Guaxupé, quinta-feira, 25 de abril de 2024
João Júlio da Silva
João Júlio da Silva PAPOENTRELINHAS João Júlio da Silva é jornalista em São José dos Campos (SP), natural de São Pedro da União e criado em Guaxupé. Blog https://papoentrelinhas.wordpress.com

Livro é a base para um país desarmado

sexta-feira, 30 de abril de 2021
Livro é a base para um país desarmado

O futuro de um país não pode ser promissor quando se facilita a posse de armas e dificulta o acesso aos livros. Assim é o desgoverno de plantão, enquanto zera os impostos sobre armas, pretende taxar os livros, defendendo o fim da isenção tributária sob a justificativa desprezível de que pobres não são dados à leitura.
Na contramão do desenvolvimento, o obscurantismo que foi colocado no poder pretende tributar os livros numa alíquota de 12%, encarecendo sua aquisição e dificultando seu acesso.
A taxação do livro é ilegal, pois se trata de um produto isento de impostos desde a Constituição de 1946, o que foi mantido pela Carta Magna de 1988. A imunidade de impostos é um legado do escritor baiano Jorge Amado, que foi deputado federal na redemocratização de 1946, é de sua autoria a emenda que possibilitou a isenção.
Alegar que pobre não lê vai contra a realidade, seria mais verdadeiro se o desgoverno assumisse sua política de valorização da ignorância, enaltecendo seu horror à educação e à cultura.No reino da imbecilidade, criaturas medonhas semeiam trevas, cortando os impostos sobre armas e tributando os livros.
Em um governo sério, a preocupação deveria ser em facilitar a acesso dos menos favorecidos a todos os meios de cultura e conhecimento e não impondo barreiras, como o aumento do preço dos livros. É preciso compromisso com a democratização do acesso ao livro e não a sua tributação. Que a população diga não para mais essa aberração, barrando tamanho absurdo que vai contra o futuro da nação, é preciso sair em defesa do livro, desmentindo que seja coisa de elite e de que pobre não lê. O acesso ao livro jamais deve ser privilégio de determinada classe, todos têm o direito à leitura para que se diminuam as desigualdades sociais, culturais e educacionais.
Seres obtusos desdenham do poder da leitura, que é como um encantamento, um caminho a ser desbravado no horizonte das fronteiras da imaginação. A leitura nos leva por fantasias possíveis neste mundo de tantas barreiras alienantes.Portanto, o livro é a ponte para esse mundo de encantos, aprendizados e sonhos.O meio, por excelência, para a difusão da cultura e transmissão de conhecimentos. O papel do livro na cultura e educação não está limitado em apenas ser um meio para se adquirir informações, mas também para estimular a imaginação e criatividade do leitor, exercitando o raciocínio, sendo um canal insubstituível para transformar realidades e incentivar o desenvolvimento social de um povo. O livro possibilita ampliar o universo cultural dos leitores, dando a eles asas para voosao conhecimento de sua liberdade e para o exercício cotidiano da cidadania.
Portanto, tribular o livro, dificultar o seu acesso, é trancafiar o cidadão na escuridão da ignorância. É exatamente isso o que desejam os arautos da imbecilidade que estão no comando deste país. Dizer que livro é coisa de gente abastada é desejar que os pobres fiquem longe dele; assim, fica mais fácil que a idiotice se perpetue no poder. Coisa de rico é possuirjatinhos, lanchas, iates e tantas outros luxos supérfluos, que deveriam ser tributados e não são. Que tal tributar as grandes riquezas?
Bem enalteceu o escritor taubateano Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. Mas não há como esperar o digno respeito ao livro se não há grandes homens no centro do poder do país, apenas seres abomináveis, ineptos e obscuros! Entre armas e livros, o homem do bem e da luz opta pelos livros.
Em tempo de trevas, defender o livro é uma postura de resistência contra a imbecilidade verde e amarela colocada no poder. O livro é a base para um país desarmado.


 

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