Guaxupé, quinta-feira, 18 de abril de 2024
João Júlio da Silva
João Júlio da Silva PAPOENTRELINHAS João Júlio da Silva é jornalista em São José dos Campos (SP), natural de São Pedro da União e criado em Guaxupé. Blog https://papoentrelinhas.wordpress.com

NEUTRO É AQUELE CUJA ESSÊNCIA É O NADA

terça-feira, 27 de julho de 2021
NEUTRO É AQUELE CUJA ESSÊNCIA É O NADA

No flagelo que abate a humanidade neste início de década, dar a cara para bater, mostrar a que veio, faz toda a diferença, mas é preciso coragem para que se tome essa atitude reveladora da hombridade. Preocupados com a reputação, muitos acabam mostrando o verdadeiro caráter, na maioria das vezes, camuflado de falsas verdades, numa roupagem enganadora.
É preciso se posicionar ao longo da vida, principalmente, durante um período obscuro que exige uma postura de responsabilidade. Em tempo de tenebrosa escuridão e monstruosidades, a racional opção está na luz. O combatente que se diz neutro, está na verdade fugindo do campo de batalha, mas tem o seu lado de preferência.
Neutro é aquele que se veste de covardia e sobe no carcomido muro da suspeita imparcialidade. Em sua comodidade alienante, assiste aos embates de forças antagônicas, torcendo com paixão pelas garras da opressão. Se posiciona, intimamente, ao lado dos perversos, com seus olhares desfraldando a bandeira do ódio, da imbecilidade e do mal. Engana a si mesmo quem considera neutralidade como sinônimo de liberdade.
Abraçado com a omissão, o cidadão que se considera neutro lava as mãos na bacia de Pôncio Pilatos, com a água podre da hipocrisia. Como se sabe, o governador romano na Judeia entregou Jesus aos fundamentalistas religiosos da época, que decidiram pela crucificação de Cristo. Pilatos, por covardia, indiferença e comodidade, lavou as mãos para fugir da responsabilidade.
Hoje, Cristo continua sendo crucificado, mas por aqueles que evitam o compromisso com a verdade, arrotam religiosidade sob o manto do obscurantismo, condescendente com a afronta mortífera de seres das trevas.
Senhoríssima neutralidade, quão desprezível é o abominável olimpo de sua falsa divindade estampada no rosto!
Digno, digno é o grito dos oprimidos! Digno, digno é o clamor dos excluídos! Digno, digno é o caminho dos pobres e miseráveis! Digno, digno é o choro dos marginalizados! Digno, digno é o luto pelas vítimas de um genocida! Digno, digno é o povo que luta do lado certo da história pelo alvorecer da luz!
Neutro é aquele cuja essência é o nada.

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