Guaxupé, sábado, 27 de abril de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

A ERA DA MENTIRA

quinta-feira, 10 de novembro de 2022
A ERA DA MENTIRA

Vivemos a Era da Mentira, porquanto a humanidade tornou-se de fato babélica através da comunicação digitalizada. Se a lendária Torre de Babel foi impedida divinamente de ser construída, através do desentendimento da profusão de línguas impostas aos seus construtores, hoje a tecnologia digital nos dá o poder de traduzir muitas línguas e dialetos. Entretanto, a confusão se estabeleceu porque o ser humano conquistou o privilégio da saída do anonimato, a partir da internet e à chegada das redes sociais. Criou-se até o internetês no qual os navegantes da rede mundial de computadores pouco se lixam pela cultura dos idiomas, usando palavras reduzidas em algumas letras. Nelas expressam seus sentimentos e ideias sem qualquer censura, sem qualquer pejo, sem responsabilidade quase nenhuma, estabelecendo uma balbúrdia gigantesca, por isso mesmo uma diversidade de opiniões, insensatas e ininteligíveis.

Porém, um traço de união continua existindo desde que o homem desenvolveu o seu papel comunicador. Primitivamente, sempre deve ter havido quem procurava ludibriar por gestos, depois pelas palavras. Com a conquista da escrita viriam os mais talentosos escritores e jornalistas e as ideias grafadas tornaram-se veículos de verdades e mentiras. Com o rádio e a televisão, essas verdades e mentiras foram cada vez mais ocupando as nossas vidas. No contexto, sempre houve os simples, os mansos, os ingênuos, portanto um grupo variável de cobaias para a consecução dos objetivos dos mentirosos. Neste sentido, a sutileza e os ardis cresceram assustadoramente. Ao mesmo tempo que a internet deu voz aos anônimos, fez de todos nós presas da tecnologia, nossas vidas controladas e manipuladas à distância, muito distantes mesmas. Querem exemplo maior do que o “affaire” entre velhos inimigos – russos interferindo nas eleições dos norte-americanos. Pois, foi comprovado que houve bombardeio digital russo na campanha presidencial que elegeu o bilionário Donald Trump, influindo na opinião dos eleitores dos Estados Unidos da América – EEUU. Alarde maior foi o Escândalo de Dados Facebook-Cambridge Analytica, nesta mesma eleição, também em outros países do mundo, do que escreverei mais adiante.

Procuro explicar com mais detalhes, a fim de que isso não pareça teoria conspiratória. Todo o cuidado ainda não é suficiente para evitarmos que tudo que escrevemos, manifestemos ou ostentemos nas redes sociais sejam capturados por determinados sistemas que, em teoria e na verdade, deveriam ter o compromisso de preservar nosso sigilo e a nossa intimidade. Tais dados são armazenados e catalogados e podem acabar sendo vendidos, por preços altíssimos, a empresas estabelecidas, com propósitos manipuladores, que montam o nosso perfil através das nossas amizades, das nossas relações de trabalho e da nossa conduta social, incluindo política e religião. É uma verdadeira prática do Behaviorismo, que, segundo Houaiss, “é uma Escola Psicológica, que busca o conhecimento e as ações do ser humano e dos animais, mediante a observação do seu comportamento”. “Behavior” é palavra inglesa equivalente a comportamento.

Segundo artigo sobre o Behaviorismo, no “site” conhecimentocientifico.com, “O psicólogo americano John Watson é considerado o pai do behaviorismo, tendo, em 1913, publicado o artigo intitulado ‘Psicologia: como os behavioristas a veem’ [...] De acordo com a corrente comportamentalista, a conduta dos indivíduos é passível de observação, mensuração e controle [...] Conforme Watson, estudar o meio que envolve um indivíduo possibilitaria prever e controlar a conduta dele”.

Isto exposto, tem-se na atualidade que robôs manipulam as pessoas com mensagens adaptadas aos gostos e afinidades dela, inundando seus celulares, computadores e mentes até a dominação. O episódio que antes citei, referente ao Escândalo Facebook-Cambridge Analytica, está descrita no seguinte trecho, extraído do Google/Wikipedia:

“O escândalo de Dados do Facebook–Cambridge Analytica envolve a coleta de informações pessoalmente identificáveis de até 87 milhões de usuários do Facebook, que a Cambridge Analytica começou a recolher em 2014. Os dados foram utilizados por políticos para influenciar a opinião de eleitores em vários países”.

A mesma fonte diz que esse escândalo estourou quando o ex-Diretor de Tecnologia da Cambridge, o canadense Christopher Wylie, contou para a imprensa que a companhia tinha comprado dados de milhões de usuários do Facebook sem o consentimento deles.

Nas eleições presidenciais do Brasil deste ano, mentiras aos montes foram espalhadas, tipo o fechamento de igrejas por Lula, logo ele que, num de seus mandatos, no começo deste século XXI, sancionou lei dispondo sobre a liberdade religiosa, uma redundância pois já consta da Constituição Federal de 1988. Tambem Lula regulamentou a Marcha para Jesus, da comunidade evangélica. Logo Lula, acusado de ser favorável à legalização do aborto, que é uma atribuição que cabe ao Congresso Nacional, formado por 513 deputados e 81 senadores da República, sabendo-se que os parlamentares que o constituem tradicionalmente são formados por esmagadora maioria de cristãos – católicos e evangélicos. As três permissões legais para o aborto – estupro, risco de morte para a gestante e feto sem cérebro – são situações da Lei, de 1941, quando Lula nem eu éramos nascidos. A situação dos anencéfalos foi de recente regulamentação pela nossa Suprema Corte de Justiça.  Outra mentira muito falada em redes sociais, até em “outdoors” ilegais, foi a da legalização de drogas. Lula foi Presidente de 2.003 a 2.010, jamais mandou propostas desta natureza para o Congresso Nacional. Sei de um militar do Exército, da comitiva do Presidente Bolsonaro, preso e condenado na Espanha pelo transporte de 40 Kg de cocaína no avião presidencial. Não chamam Lula de comunista? Pois, as pessoas deveriam saber que nos países de verdade comunistas, como China e Coréia do Norte, traficantes de drogas são logo condenados à morte, não sendo tolerado o vício das drogas. Pelo contrário, os EEUU, país democrático, capitalista, tem o maior número de usuários e traficantes de drogas do mundo, em que pese sua violenta repressão policial pelo DEA. A Holanda é outro exemplo de droga liberada em país capitalista.

O mais lamentável nessa difusão mentirosa por redes sociais foi a exibição de vídeos gravados, ou filmados em cultos religiosos, seja por padres do baixo clero católico, ou “laranja” como o ortodoxo-cristão, Kelmon, ou pastores pentecostais e neopentecostais, uns despreparados, outros hipócritas e outros mentirosos em nome de Deus, que é um condenável sacrilégio.

Finalizo com pregação do Pastor Daniel Conegero, responsável pelo Portal de Estudos Teológicos estiloadoracao.com. Ele é formado em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo Professor de Teologia, Diretor da Academia Teológica, escritor e Pregador da Palavra de Deus. Diz ele: “A mentira na Bíblia é identificada sempre como grave pecado, pois, aqueles que mentem deliberadamente são filhos do Diabo e não terão parte na bem-aventurança do Senhor. A mentira é uma declaração falsa. Mentir significa falsear a verdade, transmitindo uma informação enganosa como verdadeira. Infelizmente a mentira é algo comum na humanidade, pois ela faz parte da natureza decaída do homem. Tem muita gente que mente com tanta facilidade, orgulhando-se da sua capacidade de mentir e enganar as pessoas. Há casos, inclusive, de mentirosos que mentem com tanta naturalidade que eles próprios acabam acreditando nas mentiras que contam”. No texto que compilei, intitulado: Qual o Significado de Mentira na Bíblia? contido em estiloadoracao.com/mentira-na-biblia/, Daniel Conegero faz referências bíblicas que tratam da mentira. Ei-las: Gn 3; Gn 4:9; Gn 20:1-12; Gn 26:7; Gn 27:19; Gn 37:31-32;Gn 39; Nm 23:19; 2Rs:20-27; Pv 6:16-19; Sl 58:3; Is 28:15; Mt 26:69-75; Ef 4:25;  Hb 10:23; Jo 17:17; 1Jo 2:21-27; At 5:1-11; Rm 1:18-25; 2Ts 2:9-12; 2Co 2:14; Jo 8:32; Ap 21-8; Ap 22:15. 
           
               

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