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Editorial

O mundo nunca mais será o mesmo

quarta-feira, 22 de julho de 2020
O mundo nunca mais será o mesmo Imagem: Divulgação

    Se a rapidez da realidade virtual já assustava, não há dúvida que agora, com a pandemia do Covid-19, tudo isso junto, mudará em definitivo a vida nas cidades e no mundo. Simplesmente a doença acelerou processos que já vinham se desenhando há anos, como o uso intenso da internet nos negócios e o encolhimento dos escritórios. E nem mesmo a descoberta de uma vacina fará a sociedade voltar ao que era antes! É como diz uma música: “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.”
     A análise vem sendo feita por especialistas em tecnologia e urbanismo, que acrescentam: “Nós não seremos mais os mesmos, definitivamente. Teremos vários “novos normais”. A nossa casa não vai ser mais como era. Nós vamos ter que redesenhar os espaços. Vamos trabalhar a partir de casa. Nós mudamos os nossos hábitos e o digital chegou de vez para ficar. Vamos ter que mudar o modelo de negócios, a forma de produção, que vai ser híbrida: físico e digital, presencial e a distância. E a convivência desse modelo híbrido de gestão do negócio será o maior desafio... Dessa maneira, muitas empresas decidiram reduzir ou até mesmo fechar os escritórios, para diminuir custos, colocando funcionários para trabalhar em casa. Em sentido oposto, o mercado imobiliário já começa a planejar a transformação de prédios comerciais em residenciais.
     Com baixo capital de giro e mais dificuldade de acesso a crédito, os pequenos negócios são um dos mais prejudicados pela crise. Uma pesquisa do Sebrae Minas mostrou que um a cada quatro pequenos negócios mineiros que possuem funcionários com carteira assinada tiveram que demitir em maio. Cada empresa dispensou, em média, dois funcionários.
Outro levantamento feito pelo Sebrae Minas indica que o percentual de mineiros desocupados ou na informalidade chegou a 33% em maio. Das 9,257 milhões de pessoas que estavam ocupadas no Estado, 81% não foram afastadas de suas atividades devido ao Coronavírus, mas, dessas, 35% tiveram rendimento menor que o normal. Entre aquelas que foram afastadas do trabalho, 49% deixaram de receber remuneração.
     No entanto, a pandemia provocou um embate entre aqueles que defendiam uma quarentena rígida para conter o avanço do vírus e aqueles que adotavam medidas mais flexíveis para limitar o impacto econômico da crise. A reabertura do comércio tem mostrado que, independente das medidas restritivas, o impacto econômico já está dado e mesmo com as lojas abertas, o consumidor está relutante em sair de casa. Há, sim, um temor do vírus entre as pessoas, mas o que está mais pesando para o consumidor é a sua falta de dinheiro e a insegurança com sua renda no futuro.
     Na visão de economistas, há incerteza, por um lado, quanto à possibilidade de uma segunda onda do vírus e, por outro, quanto ao ritmo de recuperação da economia, sendo que os dois fatores se cruzam. Estudos indicam que a recuperação nos lugares onde houve mais mortes têm ficado abaixo do que em lugares onde houve menos. Os dados disponíveis até agora apontam que o consumo na Alemanha e na França já se recuperou para níveis próximos do patamar pré-quarentena. Os dois países registraram até o momento cerca de 9 mil e 30 mil mortes, respectivamente. No entanto, o Brasil já soma quase o dobro das mortes observadas nos dois países, girando em torno de 80 mil mortes.
     Dessa maneira, enquanto não houver vacina, administrar esta crise na saúde e financeira não será nada fácil! Que a pandemia do Coronavírus está fora de controle em todo o planeta é fato. Porém, o país considerado o mais desenvolvido do mundo, os Estados Unidos, é incapaz de deter as mortes, que se acumulam aos milhares. Atrás dele e na disputa do genocídio está o Brasil, de Jair Bolsonaro, que não faz outra coisa a não ser se fazer de desentendido sobre a situação, que vai se arrastando. (Paulina Zampar)

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