Guaxupé, quinta-feira, 25 de abril de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Força e consciência na pandemia

segunda-feira, 8 de março de 2021
Força e consciência na pandemia As entrevistadas Cássia Ribeiro, Solange Oliveira e Jéssica Silva (Fotos: Montagem/Divulgação)

Mulheres de força, mulheres de consciência, mulheres de fé. Em época ainda mais incomum do que aquela já vivida atipicamente na primeira onda da pandemia, confira o relato testemunhal de três mulheres: Cássia Ribeiro (empresária), Solange Oliveira (enfermeira) e Jéssica Silva (fisioterapeuta).
O relato delas poderá deixar claro ao leitor que estamos passando por uma provação, onde deboche e zombaria não deveriam ter nenhum espaço na população.

 
Rodrigo: Nessa angustiante época pandêmica de sofrimento intenso e global, você, Cássia, se manteve e se mantém produtiva, serena, sorridente e na fé. Você é uma mulher cristã. Tem sido a sua fé a fonte do seu fortalecimento?
 
Cássia: Fé é algo que alimenta e nos mantém em pé. É uma bênção maravilhosa ser serva de Deus nesses tempos e, cada dia que passa, fico mais assustada com o comportamento humano. Só penso que mundo minhas filhas vão encontrar!
A internet, bem usada, é bênção. Mas a formação crítica das minhas filhas está bem atribulada, pelo menos a meu ver.
Nas minhas orações só peço a Deus que as guarde...
Tá difícil, ouço e vejo cada coisa!

 
Rodrigo: Solange, você é esposa, mãe de duas crianças, fisioterapeuta e enfermeira. Tem enfrentado, como todos nós, as restrições familiares e sociais necessárias em função da pandemia. No entanto, muitos têm ignorado, desrespeitado, violado as leis e as normas, contribuindo para o avanço e as variantes do vírus. O que você tem a testemunhar, opinar e orientar aos leitores deste jornal?
 
Solange: Estamos enfrentando um momento histórico, não está sendo fácil para ninguém, mas se cada um fizer a sua parte, conseguiremos enfrentar tudo isso com um pouco de paz e menos perdas. Uma variante do novo coronavírus tem nos preocupado muito, devido ao seu maior potencial de contágio. Quanto mais o vírus circula de forma descontrolada, como vem acontecendo no Brasil devido ao afrouxamento das medidas de isolamento social, falta do uso de máscara corretamente, maiores serão as chances de surgirem variantes com vantagens evolutivas.
A falta de isolamento social eficaz, somada às falhas no cumprimento de outras medidas mitigantes, provavelmente aceleraram a transmissão precoce da variante.
Não temos expectativa que nos próximos meses teremos vacinação para todos... isso poderá demorar além do que prevemos. Portanto, gostaria de orientar a todos que se previnam, fazendo o isolamento social, o uso correto das máscaras, higienização das mãos, e se tiver a possibilidade de ficar em casa, que fiquem em casa. Assim, contribuímos com todos.
"Não há sol todos os dias, não há alegria sempre, mas tudo, em algum momento, melhorará. Isso sim: esperança sempre".

Rodrigo: Nessa angustiante época pandêmica de sofrimento intenso e global, você, Jéssica, se manteve e se mantém trabalhando, respeitando todas as orientações de segurança. Apesar de tudo isso, ainda foi contaminada pelo covid-19. O que você tem a dizer àqueles que ainda zombam dessa época de real luto e provação?
 
Jéssica: Desde o início da pandemia, no primeiro trimestre do ano passado, venho tentando manter meus atendimentos com qualidade e segurança. No início era tudo muito novo e, como o Conselho de Fisioterapia liberou os atendimentos online, enxerguei neles uma possibilidade de dar continuidade com o tratamento dos meus pacientes, mantendo-os em movimento e sem exigir uma maior exposição deles e minha. Alguns aceitaram bem, outros nem tanto, mas era uma situação inusitada para todos nós. E se adaptar às mudanças era a opção. Deu muito certo. Alguns continuam no atendimento remoto até hoje, sem prejuízos na sua evolução, quer dizer, evoluindo e conseguindo manter um equilíbrio no estado geral de saúde. Alguns casos obviamente não conseguimos fazer de forma remota e, com isso, atendo clinicamente ou vou até o domicílio do paciente, sempre respeitando todos os protocolos de segurança e higiene.
Sabemos que nada é 100% eficaz contra o vírus. Como profissional da saúde, eu considero inadmissível que algumas pessoas ainda menosprezem o covid. E como ser humano, sinceramente, Rodrigo, sinto uma mistura de tristeza e incredulidade diante da atual situação que o país vive. Falta consciência, empatia, respeito pela vida do outro... O mais triste é que não adianta tentar alertar. Eu sou jovem, tenho 25 anos, não tenho nenhuma comorbidade, sou extremamente ativa, respiro movimento. E ainda hoje, há mais de um mês após me contaminar com o covid (durante a realização de um curso onde só haviam profissionais da saúde, todos com máscara e fazendo uso de álcool 70%), ainda estou retornando minha rotina de trabalho com cautela e restrições; sou orientada pelos médicos que me acompanharam, devido à fadiga, tosse e arritmia que ainda insistem em me acompanhar.
Eu continuo me cuidando, e espero que as pessoas se cuidem também, que cuidem dos seus, porque estamos num momento extremamente delicado.

 

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