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Comunidade árabe de Guaxupé comemora preservação da Igreja Ortodoxa e aguarda novo padre

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022
Comunidade árabe de Guaxupé comemora preservação da Igreja Ortodoxa e aguarda novo padre Igreja Ortodoxa de Guaxupé após a reforma de 1989 (Foto: Catedral Ortodoxa de São Paulo)

O tombamento histórico da Paróquia Ortodoxa Antioquina Santo Elias Profeta de Guaxupé é uma antiga reivindicação da comunidade árabe local, formada por descendentes sírio-libaneses.
Na noite de 5 de janeiro deste ano foi oficialmente anunciado o tombamento histórico da Igreja. A ex-presidente do Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (CDMPHC) e atual conselheira, Dra. Ana Cristina de Souza Serrano Mascarenhas, informou que “Os integrantes da comunidade árabe que estiveram presentes na reunião ficaram satisfeitos com a iniciativa que irá resgatar saberes e preservar a cultura árabe dos descendentes dos primeiros árabes que vieram para Guaxupé e contribuíram com a formação cultural do povo guaxupeano.”
Construída no início do século passado, com mão de obra e coordenação do primeiro padre, José Elias, a consagração se deu por volta de 1927. Mantendo-se no mesmo endereço, na rua Aparecida, 227, a Igreja Ortodoxa foi restaurada e reconsagrada em 1989, com apoio do arcebispo metropolitano Damaskinos Mansour e do Conselho de São Paulo.
Por longos períodos, a ausência de um padre na cidade fez com que as missas e os casamentos se tornassem esporádicos. Esta questão também será resolvida agora. “A Igreja, enquanto local religioso, obedecerá aos horários e disponibilidade do padre que virá, em breve, para Guaxupé”, acrescenta Ana Mascarenhas.
Sobre a possibilidade de a Igreja Ortodoxa fazer parte do turismo religioso de Guaxupé, a conselheira esclareceu: “Enquanto bem tombado, certamente contará com o apoio do CDMPHC no que diz respeito à preservação. Quanto ao turismo, acredito que o Conselho Municipal do Turismo poderá ter interesse em considerar a igreja em sua política municipal.”
A Igreja Ortodoxa Antioquina de Guaxupé foi a segunda construída no Brasil por sírio-libaneses. A primeira foi em São Paulo, na região da 25 de Março; bem diferente da suntuosa Catedral Ortodoxa Metropolitana do bairro Paraíso, que faz parte do guia turístico da cidade. “O fato de ser uma das igrejas pioneiras no Brasil é, sem dúvida, um fator relevante para o interesse histórico e cultural. Além disso, os saberes árabes, fortemente arraigados na cultura guaxupeana, mostram o quanto esta iniciativa do CDMPHC é pertinente”, reforçou a conselheira.
Se houver necessidade de restauro ou intervenção no espaço, o CDMPHC irá analisar o pedido. Com orçamento disponível, poderá ser custeado pelo Conselho, a exemplo de outras intervenções em bens tombados do município.


Etapas do processo 
Segundo previsões do historiador Marcos David, “Será elaborado pelo Conselho do Patrimônio Histórico um Plano de Trabalho para otimizar as várias etapas do processo de tombamento da Igreja. Vários documentos compõem o processo. Destacam-se as pesquisas históricas, levantamentos cartográficos, análises arquitetônicas, descrição detalhada do Bem Cultural (estilística, tipológica, morfológica), perímetros de tombamento e de entorno. Além do aspecto sociológico, a justificativa para o tombamento inclui dados de caráter estilístico,histórico, arquitetônico, entre outros. Todo o processo até a homologação por meio do Decreto Municipal, pode levar de 4 a 6 meses de trabalho, dos profissionais especialistas.”
O historiador ainda destacou as características arquitetônicas do patrimônio: “A construção datada da década de 1900 apresenta influência arquitetônica do estilo eclético, evidenciada em suas proporções na composição e nos materiais. A edificação está inserida no Centro histórico de Guaxupé, que se refere à área mais antiga da cidade, onde se encontram os traçados da ocupação original e as principais construções históricas que compõem o Patrimônio Histórico e Cultural do município.”
Em relação à casa paroquial anexa à Igreja, é um espaço que já tem função própria, mas a comunidade, juntamente com o novo padre, poderão redefinir essa utilização. Um museu, com documentação histórica, seria mais uma ação de preservação.
Outras informações poderão ser obtidas pela presidente do CDMPHC, Camila Acosta Pereira Lima Gabriel, que não se encontrava em Guaxupé no período de elaboração desta matéria. (Silvio Reis)

Confira as imagens

Na foto 03, a reconsagração, em 1989. Na sequência, padre José Elias, de batina, ao lado das filhas Fádua Cury (esq) e Angelina Cury, com o marido Habib Hanna Jorge.
Casamentos na igreja: (05) Alessi Saad e Namir Rodrigues da Silva; (06) Lorice Cury e Sadala Saad, (07) Lídia Saad e ChaficSabbag; (08) Amalim Haddad e Walter Sabbag.



 

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