Guaxupé, quinta-feira, 28 de março de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Se a dor não cessa, as oportunidades de alívio também não

quarta-feira, 9 de junho de 2021
Se a dor não cessa, as oportunidades de alívio também não Foto: Divulgação

Ninguém está isolado na sua própria dor... a dor é coletiva. O mesmo podemos dizer a respeito das soluções santas e sadias para o alívio das nossas angústias. Elas também são oportunidades para todos.
Vamos pensar juntos. Acompanhe na leitura...
O texto bíblico afirma que o começo da história da humanidade foi um desastre.
Da desobediência de Adão e Eva e o subsequente assassinato de Abel pelo seu próprio irmão Caim, até os nossos dias, a dor produzida pela maldade, pela perversidade humana não tem fim.
Jesus de Nazaré veio fazer o bem. Desejou a justiça, a paz. Pregou e viveu o amor como ninguém. O que fizeram com Ele? Todos sabem.
E antes mesmo do menino Deus crescer, muitas crianças foram sacrificadas. São consideradas mártires. Pense na dor daquelas mães...
Dando um salto histórico, pense nas torturas medievais. Horríveis. Horror.
Pense agora na época da Revolução Industrial, onde crianças também eram colocadas para trabalhar nas fábricas, e muitas delas morriam com partes dos seus corpinhos violentamente mutilados pelos cortes das máquinas. Infância! Que infância? Não viveram. Apenas existiram e depois morreram.
Pense nas Grandes Guerras Mundiais. Bombardeios, pessoas inocentes morrendo, crianças vendo sua família inteira sendo morta pelos soldados. Medo, frio, sede, fome, doenças. Que Psicologia oferecer a essas crianças? Como convencer a respeito da existência do amor de Deus para essas crianças?
E as guerras não acabam... Até hoje, grupos religiosos oponentes declarando guerras. Bombardeios. Milhares de inocentes em desespero. Crianças traumatizadas.
Epidemias ao longo da história. E agora, algo maior, mais destrutivo, uma pandemia jamais vista.
Pensemos nesses nossos dias, nessa época onde um vírus quer nos impedir de respirar. As pessoas acometidas não conseguem usar aquilo que é abundante e gratuito: o ar. Milhares e milhares de pessoas mortas no mundo inteiro.
E o inimigo agora é invisível e inaudível. Ninguém o enxerga, ninguém o escuta. Ninguém sabe onde ele está. Quando pensamos em guerras, ouvem-se e veem-se o barulho dos aviões e dos mísseis. Um medo horrível. Já na pandemia ocasionada pelo vírus, por esses pequenos seres infecciosos, o medo também é terrível.
Parece até que as orações tem limites na sua eficácia, pois muito se pede, se pede às vezes desesperadamente a cura de alguém, mas esse alguém não é curado. Acaba morrendo. E no dia seguinte, o que dizer às crianças que ficaram sem a mamãe, sem o papai, ou sem a vovó, sem o vovô? O que dizer?
Concluímos que viver na terra crendo que “tudo vai bem” não passa de ilusão, de alucinação.
Jesus Cristo já havia alertado, afirmando que nesta vida passaríamos por aflições.
Nesta vida o joio cresce junto com o trigo. O trigo se torna pão, alimento sagrado. O joio é praga, será cortado e queimado. Ambos vivem nesta terra. O bem tem mais direito que o mal, mas não é por isso que o mal deixa de existir nessa terra.
Por isso as religiões sadias falam tanto num contexto paradisíaco vindouro, numa outra condição de vida, numa realidade espiritual eterna, caracterizada pela plenitude da paz e da sempre renovada alegria, numa dimensão jamais vista ou experimentada por nenhum ser na Terra. Por isso os cristãos pedem tanto Maranata (“Vem, Senhor Jesus!”).
Porque na Terra, a história tem nos mostrado que altos e baixos sempre nos acompanharão. Tristeza e alegria são apenas momentos... Aliás, a alegria está mais para alguns momentos, enquanto a tristeza está mais para duradouros tormentos. Ambos são inesquecíveis. A alegria alivia as angústias da alma. O tormento gera melancolia.
Temos medo... Medo da escuridão. Um medo atávico.
No entanto, é o medo que nos impulsiona a desejar e a buscar a Luz. A Religião denomina essa busca de conversão. Em Psicologia podemos chamar de introvisão, olhar pra dentro, pra dentro de si.
Quando o ser humano percorre uma jornada para dentro de si mesmo (autoconfrontação e autoconhecimento), desenvolvendo capacidade de empatia e diálogo, ele então se espiritualiza, promove a paz.
A Luz nos dá força e coragem.
Onde há luz, não há trevas. Trevas significa ausência de Luz.
Mas ter coragem não significa deixar de ter medo. Coragem não é ausência de medo. A coragem é um desdobramento, um complemento do medo. Medo e coragem são sentimentos que caminham juntos. Coexistem.
Ter medo é necessário para uma sobrevivência prudente. A prudência é um passo além, ou seja, a atitude prudente já é um sinal de coragem.
Entendeu? O indivíduo prudente é corajoso e temente ao mesmo tempo. O temor nos mantém em alerta; a coragem nos permite dar um passo além, passos de cautela.
Pessoa prudente é pessoa consciente e respeitosa.
A pessoa corajosa não é aquela que sai por aí brigando, mas é aquela que vive a vida se cuidando, e cuidando do próximo.
O melhor remédio para ambas as situações continua sendo amar. O amor nos mantém unidos à Luz.
O amor é a grande força que a vida nos dá. O amor é a maior força do universo!
O amor alimenta a fé, e a fé é o que nos empresta um significado maior, espiritual, transcendental para a nossa existência.
Reafirmo: A fé se alimenta de amor, ou seja, de oração, contemplação, meditação e partilha. A fé nutre a esperança!
Lembre-se daquela frase: uma árvore que cai faz mais barulho que uma floresta que cresce.
Então, existe notícia ruim aos montes. Mas notícia boa tem também! O mal é real. O bem também faz parte da realidade! Vamos noticiá-lo, pra não ficarmos com a incorreta impressão que ele não existe mais. Sim, o bem existe! O próprio texto sagrado afirma que onde o pecado foi grande, a graça foi ainda maior!
O amor humano não resolve tudo, não alivia tudo, não cura tudo, não entende tudo, não é capaz de fazer sempre milagres. Mas é o que temos de melhor para cuidarmos uns dos outros.
Amar é ficar ao lado, permanecer junto, acompanhar, abraçar, dar as mãos, mesmo às vezes sem conseguir dizer uma só palavra. 

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