Guaxupé, quinta-feira, 25 de abril de 2024
Rodrigo Fernando Ribeiro
Rodrigo Fernando Ribeiro Psicologia e Você Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo (CRP-04/26033).

Agradar... até quando?

domingo, 10 de janeiro de 2021
Agradar... até quando?

Para muitos, Jesus era um bom profeta, promovia a paz, desejava justiça, era misericordioso. Aplausos para o Mestre!
O quê? Ele, Jesus, está dizendo ser o Filho de Deus? Ele está afirmando que é a Verdade, o Caminho, a Vida? Enlouqueceu! Aí já é demais. Blasfêmia! Mata ele.
Leitora, leitor...
Ficou viva para você a intenção reflexiva da introdução deste artigo?
Eu, você, qualquer pessoa, jamais conseguiremos agradar a todos sempre, o tempo todo.
Citei Jesus Cristo, o exemplo mais comum usado nesse tipo de reflexão. Não é?
Pensemos em nossos dias, aqui no Brasil.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, é contra o aborto. Aplausos.
O mesmo presidente debocha da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), mesmo em meio a milhares de pessoas que perderam a vida. Cretino, insensível, irresponsável.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump tem milhares de apoiadores. É aplaudido. Também tem milhares de críticos severos, de oponentes famosos como os atores Robert de Niro e Mel Brooks. Alguns afirmam que a “cretinice” de Trump foi confirmada pela invasão de manifestantes em Capitólio, contrários à legitimidade da vitória do próximo presidente, Joe Biden.
De volta ao Brasil:
É comum vermos condutas semelhantes no nosso futebol, especialmente quando quem se apresenta é a Seleção Brasileira. Locutores esportivos entusiasmados, ladeados por comentaristas com o mesmo ânimo, elogiam alguns jogadores como se eles fossem deuses do Olimpo. Mas basta alguns desses jogadores jogarem mal uma partida e pronto... de deuses são transformados em demônios, de super-heróis em desgraçados vilões, de mocinhos a bandidos, de patriotas a traidores.
Note bem! Estou aqui falando de duas coisas...
A primeira delas é do comportamento fanático, ou da mentalidade fanática, ou do sentimento fanático, que defende seja lá quem for, e defende sempre com unhas e dentes, mesmo que esse alvo idolátrico cometa alguma imbecilidade. O fanático adorador não abre mão de defender seu ídolo. Trata-se de um “puxa-saquismo” incurável. Esqueça. Ninguém modifica a mente de um fanático.
A segunda coisa é da mudança bipolar de opinião que a maioria das pessoas manifesta. E nós não podemos nos excluir disso, pois, não tão raro, nós fazemos o mesmo. É em vão ficar apontando o dedinho acusador na cara de outrem. Nós também temos alguma podridão dentro. Ser humano é assim: um ser imperfeito, falho, sujeito a cometer erros diante da menor distração.
Pense em você mesmo, numa reunião familiar, no trabalho, ou num simples encontro entre amigos. Imagine a cena: Alguém começa a falar, a emitir opinião. Os puxa-sacos de plantão apressadamente começam a fazer aquele gesto de cabeça de aprovação, mostrando que estão concordando com tudo. O fanático segue assim, aprovando e aplaudindo. Já o não fanático, quando o outro emite uma opinião subsequente de desagrado, ou que desagrada o crítico ouvinte, que pode ser você, pronto, os ânimos se alteram e uma perigosa discussão pode ter início, gerando sempre, após toda a batalha, as fofocas implacáveis, que frequentemente se estendem pela madrugada, ainda que pelo pensamento desenfreado gerando insônia, dor de cabeça e mal humor no decorrer do novo dia.
O ser humano não aprende.
Quem avança é a ciência, a técnica.
Quanto à moral e à ética, a maioria de nós permanece no contexto da desobediência e da barbárie, já registrada na época de Adão e Eva, Caim e Abel.

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