Fazer rir, fazer chorar
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
Com a palavra, a pedagoga Lenine Martins Faria
O riso, assim como o choro, é uma resposta do nosso cérebro e desencadeia diversas sensações em nosso corpo, por aquilo que vivemos, presenciamos, sentimos.
Sorrir e chorar são formas de comunicar, interagir.São reações que mudam nossa expressão facial e contam o que sentimos. Quem nunca retribuiu um sorriso simpático e despretensioso ou gargalhou por ouvir uma risada gostosa e contagiante? Emocionou-se e chorou por histórias que nos comovem ou por simplesmente ver alguém chorar?
Podemos entender que fazer rir ou chorar pode ser uma reação positiva ou negativa às nossas emoções. São inúmeros os motivos que nos fazem rir e, se refletirmos a fundo, os mesmos motivos podem nos fazer chorar.
O que muda é a intensidade das nossas emoções, o nosso estado de espírito, o momento em que estamos vivendo.
Seria superficial caracterizar que risadas é sobre humor; a expressão do rir é o sorriso, um gesto inconsciente e parte de relacionamentos que nos cativam. Superficial também dizer que o choro é expressão de tristeza; as lágrimas, por vezes são involuntárias. Por não querer chorar, desabrocham por sentimentos profundos e incontidos... sim, por tristezas, mas também por fortes emoções de alegria e gratidão.
Sorrir é muito mais que fazer pose para uma foto.Risos são flashes de felicidade, choros de alívio na alma, momentos únicos, parte do seu livro da vida.
E você? O que te faz rir, o que te faz chorar? Tudo é passageiro. Então, sinta verdadeiramente suas emoções. Faz-te rir um sorriso meigo, um olhar de amor de uma criança, encontrar e abraçar alguém querido, confraternizar entre amigos, relembrar um momento especial, ouvir uma piada, alcançar um objetivo, presenciar o nascimento de um filho, celebrar a vida com saúde... Faz-te chorar a tribulação, quando se entristece, perde algo ou alguém, quando também reencontra e se reencontra...
Quando espalha o bem, ou vê a superação de alguém. Quando se sente grato por todas as bênçãos que tens recebido, quando vive tudo isso e reconhece o valor de cada coisa, de cada pessoa, e entende que do choro nasce a alegria, que do riso da alegria brota a lágrima da gratidão e da conversão.
Com a palavra, o psicólogo Rodrigo Fernando Ribeiro
Fazer rir...
O riso alivia, ameniza angústia, pode até aplacar alguns episódios depressivos.
Charles Chaplin fez e ainda faz multidões se dobrarem de tanto rir. Risadas de dar dor na barriga! De até ficarmos desfigurados, no bom sentido, com outra cara, avermelhados de tanto sangue na face... Nenhuma cirurgia plástica estica tanto as bochechas. Carlitos foi daqueles personagens do Cinema que sempre mereceram ser vistos por um grupo de pessoas, em família ou em sala de aula, pois o riso é contagiante. E como faz bem! Sabiamente Charles Chaplin afirmava que o bom humor mantém a saúde mental. Fato.
Depois, o Gordo e o Magro, Jerry Lewis, Mel Brooks, passando pelos também geniais Gene Wilder, Marty Feldman, Richard Pryor, Eddie Murphy e por aí vai... até o jeitão melancólico de Woody Allen nos arranca gargalhadas. Rabugentos também nos fazem rir, como Walter Matthau.
No Brasil, claro, os espetaculares Oscarito, Mazzaropi, Grande Otelo, Palhaço Carequinha, José Vasconcelos, Walter D’Ávila, Zezé Macedo, Fafy Siqueira, Zilda Cardoso entre tantos outros e tantas outras mais.
O livro sagrado do Eclesiástico (ou Sirácida) recomenda ao ser humano não entregar a alma à tristeza (Eclesiástico 30, 22-25).
Na mesma Bíblia Sagrada, existem 150 Salmos. Já no primeiro Salmo, no primeiro versículo, a primeira palavra é “feliz”.
Jesus Cristo, no Sermão da Montanha, dá o ensinamento para ser feliz (Capítulo 5 do Evangelho de Mateus).
Foi o mesmo Jesus quem também recomendou a compaixão, o coração misericordioso e a partilha como fonte de felicidade (Mateus 25, 31-46; Atos dos Apóstolos 20, 35). O Deus cristão é o Deus da aproximação, do contato, da comunicação, da compaixão, da comunhão.
O apóstolo Paulo disse categoricamente: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Filipenses 4, 4).
Como é bom fazer uma criança sorrir, gargalhar, ver sorrisos de esperança, contemplar olhares de gratidão. Como é bom sermos fontes do abraço e do pão.
E por falar em criança, sabemos que a infância é território sagrado. Um território sagrado que, infelizmente, de muitos modos, vem sendo violado. Toda espécie de maldade, toda espécie de covardia, toda espécie de crime vem sendo cometido com as crianças de todo o mundo, em todos os povos, de todas as culturas.
Por isso, Jesus Cristo foi tão contundente e severo diante daqueles adultos que causam escândalos aos pequeninos. Jesus alertou: “Ai de quem causar escândalo!” Jesus foi categórico ao dizer que melhor seria ao adulto malfeitor morrer afogado no fundo do mar, com uma grande e pesada pedra pendurada ao pescoço, do que escandalizar uma criança (Mateus 18, 6).
E você? O que tem feito? Tem feito alguém sorrir, ou tem feito alguém chorar?
Você invariavelmente colherá o que semear.
