Guaxupé, sábado, 15 de fevereiro de 2025
João Júlio da Silva
João Júlio da Silva PAPOENTRELINHAS João Júlio da Silva é jornalista em São José dos Campos (SP), natural de São Pedro da União e criado em Guaxupé. Blog https://papoentrelinhas.wordpress.com

Antes do amanhã

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Antes do amanhã Foto: Screenshot

Ela estava visitando o Museu do Livro, passava curiosa entre estantes, pegou um exemplar e abriu numa página qualquer. A jovem achou interessante o título do breve texto, leria ali mesmo, sentada ao chão. O que lhe revelaria o “Antes do amanhã”?
 
“Este relato é pequena amostra do que está se passando no ano de 2022,  cenário de monstruosidades e incertezas da humanidade. Enquanto o mundo parecia se livrar de uma pandemia que matou milhões de pessoas, a Covid-19, as potências mundiais decidiram por mais uma guerra em continente europeu. O que indica que o ser humano quase nada aprendeu com outras batalhas e nem com pandemia tão mortífera.
 
“Você que está lendo o texto, sobrevivente num futuro do que restou do Planeta, saiba que as pessoas de meu tempo caminham entre trevas, rumo ao abismo apocalíptico. No Brasil, a lucidez tenta se livrar de uma criatura abjeta que foi colocada no poder como consequência de golpe antidemocrático. O país passa por retrocessos históricos com ser tão incapaz e boçal, a própria imbecilidade. A violência grassa no campo e na cidade. Matam mulheres, indígenas, homossexuais e trabalhadores. Derrubam florestas e destroem o meio ambiente. Nas ruas, os mais carentes buscam comida no lixo e comem ossos. A fome é o retrato da devastação econômica e social sem precedentes. Como se a porta do inferno estivesse escancarada, até nazifascistas têm espaço global.
 
“Você que está com o livro nas mãos, pesquise mais sobre período tão cinzento, busque historiadores idôneos que descartam mentiras, tão comum nesses dias e até colocam imbecis no poder. Assim concluo: o ser humano é desumano ao extremo”.
 
Tomada pela perplexidade, olhou ao redor, estava sozinha, ainda sentada ao chão, uma lágrima rolou pelo rosto... Sussurrou o nome do autor e fechou o livro. Passou a mão pela capa num gesto solidário e leu o título do livro: “Cartas para o futuro”.
 
Se levantou, colocou o livro na estante e saiu cabisbaixa. Voltaria outros dias até ler todas as cartas. Desejava conhecer melhor aquele passado de caos. Haveria tempo?

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