Guaxupé, sexta-feira, 19 de abril de 2024
Jair Hermínio da Silva
Jair Hermínio da Silva Nossa Língua Portuguesa Professor de Português aposentado.

Guaxupé de minha meninice

terça-feira, 1 de junho de 2021
Guaxupé de minha meninice Foto: jfpnoticias/Divulgação

A Avenida Conde Ribeiro do Valle na década de 50, 60 era muita pacata. Não havia roubo, nem briga, nem assalto a mão armada, nem explosão de caixas-eletrônicos em bancos, nem trombadinhas, nem ciclistas que roubam senhoras e por que não senhores? Em plena luz do dia... e tantas outras coisas que acontecem por aí. Alguém ia à Fepasa a qualquer hora do dia ou da noite, ver a chegada do trem da tarde ou da noite (um passatempo feliz naquela época!) sem presenciar qualquer cena que chamasse a atenção. O povo andava sem pressa, sem medo, feliz da vida!
A banca de revistas da Conde Ribeiro do Valle já existia na década de 50, ali mesmo onde é hoje. Era do Sr. Eliseu Lima, irmão do Sr. Geraldo Lima, que depois foi proprietário da mesma. Eliseu era pai do Almerindo e de outros filhos. Ali em frente à banca, havia um carrinho de churrasquinho do Sr. Joaquim, homem bom de prosa, uma prosa gostosa, sossegada, sem pressa... A gente ia lá saborear o espetinho, em que ele passava um gostoso molho de pimenta, uma farinha de mandioca da hora! Eu gostava do espetinho de lombo suíno. Fazia também um espetinho de linguiça muito saboroso. Depois que o Sr. Joaquim faleceu, o carrinho passou para o Pedro, seu irmão, que permaneceu no local por muito tempo ainda.
Onde é hoje o Banco Sicoob, havia o Bar do Gaviola, que servia salgadinhos, refeições e bebidas. Gostava muito de ir lá saborear os pratos preparados no restaurante. Certa ocasião, fui lá com alguns amigos, chegamos à uma da tarde e fomos embora lá pela 1 da madruga...
A Padaria São Judas, do Sr. Sebastião era onde é hoje um belo restaurante... local de muito movimento, o dia inteiro, de guaxupeanos que iam pegar o pão nosso cotidiano. Sem dúvida, o melhor pão que Guaxupé tinha na época. O pão tinha gosto de pão. Interessante dizer isso, mas é assim mesmo.
A Padaria Santa Terezinha era onde é hoje o Big Hotel. Seu proprietário era o Sr. Joaquim Soares de Araújo. Ótima padaria também. Boa freguesia. As padarias de então tinham as carrocinhas e havia os entregadores de pães. Bem cedinho e eles já estavam nas ruas fazendo a entrega.
Na Rua Major Anacleto, existia uma famosa churrascaria: BAMBU, cujo proprietário era o Sr. José Accula Filho. Era um lugar excelente, vinha gente da redondeza inteira para comer, dançar, beber, enfim, divertir-se. Lugar de fino trato. Todo mundo ia para lá. Em Guaxupé, na época, não era como hoje aonde se pode ir a um estabelecimento em qualquer ponto da cidade. Era a BAMBU, o Clube Guaxupé e a zona de meretrício. Nada mais. Ou se estava na BAMBU, na zona ou no clube. A churrascaria BAMBU era o lugar mais badalado e estava sempre lotada com guaxupeanos, guaranesianos, jacuienses, muzambinhenses, gente, enfim, de todas as cidades circunvizinhas. Só quem conheceu pode falar a respeito. Lugar que evoca saudade em qualquer guaxupeano que viveu naquela época áurea. Após as noitadas de Carnaval, com letra maiúscula, sim, a gente ia pra BAMBU para comer algo ou tomar a famosa canja, antes de ir dormir.
Guaxupé, pacata Guaxupé de outrora... vale a pena recordar...
        

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