Guaxupé, quinta-feira, 25 de abril de 2024
Cairbar Alves de Souza
Cairbar Alves de Souza Cantinho Mineiro Advogado e Escritor

A despedida de Severo Antonio Silva

segunda-feira, 21 de setembro de 2020
A despedida de Severo Antonio Silva Severo Antônio Silva faleceu no dia 13 de setembro, aos 71 anos (Foto: Arquivo pessoal)

Faleceu no último dia 13 e foi sepultado no dia 14, o querido Severo Antonio Silva, depois de insidiosa doença.
Severo nasceu em Guaranésia, no dia 13 de novembro de 1947, foi casado com Adélia Barbeta Silva, sendo seus filhos Milena e Rodrigo. Ele era filho de Eduardo Silva e de Rivalina Alcântara Silva, já falecidos. Por parte de pai, Severo teve os seguintes irmãos: Jair, Geni, Geraldo, Célia, Edith, Juraci, Neusa e Maria Aparecida, todos já falecidos. Por parte de pai e mãe, teve os seguintes irmãos: Maria do Rosário, Maria Valdete, Maria Imaculada; e falecidos: Maria do Carmo Silva Pasqua, Maria José e Eduardinho.
Severo iniciou o curso primário no Grupo Escolar Carvalho Brito, em Guaranésia, e concluiu o 1º Grau no Grupo Escolar Barão de Guaxupé, continuando seus estudos na Academia de Comércio São José.
Trabalhou no Armazém Pasqua, quando seu pai adquiriu o estabelecimento de seu cunhado, também já falecido, Gilberto Pasqua. O negócio ia bem, porém a crise de 1964 fez com que importantes empresas brasileiras se tornassem inviáveis.
Em Guaxupé, diversas empresas paralisaram suas atividades. Disse Severo: “foi uma fase, onde pensar era produto de luxo, primeiro era necessário fazer”.
Severo esteve à frente da Casa da Cultura por 10 anos e participou ativamente de movimentos que resgataram a história da cidade, entre eles, o Reviva Guaxupé. Incentivou corais, orquestra jovem e diversos encontros de Guaxupeanos Ausentes. Ele também participou da organização do show de Roberto Carlos, em Guaxupé, na década de 60.
Severo vivia cultura em cada palavra, em cada ação e jamais mediu esforços para realizar seus projetos, que sempre envolveram toda a comunidade.
O colunista foi, nas últimas gestões, vice-presidente da Casa da Cultura, e conviveu com Severo nas alegrias e nas tristezas. Foi marcante na direção de Severo: vários jantares, reuniões semanais, exibição de filmes, lançamentos de livros, como dois do colunista: Cantinho Mineiro I e 2. Do livro do querido Dom Marcos Noronha, do escritor Romeu Abílio e outros. Um dos pontos altos da gestão de Severo foram os corais Jovem e Adulto. Lindos, com diversas apresentações, de cuja direção Severo suava para pagar dois professores. Os poderes constituídos de Guaxupé faziam uso dos corais sem nenhuma remuneração. Escolas de música, com vários instrumentos da casa.
Aos trancos e barrancos, Severo levava as atividades com enorme sacrifício financeiro, com pequena subvenção. De repente, a Prefeitura, por motivos extremamente políticos, cessou o pagamento da subvenção, sob a alegação de aperto financeiro e que as subvenções não cabiam mais na rigidez de seu caixa. A Prefeitura chamou a diretoria da Casa da Cultura e anunciou a cessação do pagamento da pequena subvenção e pediu a devolução do imóvel, que nem é da Prefeitura, pois, ela é responsável pelo uso dos próprios da Cia. Mogiana. Em decorrência da situação, Severo teve sua saúde abalada e foi obrigado a fazer procedimentos médicos de cateterismo. Depois disso, infelizmente teve câncer no intestino, o que acabou levando-o à morte. Como é sabido, há várias doenças da alma, e o câncer é uma delas. A tristeza e a depressão levam ao câncer. Com 72 anos, Severo infelizmente se foi.
A situação da saída do Severo da Casa da Cultura infelizmente levou-o a uma tristeza incomensurável. Logo após a saída da administração, houve uma assembleia para eleição de nova diretoria, e Severo, que, decerto, ao ver que não havia verba para manutenção e pequena dívida com o INSS, abandonou a empreitada.
Há um acervo considerável deixado pela gestão do Severo: um terreno no bairro Santa Cruz, três pianos doados à Casa, instrumentos musicais, cadeiras do Cine São Carlos, compradas pela então gestão, e vários pertences, como livros, mobiliário, etc.
Ao analisar friamente o ato dos atuais diretores do município, ao inviabilizar o prosseguimento da entidade sob a direção do Severo, parece-nos que nunca houve um Sermão da Montanha e que as pessoas se esquecem da Lei Divina do Retorno, na qual todos os atos correspondem a um plantio e de uma colheita obrigatória.
Aos familiares do Severo, nossas condolências e que seu exemplo de cidadão defensor da Cultura seja seguido.

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