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Chamado à cadeia produtiva do café para montar soluções ao setor

domingo, 25 de julho de 2021
Chamado à cadeia produtiva do café para montar soluções ao setor O cafeicultor Fernando Barbosa, de São Pedro da União (Foto: Arquivo Pessoal)

Na madrugada do último dia 20 de julho tivemos na região Sul de Minas uma das noites mais frias do ano, o que acabou se refletindo em uma geada, afetando alguns de nossos companheiros, produtores de café.
O impacto gerado pela geada não pode ser visto apenas como a perda dos cafeicultores da uma região. Temos que ver o impacto como um todo, afinal de contas, o café não é um grão, mas sim uma cadeia produtiva, onde quando ocorre um problema, todos os participantes desta cadeia sofrem.
Os cafeicultores, atores primários desta cadeia produtiva, podem ser conhecidos pelas marcas deixadas pelo tempo dedicado a esta cultura melindrosa que é o café. Já se apresentam de forma organizada, mas ainda assim falta muito à cadeia produtiva.
Nós, cafeicultores, ainda sofremos com custo de produção elevado, com programas de financiamento que beneficiam apenas um lado, e este não é o cafeicultor, além de outros personagens que aparecem nesta cadeia produtiva não como agentes agregadores, mas como parasitas que minam e sugam a energia daqueles que a sustentam, os cafeicultores.
Quando os benefícios são apresentados aos cafeicultores por programas governamentais, estes são blindados por uma burocracia que mais inviabiliza os que mais precisam destes auxílios. Chegamos, muitas vezes, a nos questionar a quem realmente se destinam estes “auxílios”.
Os impactos desta geada são significativos para a safra de 2022, tanto que existem produtores que já analisam o processo de reforma de suas lavouras e, alguns, até um possível pedido de intervenção por parte dos recursos do fundo, com o objetivo de mitigar as perdas.
Em vários municípios, 48% das áreas de café foram afetadas e 300 cidades serão afetadas diretamente, além dos que  somam, pois não foi realizado levantamento e não foram citados aqui, segundo a Conab. Logo pela manhã do dia 20 de julho, vários produtores publicaram vídeos e fotos de lavouras de café sendo atingidas no cinturão, no parque cafeeiro do sul e sudoeste de Minas Gerais, cerrado mineiro, Paraná e sul de Goiás. 
Também houve relatos das regiões do cerrado mineiro em que o produtor disse que perdeu quase toda sua lavoura de café, como serra do Salitre, entre outras.  Recebemos vídeos e mensagens, via áudio, de geadas, de vários produtores pedindo ajuda e isso nos preocupou muito, pensando nas safras de 2022 e 2023.
Peço apoio, nesse momento,  porque sou cafeicultor também e não temos muita força nesse meio da política cafeeira.
Na sexta-feira, 23, foi realizada uma reunião em Alfenas com a intenção de mostrar às autoridades competentes, à ministra da agricultura, Teresa Cristina, o real impacto da geada na região.
Este texto, mais do que uma forma de solidariedade, é um chamado à cadeia produtiva do café, um chamado ao nome e à história do café, não apenas do cafeicultor, mas de toda a cadeia produtiva do café. Um chamado aos cafeicultores, para que nos organizemos e que as negociações e relações com os órgãos credores e bancos  possam ser realizadas em blocos coletivos e não por um cafeicultor de forma isolada.
Temos que valer da força de nosso suor! Unidos, como em outros momentos da história, já o fizemos e fomos vitoriosos.
Um chamado aos outros atores da cadeia produtiva do café porque, sem o cafeicultor, não haverá grãos para serem negociados, exportados, torrados, etc… Sem o cafeicultor, não haverá cadeia produtiva do café, ou seja, os senhores também não existirão.
O termômetro da região onde tem café gera renda e emprega diretamente e indiretamente. Apoie o cafeicultor e a palavra de ordem "União".
Um autor escreveu certo dia: “Assim como ouro é provado pelo fogo, homens fortes são provados pela miséria”, e eu, na minha humildade de cafeicultor, tomo a liberdade e a fé que tenho em Deus, e afirmo que nós, cafeicultores, podemos ser provados pelo mercado, mas a natureza, na Graça de Deus e em nossa união, nos fará vitoriosos, mais uma vez! Força, união e fé. (Fernando Barbosa - Cafeicultor de São Pedro da União – MG)
 

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