Guaxupé, sábado, 27 de abril de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

O BRASIL AVANÇA NA COPA DO MUNDO E NA PEC DA TRANSIÇÃO

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
O BRASIL AVANÇA NA COPA DO MUNDO E NA PEC DA TRANSIÇÃO Foto: Reprodução

Nesta primeira semana de dezembro nos avizinhamos de mais um final de ano. O Tempo segue resoluto e implacável nada havendo que o detenha. Apareça o que quiser pela frente ou pelos flancos, o Tempo transpõe. Porém, o Brasil ainda tem dificuldades a superar até o final deste ano. Por que não também o nosso mundo? Afinal a Terra nunca viveu sem guerras nem fome nem injustiças.

Como é o Brasil que nos interessa, comecemos pelo 22º Campeonato Mundial de Futebol da FIFA – Fédération Internacionale de Football Association – ora em andamento no Catar/Qatar. Quando este jornal estiver circulando nesta sexta-feira a bola estará rolando nos estádios em torno da capital desse emirado rico em petróleo, Doha, num deserto do Oriente Médio, no Golfo Pérsico.

Para os pouco entendidos nesse esporte é de bom alvitre que esclareçamos que a popular Copa do Mundo é disputada a cada quatro anos, desde 1930. Justamente no seu início ela deixou de ser disputada nos anos de 1942 e 1946 em decorrência da Segunda Grande Guerra Mundial. A 1ª sede foi Montevidéo, 1930, sagrando-se campeão o país local. Em 1934, foi disputada no sul da Europa, na Península Itálica, também com a conquista do país local. Em 1938, a competição foi nas vizinhanças, na França, mas a Itália manteve sua supremacia, tornando-se o primeiro país bicampeão.

Veio o hiato da guerra, sendo, a seguir, o Brasil/1950, o novo palco futebolístico mundial. Naquela época, não havia o partido político do PT, sendo vários estádios construídos com o apoio dinheiro do governo e da população, num tempo em que nem se sonhava com SUS. Saúde pública era mais para tratamento de tuberculosos, leprosos e portadores de distúrbios mentais, em grandiosos e segregadores hospitais e ambulatórios. Pouca gente deve ter criticado a construção do então maior estádio do mundo – o Maracanã - ao invés de recursos irem para a educação e a saúde – coisa que nunca li. Localizado na Capital da República, Rio de Janeiro, na partida final, Brasil 1 x 2 Uruguai recebeu 173.850 pagantes, por muito tempo considerado o Dia da Frustração Nacional. Nunca mais a seleção brasileira jogou de branco como era habitual e os jogadores nacionais daquele 16 de julho de 1950 foram transformados em vilões, uma equivocada e covarde responsabilização.

Em 1954, vi minha 1ª Copa. Quer dizer, ouvi. Pois, ainda garoto, me lembro dos esportistas de Monte Belo, reunidos na praça ainda de terra, defronte ao bar do português Manoel Antonio Rito. O curioso é que a multidão ali reunida olhava para o alto-falante instalado no alto e na parte externa do bar, como se estivesse vendo imagens de TV, mas, era apenas a voz de um narrador de rádio. Tal Copa/1954 possuía como fenomenal a Hungria, formada dentre outros por Puskas, Czibor e Koczis. Foram eles, os magiares, que eliminaram o Brasil por 4x2. Cruzaram com a Alemanha na fase de grupos derrotando-a por 8x3. A Coréia do Sul levou de 9x0. Todavia, a grande injustiça aconteceu na final, em novo reencontro húngaro com a Alemanha. Como sempre faziam, começaram ganhando nos 15 minutos iniciais de jogo, mas levaram a virada de 2x3 dos alemães – um feito para um país que foi destroçado pela guerra 10 anos antes.
A 1ª Copa conquistada pelo Brasil, a de 1958, na Suécia, ainda foi acompanhada pelo rádio. A de 1962, a do bicampeonato do Chile, também. De 1966 em diante, veio a TV para a região e o histórico das Copas veio se alongando e melhor documentado. Por 5 vezes a conquistamos – o pentacampeonato. As três últimas foram: 1970, México; 1994, Estados Unidos; e 2002, Japão/Coréia do Sul.

Agora, na 22ª edição, pela 1ª vez no mundo árabe, chamada de Copa do Deserto, o Brasil disputa a fase de 4ªs de final, estando entre os oito países que chegarão ao título máximo. A torcida continua.

Por outro lado, na POLÍTICA, vitorioso nas eleições presidenciais brasileiras de 2022, o recém-eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT), conduz um momento delicado de transição, talvez mais perigoso e mais contestado desde aquele vivido pelo mais democrata de todos os presidentes brasileiros, que foi JK (1956/61) – Juscelino Kubitscheck de Oliveira (PSD), mineiro de Diamantina.

Finalmente, neste final de ano, eleito através de uma chapa de união nacional, a fim de que se afastasse o perigo extremista e antidemocrático da legião encabeçada pelo Presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula trás o Brasil de volta ao teatro político internacional, antes mesmo da sua posse. Convidado, participou da 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas, no Egito, numa demonstração de que o governo do Brasil recobrará sua consciência planetária. Há poucos dias, Lula recebeu o Conselheiro Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Jake Sullivan, uma espécie de recado enviado pelo Presidente Biden aos militares golpistas brasileiros que ainda tramam contra a posse de Lula, insuflados por bandos lunáticos no Sul do Brasil.

Na noite desta 4ª feira, 7, o Senado da República discutiu e votou a PEC da Transição, Projeto de Emenda Constitucional, que irá desengessar determinados programas sociais do Governo Lula, como o Bolsa Família, Farmácia Popular, Vale Gás, que estariam amarrados pelo chamado Teto de Gastos Orçamentários, uma jogada fiscal do capitalismo aprovada no governo usurpador de Michel Temer, que impede novas metas para a saúde e a educação, mas, salvando dinheiro da especulação financeira, tipo “superavit” primário, garantia de reservas para pagamento de juros, defendidas pelo “deus mercado”. A PEC foi muito debatida para um “quórum” pleno de senadores. Basta dizer que são 81 senadores e o 1º Turno de votação foi de 64 senadores a favor e 16 contrários, total de 81, pois o Presidente não vota. Num 2º Turno já esvaziado o placar foi de 58 x 19, conquanto emendas foram derrotadas e criaram votos em contrário. No principal, foram retirados do teto R$145 bilhões para o Bolsa Família, incluindo R$150,00 por crianças até 6 anos; R$23 bilhões para excesso de arrecadação para aplicação em investimentos; R$26 bilhões para ‘dinheiro esquecido’ do PIS/PASEP.

A vitória de Lula nessa PEC da Transição lhe dará retumbante começo de governo, porquanto a PEC da Transição, além dos objetivos acima clareados, também retirará do Teto de Gastos as doações internacionais para ações ambientais contra o desmatamento e o garimpo ilegal; indenizações por desastres ambientais, tipo a fortuna que Minas Gerais recebeu pelo Desastre Humano e Ambiental de Brumadinho, que deu governabilidade para o Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO-MG), num total de R$37 bilhões a serem pagos pela Mineradora VALE, desde FEV/2021; recursos extras de universidades, instituições científicas e tecnológicas, tais como EMBRAPA e FIOCRUZ, além de retirada do mesmo teto dos empréstimos de bancos internacionais para obras de infraestrutura. O Relator foi o Senador Alexandre Silveira (PSD/MG), cotado para um dos ministérios de Lula.

Digladiaram contra a aprovação da PEC da Transição os senadores Esperidião Amim (PP/SC), Plínio Valério (PSDB/AM), Flávio Bolsonaro (PL/RJ) e Marcos Rogério (PL/RO). O Senador Oriovisto Guimarães (Podemos/PR), economista, apresentou emenda para o limite do teto de gastos em R$100 milhões, que foi derrotada. Na defesa da proposta, os melhores desempenhos foram dos senadores Paulo Paim (PT/RS), Wewerton Rocha (PDT/MA), Omar Aziz (PSD/AM), Leila do Vôlei (PDT/DF), Marcelo Alencar (MDB/PI) e Randolfe Rodrigues (REDE/AP). Este fechou os discursos dizendo que seria até criminoso negar este furo no teto de gastos, porquanto o Congresso Nacional aprovou quase 900 bilhões para o Presidente Bolsonaro, quase R$ hum trilhão, mesmo que parte para o combate à Pandemia.

A PEC vai agora para votação em dois turnos na Câmara dos Deputados, tendo prazo para ser votada antes do Natal.

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