Guaxupé, sexta-feira, 29 de março de 2024
Marco Regis de Almeida Lima
Marco Regis de Almeida Lima Antena Ligada Marco Regis de Almeida Lima é médico, nascido em Guaxupé, foi prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e deputado estadual-MG (1995/98; 1999/2003). E-mail: marco.regis@hotmail.com

Maldições de Itamar Franco caiam sobre a Eletrobrás

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
Maldições de Itamar Franco caiam sobre a Eletrobrás O ex-presidente da República, Itamar Franco (Foto: Divulgação)

Não me sinto convicto nem confortável para invocar espíritos de mortos, mas, num instante iminente em que o Governo Federal planeja liquidar com tudo o que resta do nosso patrimônio verde-amarelo, vem a mim a memória do saudoso Governador de Minas Gerais, Itamar Franco, como derradeira esperança de conter esses espasmos impatrióticos e entreguistas. Tenho que essa invocação alcança procedência, porque Itamar, originalmente, foi um baiano que adotou Minas Gerais para viver. Neste aspecto, com os mineiros aprendeu nossas tradições de lutas libertárias que aconteceram no Brasil colonial, mas também deve ter aprendido na Bahia que haveria possibilidade de interferir lá do plano dos mortos em determinadas situações dos vivos. Sendo eu filho de um kardecista, cresci num ambiente em que se falava de canais de comunicação com os mortos. Nessa situação de inconformismo e desespero imaginei que pudesse contar com a ajuda espiritual de Itamar Franco. Lá de cima ele deve ter melhor entendimento do que vai significar a liquidação do Brasil, porque sua luta contra a privatização de Furnas econtra o Governo de Fernando Henrique Cardoso foi denodada e garbosa. Especialmente, foi uma luta na defesa dos interesses de Minas Gerais, na defesa do Mar de Minas, enão somente da defesa da Usina Hidrelétrica de Furnas (UHE Furnas), mas de várias UHEs que compõem o complexo Sistema Furnas.
Sempre é bom lembrar que o Presidente Itamar Franco ajudou antes a tirar o Brasil da hiperinflação, com o Plano Real. Isto se deu junto com seu então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, quando Itamar Franco exerceu um sensato mandato presidencial de transição, substituindo, na condição de Vice-Presidente da República, o titular do cargo, Fernando Collor de Mello. O hoje Senador Collor, atual aliado do Governo Bolsonaro, na época foi vítima de um Golpe Parlamentar apoiado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e, até pelo Deputado-Capitão que atualmente é o nosso Presidente. Coisas da política incoerente e oportunista de todos esses atores. Aliás, o PT sentiu na carne a injustiça do Golpe contra a Presidente Dilma Rousseff; e o Presidente Bolsonaro sofre o assédio de algumas dezenas de pedidos de “impeachment”.
Certamente que não estou delirando, imaginando a materialização do nosso saudoso Itamar Franco para tomar parte nesta contenda. Estou clamando para que ele possa agir em centenas das mentes envolvidas neste danoso processo de privatização indireta das Centrais Elétricas Brasileiras – a ELETROBRAS, de cujo nome retiraram o acento agudo, artimanhas para a sua alienação. É ela um conglomerado de empresas, que os vendilhões da Língua Portuguesa e da Pátria brasileira gostam de denominar de “holding’”, composta por Furnas, Chesf – Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco - Eletronorte, Eletronuclear e metade da Itaipu Binacional. Nem tudo está no embrulho como a porção nuclear e Itaipu nem a Eletronuclear. O modelo de privatização seria pelo sistema de capitalização de parte dos 60% de ações que hoje detém o Brasil, de modo que o País perderia o controle acionário, embora queira usar como medíocre consolo certos poderes de veto através de outra facada no nosso idioma que seriam as “goldenshares”. Porém, poder de veto maior caberá aos brasileiros, pois vejo um estrondoso grupo de pessoas envolvidas em redes sociais, um deles Todos por Furnas. Vejam que a luta deles nãovinha sendo contra a privatização, mas pelo restabelecimento da cota ou nível das águas em 762 metros, em relação ao nível do mar, cujos níveis inferiores a esse estão destruindo a piscicultura de confinamento, as pousadas, bares, restaurantes, pescadores artesanais e esportes náuticos, claro que, principalmente, fora da Pandemia do CoVid.
A luta se multiplicará, pois os municípios lindeiros de Furnas, que são 34, receberão os mais diversos apoios não só dos mineiros como de todos patriotas brasileiros. Ninguém vai cair na conversa mole do Ministro e Almirante de Esquadra, Bento Albuquerque Júnior, publicada pela imprensa de que serão abertos 130 mil empregos, ao contrário dos 25 mil da atualidade em toda a Eletrobras. Nem vai se importar em “limpar a barra” do Presidente Bolsonaro, que caiu em desgraça com investidores internacionais em episódio ocorrido nesta semana, referente a sua sinalização de intervenção nos preços da gasolina, do diesel e gás de cozinha, aliás, uma intervenção em que ele seria amplamente apoiado, até reestatizando a Petrobras, pondo para voar essas aves de rapina mundiais, que se tornaram ameaçadores sócios minoritários da nossa pujante petrolífera, que vira e mexe se mobilizam por indenizações junto à Justiça dos EUA.
Não queremos e vamos combater não somente a proposta de privatização da Eletrobras e suas subsidiárias como Furnas, Chesf e Eletronorte, também a privatização do nosso tradicional Correio. Ainda vamos defender a estabilidade do Servidor Público. Desde o governo golpista de Michel Temer, e no atual do Presidente Bolsonaro, os trabalhadores brasileiros vêm perdendo direitos e nacos dos seus salários com flexibilização das leis trabalhistas, com a reforma da Previdência e com outras medidas que favorecem aos poderosos. Como vender os Correios cuja história de entidade pública vem desde 1633, ou como ECT desde o Ciclo Militar, 52 anos atrás? Como vender a CHESF montada em 1945 por Getúlio Vargas? Como vender Furnas idealizada e implantada pelo Presidente Juscelino Kubitscheck? Como entregar nossa principal matriz energética, nossas águas, para aventureiros internacionais? Acabarão com tudo aquilo que o Sul de Minas conquistou, ao que antes me referi ao falar da cota 762m. Foram conquistas de superação, porque nossos antepassados sul-mineiros foram sacrificados com a perda de suas terras férteis, de suas moradias e outras benfeitorias, para a formação do Lago de Furnas. Privatizar Furnas, e as demais UHEs, significa sacrificar e punir duas vezes essas regiões, ou mesmo famílias, porque os aventureiros, particulares, somente interessarão pelo lucro, pois esta é a sua verdadeira vocação. Ninguém usará as águas do Mar de Minas para as diversas finalidades que especificamos, sem que tenham que pedir ordens ou se submeterem aos caprichos dos aventureiros internacionais. E qual será a esperança de que nossas contas de energia sejam barateadas, até mesmo tenham a regalia da tolerância de atrasos, sem cortes cruéis?
País capitalista e mais rico do mundo, os Estados Unidos da América (EUA) tem sob controle do seu governo federal, e sob proteção das suas Forças Armadas dezenas de UHEs, criadas por iniciativa do Presidente Roosevelt após a Grande Depressão de 1929, para dotar de energia e desenvolver regiões paupérrimas do país, inclusive de endêmicas de malária. Muitas tentativas houve de privatizá-las, mas, os EUA as têm como empresas governamentais estratégicas e essenciais à sua soberania. Tudo começou com a decantada Tennessee Valley Authority (TVA), uma fonte energética e uma instituição de desenvolvimento regional, que já serviu de modelo para muitos países, inclusive para o Brasil, assunto sobre o qual não há como me alongar.
Só me resta terminar com a invocação espiritual do destemido baiano-mineiro, Itamar Cautiero Franco, ex-Senador mineiro, ex-Vice-Presidente e Presidente da República, ex-Governador de Minas Gerais que, para impedir a venda de Furnas, até colocou a Polícia Militar do nosso Estado em manobras na região de Furnas, confrontando o Governo Federal, confrontando a rapinagem internacional, movimentos em que estive amplamente solidário e combativo como Deputado Estadual, até o apoiando nas suas ameaças de explodir o dique de Furnas e desviar o curso das águas do Mar de Minas noutra direção, na do rio da unidade nacional, o São Francisco, que abriga outro tanto de barragens, a começar pela de Três Marias/Felixlândia, da nossa gloriosa CEMIG, outra obra do dinâmico Juscelino Kubitscheck, aqui como Governador de Minas.
Assopre e ilumine muita gente, espírito de Itamar Franco, a começar por políticos aqui da região que se dizem comprometidos com as populações dos municípios do Lago de Furnas. Devo citá-los junto com todos da Bancada Mineira no Congresso Nacional, exceto bolsonaristas, privatistas e alguns agregados que sempre votam com o Governo. Nosso apelo vai começar pelo novo Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), e seus dois colegas senadores Antonio Anastazia (PSD) e Carlos Viana (PHS) e paraos deputados federais Aécio Neves (PSDB), Aelton Freitas (PL), André Janones (AVANTE), Bilac Pinto (DEM), Delegado Marcelo (PSL), Diego Andrade (PSD), Dimas Fabiano (PP), Domingos Sávio (PSDB), Eduardo Barbosa (PSDB), EMIDINHO MADEIRA (PSB), Euclides Pettersen (PSC), Fred Costa (PATRIOTA), Fábio Ramalho (MDB),Greyce Elias (AVANTE), Lafayette Andrada (PR), Marcelo Aro (PP),Hercílio Diniz (MDB),Luís Tibé (AVANTE), Mauro Lopes (MDB), Newton Cardoso Jr (MDB), Paulo Abi Ackel (PSDB), Rodrigo de Castro (PSDB), Pinheirinho (PP), ZÉ SILVA (SDD) E ZÉ VITOR (PL). Deputados da Esquerda são naturalmente contra as privatizações e os cito por justiça: Weliton Prado (PRÓs), Vilson da Fetaemg (PSB), Rogério Correia (PT), Júlio Delgado (PSB), Mário Heringer (PDT),Reginaldo Lopes (PT), Paulo Guedes (PT), Patrus Ananias (PT), Padre João (PT), Áurea Carolina (PSOL) e Odair Cunha (PT).
Que as maldições do intrépido Governador mineiro recaiam sobre todas as falsas intenções dos políticos traidores da Pátria, sobre investidores internacionais e outros, que ousarem se posicionar a favor de privatizações lesa-Pátria.
 
 

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