Guaxupé, quinta-feira, 28 de março de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

Vacinas contra a Covid-19 começam a ser aplicadas

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Vacinas contra a Covid-19 começam a ser aplicadas Foto: Reuters/D. Ruvic

No caso das vacinas contra a Pandemia do temível Coronavírus não poderemos dizer que a Ciência tarda, mas não falha, porque elas começaram a ser aplicadas nesta semana na Grã Bretanha. Neste caso, devemos reconhecer que os cientistas se superaram. Afinal de contas, neste final de dezembro faz um ano que essa virose apareceu lá pela vastidão da China logo se espalhando para seus vizinhos asiáticos, para a Europa, para as Américas, para a Oceania e para a África, enfim sendo declarada pela OMS – Organização Mundial de Saúde – como uma Epidemia que transpôs fronteiras nacionais e continentais, isto é uma Pandemia.
Pegou médicos, cientistas e governantes mundiais de surpresa, demonstrando ser uma nova doença a ser combatida. As cenas dos primeiros meses de 2020, na Itália, que correram nosso mundo, se mostraram chocantes. Viam-se veículos militares, emcortejos fúnebres de uma cidade para outra na busca de cemitérios de comunidades vizinhas para o sepultamento dos mortos. Não demorou para que víssemos esse caos atingindo Nova York, uma fervilhante cidade com mais de 20 milhões de habitantes, enterrando seus milhares de mortos em covas coletivas, com a ajuda de máquinas escavadeiras. Pelas TVs e redes sociais as pessoas veriam outras cenas dramáticas:cadáveres sendo colocados para fora das casas e abandonados nas ruas da equatoriana Guayaquil.  A partir de maio esse cenário horrendo chegou ao Brasil, mostrando as mesmas máquinas pesadas, substituindo os coveiros nas capitais amazônicas de Belém e de Manaus, com fileiras de cruzes enchendo os campos santos e enfeitadas por flores murchas.
 Enquanto isso, aqui no sudeste e sul brasileiros, sob o incentivo de um Presidente da República negacionista, as pessoas se prestavam a repassar boatos de que tudo era um exagero, uma disputa política, que havia a certeza de que se morria de outras doenças e os hospitais atestavam como morte pela COVID-19 para melhor faturarem com o dinheiro dos governos. Houve até boato pior, que acabou virando caso de polícia, de que caixões fúnebres eram enterrados cheios de pedras para simularem o peso dos mortos.
Pois, completamos um ano do surgimento da COVID-19. Aos poucos a Ásia e a Europa contiveram suas epidemias, enquanto nos EEUU – Estados Unidos da América – e no Brasil vêm sendo observados casos de contágio e de mortes ora diminuindo e ora aumentando, sem que isso possa estar caracterizando a segunda onda da doença, como já se fala que esteja sucedendo na Europa. A realidade é que por lá o inverno rigoroso parece ser propício à nova escalada do vírus, como acontece com a maioria das doenças respiratórias. Mas, tanto lá como aqui, a diminuição dos casos de contágio e de morte levou a população ao afrouxamento das medidas de distanciamento e isolamento sociais, do uso das máscaras faciais como eficazes barreiras contra a contaminação. Enfim, por todas as partes, as pessoas continuam a enxergar a Pandemia como um mal distantede si, muito embora seja difícil hoje as pessoas não saberem de algum amigo ou parente que não tenha sido acometido pelo vírus ou até tenha morrido em decorrência do mesmo. Os números continuam a ser alarmantes: segundo dados nacionais do CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Estados da Saúde – ou mundiais, através da própria OMS, nesta 4ª feira, 9 de dezembro.  No Brasil, com todas as falhas de testagem, o número de infectados se aproxima dos 7.000.000, sete milhões de pessoas, com 178.995 mortes, Nos EEUU, com o número de mortes diárias passando de 2.000, o total já chega a 295.442 e o a quantidade de pessoas infectadas a quase 16 milhões. Em todo o nosso mundo a quantidade de pessoas contaminadas beira a 70 milhões de pessoas e o número oficial de mortos é de 1.551.214.  Já se estimou que a taxa de mortalidade mundial pelo SARS-CoV-2, ou COVID-19, seja de 4 %. Para a dirigente da OMS, Maria van Kerkhove essa taxa não é a real letalidade da enfermidade, porque há omissões e falhas nas testagens, interferindo no número de óbitos, sendo que a OMS calcula a mortalidade em 0,6%. Na realidade ainda assim considerada alta em face da elevada capacidade de transmissão dessa doença.  Inclusive se a compararmos com a taxa de letalidade de gripe da Influenza A, que provocou 1 morte para cada 10.000 pessoas em 2009, ou seja, uma letalidade de 0,01%.
Um ano depois do surgimento do Novo Corona Vírus na cidade de Wuhan, na China, do seu alastramento pelos continentes terrestres, semeando pânico, afetando a economia mundial, afastando pessoas e famílias do convívio social, matando também jovens dentre a maioria de velhos, inclusive provocando milhares de óbitos em todo o mundo entre os profissionais da saúde, que combatem a moléstia na linha de frente, eis que a Ciência tinha pressa no desenvolvimento de uma vacina a fim de deter a Pandemia. Esse otimismo fica aqui registrado pela vitória da Ciência sobre a COVID-19, que começou a se concretizar nesta semana com o início de vacinações em massa na Grã-Bretanha, que é a ilha onde se localizam a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales, os quais, junto com a Irlanda do Norte, formam o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. A outra Irlanda ou Eire, vizinha daquela do Norte, é um país independente.
A despeito da propaganda e do grande desenvolvimento inicial da vacina inglesa da Universidade de Oxford, junto com o Laboratório AstraZeneca, houve atrasos nas suas fases de testes. Assim sendo, o feito histórico do desenvolvimento, testagem e aprovação por órgãos reguladores da Saúde de uma vacina cabe às empresas BioNTech, alemã, e à Pfizer, norte-americana. Segundo o noticiário do portal R7, de 2 de dezembro último (noticias.r7.com/saúde/vacina-da-pfizer-e-mais-rapida-a-ser-aprovada-na-historia-02122020). Consta da notícia que a alemã BioNTech, sediada em Mainz, especializada em novas tecnologias, especialmente na tecnologia do RNA mensageiro (RNAm) para doenças infecciosas, em 12-Jan-2020, tão logo a China tenha divulgado o genoma do SARS-CoV-2, começou a desenvolver estudos para esta vacina. Ela fez parcerias com a Fosun, um potente conglomerado chinês de investimentos, já citado em matérias da revista Exame e com a gigante farmacêutica norte-americana, a Pfizer. Isto aconteceu antes mesmo da OMS declarar a Covid-19 uma pandemia. Neste projeto o governo alemão investiu 375 milhões de euros. A Pfizer selecionou 43.500 voluntários nos EEUU, Brasil, Argentina, Alemanha, África do Sul e Turquia. O mecanismo da vacina não utiliza de vírus mortos nem atenuados. Segundo o R7 “O RNAm consiste em uma molécula produzida em laboratório que simula um material genético do SARS-CoV-2, mas, incapaz de causar doença, pois, apenas ativa o Sistema Imunológico ao ser inserida e o faz produzir anticorpos contra esse vírus específico”. Sua eficácia é de 95%, isto é, dentre 100 vacinados nos testes, somente 5 pegaram Covid-19.
O Reino Unido tem um Plano Nacional de Vacinação, através do NHS, o SUS deles, que é o National Health System, gratuito para toda a população. Neste primeiro momento está vacinando idosos e funcionários de casas de repouso/asilos, idosos com mais de 70 anos e portadores de doenças graves. A autorização obtida perante órgãos sanitários do Reino Unido foi para caráter emergencial, situação a ser analisada ainda este mês nos EEUU e no Canadá. Além dessas duas vacinas até aqui mencionadas, estarão em fase de análises, principalmente, aqui no Brasil a Corona Vac, chinesa do Laboratório Sinovac, que já começa a ser produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo. A Rússia também já está imunizando sua população com a vacina Sputnik V, mas ainda não publicou suas experiências com a mesma em revistas científicas consagradas, nem requereu autorização da ANVISA, aqui do Brasil, pois tem contrato com o Estado do Paraná. Ainda há a vacina norte-americana da farmacêutica Moderna.
Ao finalizar, reitero o que publiquei em artigos anteriores a respeito da Pandemia do COVID-19: o distanciamento e isolamento sociais, o uso de máscaras faciais e a higienização das mãos muito contribuíram para que a mortandade mundial com essa doença não alcançasse números superiores aos de hoje, principalmente pela atitude restritiva e dolorosa dos “Fica em Casa”. Sem dúvida, poderiam ter perdido suas preciosas vidas o dobro ou o triplo de pessoas não fossem essas medidas. Quanto à morte da Economia, isto não ocorrerá, porque dinheiro é igual erva daninha para quem o tem, alastra-se cada vez mais. Aos mais pobres, aos remediados e aos pequenos empresários, em todo o mundo, coube aos governos dar-lhes as migalhas de sempre sob a forma de auxílios emergenciais, atitude que variou de nação para nação. Enquanto o mundo parou, a Ciência dedicou todos seus esforços para produzir vacinas no menor tempo possível, enquanto todos os profissionais de saúde lutavam em todas as frentes, junto com outros funcionários agregados aos serviços de saúde, numa luta de riscos e muitos sacrifícios para a preservação da vida humana.
 

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