Guaxupé, quinta-feira, 25 de abril de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

O impertinente mundo do excesso de conteúdo

quarta-feira, 6 de outubro de 2021
O impertinente mundo do excesso de conteúdo Imagem: Divulgação

Ao pretender agradar a muitos, você acaba percebendo que poderá aborrecer a quase todos. Isso te faz tomar consciência e assumir uma nova atitude.
Começa então a fazer mais sentido agora, como nunca havia feito, uma reflexão que certa vez você ouviu – e talvez tenha ouvido mais de uma vez.
De muitos modos, e na maioria das circunstâncias, é necessário parar de correr atrás das borboletas, porque elas simplesmente fugirão de você.
Compreendeu a metáfora?
O que fazer então para ter a proximidade das borboletas?
É vital cultivar um bom jardim, cheio de flores variadas, aromas e cores, a fim de que algumas borboletas – espontaneamente – se aproximem.
E o cultivo de um bom e belo jardim se faz através da sabedoria do silêncio.
Isso mesmo: é necessário fazer silêncio. Aprender a beleza da alegria, deixando de lado a ilusória e efêmera euforia.
Note que o silêncio não é sinal de ausência.
O silêncio é uma sutil presença. O voar das borboletas também.
Gentil presença...
Existe um erro estratégico comum nas pessoas entusiasmadas e bem intencionadas: no envio excessivo de conteúdo, entopem o WhatsApp, o Facebook, o Instragran, o Telegran e o E-mail dos contatos. A maioria desses contatos não quer receber tanta coisa assim. A maioria não tem tanta afeição por você, nem por mim. A maioria das pessoas não tem nem os mesmos valores e interesses que você e eu. Deus do Céu! Quem aguenta tudo isso! Como pode alguém ficar feliz e ter prazer em tanta coisa todo dia! Muitos de nós, em algum momento, acabamos cometendo esse erro. São poucos os que se salvam desses excessos. Será eu? Será você? Não somos apenas vítimas. Somos também culpados e cúmplices dos excessos de boa vontade. Açúcar demais no cafezinho o torna repugnante. Sal demais na comida a torna inapropriada.
O aborrecimento nos relacionamentos gera duas coisas ainda piores: a indiferença e a repulsa.
Tipo assim: "Mas essa pessoa de novo me enviando outra mensagem! Não é possível! Será que eu precisarei xingar? Será que eu terei que excluir, bloquear, pra ver se entende! Santo Deus!"
Ou seja, na sincera tentativa de ajudar, o indivíduo além de chato, importunante, enfadonho, torna-se também um invasor... Vai entrando sem ter sido convidado.
Era apenas vontade de ajudar, partindo de um bom princípio. Mas a questão é: quem disse que os outros querem ser ajudados por você – ou por mim?
Por isso, agora, a estratégia precisa ser outra, a da vitrine... uma exposição discreta, sutil, não invasiva. Verá apenas quem quiser ver as suas publicações, quem solicitar as nossas partilhas de informações, conhecimentos e sabedoria. Precisamos ser sábios, não é! Cautela. Bom senso.
Pense nisso!
Decisão pensada é decisão tomada.
Quem quiser, vai ver ou ler espontaneamente, naturalmente.
No máximo, sugira algo antes de enviar. Quer dizer: primeiro pergunte se a pessoa deseja ou não receber alguma coisa que você considerou interessante. Apenas assim. Menos tóxicos nas relações interpessoais de contexto virtual.
Desse modo, estaremos colaborando para que as pessoas prestem mais atenção em si mesmas e na vida real que nos acolhe a todos. Não podemos nos distrair.
Voltemos ao essencial. Afinal,  vida feliz é vida menos artificial.

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