Solstício de Inverno do que para os valores e sentimentos cristãos. Valorizam em demasia o farsante “papai noel”. Nem sei se o brilho das luzes das casas e das cidades interessam mais a esse ídolo do consumismo do que ao próprio Menino Jesus.

Para que não me tomem como repetitivo, escrevendo o sagrado que já foi escrito, sugiro que dediquem minutos de reflexão, lendo a Bíblia Sagrada nas seguintes referências: Isaías 7:14; João 8:12; e Lucas 2: 1-14. Feliz Natal a todos.

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